Zanteo 03/08/2022
Gatilhos, gatilhos e gatilhos (para mim, pelo menos rs)
Trata-se de, talvez, um romance de formação (por mais que acompanhemos o personagem principal por pouco tempo, é nítida sua evolução, enfim) que nos permite conhecer e acompanhar a jornada de Evan, um menino de dezessete anos, gay, ainda tentando se compreender, tomado por pensamentos controversos e confusos. Ele se mostra como um menino muito confuso e inseguro, utilizando a arte para se expressar.
Sua mãe, super religiosa, usa da devoção à religião para ofendê-lo e menosprezá-lo. Ela é bem agressiva e repleta de toxicidade (só de lembrar dela me vem um gorfo com gosto de fel das entranhas da minha alma). A titulo de exemplificação, houve uma vez em que ela cortou o braço de Evan com um pedaço de prato, que, a propósito, foi quebrado na tentativa que ela fez em atingi-lo.
Seu pai, por mais que o ajude quando necessário, procura ser neutro nos episódios, esperançoso de que algum dia sua esposa mude de comportamento.
Nas últimas férias de verão, sua mãe o enviou a um acampento cristão. Lá, por ironia do destino, Evan deu seu primeiro beijo (gay).
Como se não bastasse ser filho de uma mãe crente tóxica, Evan está apaixonado pelo melhor amigo hétero, que não via desde antes das férias. Ele conta que o amigo ficou gostoso, despertando nele um sentimento e interesse antes inexistente.
A partir daí, a história tem seus desdobramentos, compreendidos entre a relação materno-filial e a sua vontade em ter algo além de amizade com Henry, seu amigo de infância.
Do meu ponto de vista pessoal, é uma história muito valiosa. Como eu disse algumas resenhas atrás, a narração em primeira pessoa me prende a atenção de maneira excepcional, esse é o caso do livro.
Foi uma leitura muito angustiante em alguns pontos e prazerosa em outros.
É tenso e adorável acompanhar a evolução pessoal de Evan, trazendo uma sensação reconfortante ao término da narrativa.
É uma leitura que vale a pena encarar.
Em apenso, consta uma relação de números telefônicos e endereços destinados a apoio, proteção e acolhimento LGBTQIA+, o que eu achei um zelo primoroso.