Mariana Dal Chico 27/03/2023Meu primeiro contato com Joan Didion veio com seu último livro publicado em vida, “Vou te dizer o que penso”, com tradução de Mariana Delfini, publicado pela @harpercollinsbrasil que me enviou um exemplar.
O livro traz doze ensaios com temas variados, o prefácio de Hilton Als destaca que “sua não-ficção narrativa é um questionamento sobre a verdade. “[…] a verdade é provisória e que a única coisa que garante é quem você é no momento em que escreveu isso ou aquilo, e que suas alegrias, os seus vieses e preconceitos também fazem parte da escrita […]” p.9
O ensaio “Sobre não ser escolhida pela faculdade que você escolheu” escrito em 1968 continua atual, já que a pressão sobre os jovens na hora do vestibular é cada dia maior e nos faz pensar sobre as expectativas dos pais em relação a vida dos filhos. “[…] Descobrir qual o seu papel, aos dezessete anos, já é suficientemente difícil sem receber um roteiro de outra pessoa em mãos.” p.50
“Por que escrevo” é outro ensaio que entrou para minha lista de favoritos, aqui a autora fala sobre o ofício da escrita, “[…] inscrever palavras no papel é a tática de um agressor secreto, uma invasão, uma imposição da sensibilidade do escritor no espaço mais pessoal do leitor.” p.63 “[…] Escrevo exclusivamente para descobrir o que estou pensando, o que estou observando, o que eu vejo e o que isso significa” p.66 Me identifiquei muito com essa frase, porque é exatamente assim que me sinto quando escrevo no meu diário.
Sempre tenho um sentimento agridoce quando leio diários ou cartas de personalidades que não necessariamente autorizaram aquela publicação, ao mesmo tempo que eu sinto como se estivesse mais próxima desses autores, também sinto que estou invadindo sua privacidade. Esse é um tema que a autora abordou em “Última palavras”.
Comentei apenas meus três ensaios favoritos, mas o livro como um todo é excelente e me fez entrar na fila para conseguir uma carteirinha de fã de Joan Didion.
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