Isabella Freire 26/02/2024Nada é de graça, desconfie sempre da casa de doces? 2/12 ? 5/5
.
Esse livro é nada menos que genial. A autora vai passeando pelo tempo nos trazendo recortes totalmente autênticos, com variações absurdas no estilo, no formato e no tema da narração. Ora ficção científica, ora um monólogo de reflexões depressivas, ora instruções de uma missão impossível em estrofes, alguns dramas narrados fingem que o livro vai se tratar no final das contas de um romance, mas não é verdade. A cada capítulo descobrimos novos narradores, novos lugares, novas tecnologias e novas conexões entre os personagens, e não voltamos ao início nunca! Se eu tivesse contado, acredito que ultrapassaríamos a marca de 50 nomes, e o que seria uma confusão se torna plausível diante da tremenda habilidade da autora. Essa habilidade faz a ideia principal do livro não se perder. A todo tempo, os relatos tocam o assunto de diferentes ângulos: como sociólogos esquematizam o sucesso ou insucesso das relações humanas, em que nível das necessidades básicas se encontra o prazer e o propósito, como quantificar padrões de comportamento para a ciência exata, como captar o subjetivo de alguém junto à pura descrição visual e sonora dos fatos, porquê o mundo virtual ganhou tanta relevância na modernidade, qual o tamanho do abismo entre o quê as pessoas são e o quê elas aparentam ser. Com quantas angústias se cria um software que resgata, processa e cataloga as memórias? O que ele mantém vivo? A quem ele conforta? A serviço de quem ele opera ou em breve vai passar a operar? Quão fácil é perder esse controle? A infinidade de realidades que conhecemos, somadas ao que já vivemos hoje, torna essa distopia futurística bem real. Esse livro me divertiu e explodiu minha cabeça! Rs. Lembrem-se: nada é de graça, desconfie sempre da casa de doces.
#acasadedoces
#jenniferegan