DéboraMP 16/10/2023
Eu só cabia nas palavras
Esse livro nos apresenta Gio, uma adolescente de 16 anos que sofre por conta da gordofobia. Sua mãe, Joyce, a ama e acolhe, mas não sabe como reagir diante da fala/ ações preconceituosas que os colegas de escola e familiares impõem a Gio.
Era para ser mais um dia normal de aula, mas a chegada da aluna nova, Lisa, torna o dia especial. Gio e Lisa se aproximam e passam a viver e descobrir muita coisa juntas.
O livro traz a transformação e processo de amadurecimento que acontece na adolescência. Fala sobre gordofobia, sobre aceitação, sobre sexualidade, sobre se dar chances e tentar enxergar a vida sobre outro olhar, sobre ter com quem contar.
A autora traz os conselhos certos, como por exemplo, investir em atividades que te fazem bem e procurar ser/ estar feliz sozinho. Concordo com tudo o que a autora trouxe e acho importantíssimo que os jovens sabiam que existem outros caminhos que não se deixar abater pelo bullying.
O que me incomodou um pouco é que as reflexões me pareceram simplificadas demais quando penso em uma mente jovem e imatura. Muitas coisas que li nesta história só fariam sentido se a Gio fosse extremamente madura ou tivesse fazendo terapia - o que não é citado em momento algum.
Acho ótimo que a autora tenha trazido reflexões super maduras num livro que é voltado para o público jovem. Mas fico com medo que certas falas não sejam entendidas. A própria fala da personagem não me parece com algo que um adolescente falaria.
Temos a questão de liberdade poética e o fato de o livro ser curto, mas a rapidez e "facilidade" com que tudo se tornou um mundo colorido para Gio me soou mal. Na vida real, não é tão simples como ficou sugestionado. Me preocupo que os jovens comprarem suas trajetórias com a da Gio e fiquem frustrados por não ser tão imediato. É um processo.
Pode ser que eu esteja errada em todas as minhas colocações. Não sou uma crítica literária. Tentei ler com olhos de adolescente que passou por bullying em relação ao peso e não acho que eu teria encarado tão positivamente ou entenderia a mensagem. Talvez, mesmo tentando pensar como jovem, eu tenha deixado pesar minha opinião e vivência de adulta. Por isso, recomendo que você leia e tire suas próprias conclusões.