Tiago sem H - @brigadaparalela 07/01/2016O segundo volume da série Ciclo das Trevas do autor americano Peter V. Brett foi lançado recentemente no Brasil pela editora DarkSide Books e caso você tenha se apegado a Arlen, Leesha e Rojen em O Protegido, primeiro volume da série, você pode sentir um desconforto ao começar a ler A Lança do Deserto.
Tudo por que nesse volume, o autor irá nos levar para um lugar distante da Clareira do Lenhador, localidade que já era bem conhecida para os leitores do Ciclo das Trevas. Somos transportados até o Forte Krasia e somos apresentados a um novo núcleo de personagens, alguns já conhecidos, como Ahmann Jadir, antigo amigo de Arlen.
Enquanto que no primeiro tomo, Peter se preocupou em nos apresentar o Protegido, neste segundo ele se preocupa em nos apresentar o Salvador e as consequências da ascensão de Jadir como Shar'Dama Ka.
A trama também não irá seguir de forma linear. Entre os capítulos, o autor irá alternar com acontecimentos no presente e no passado, da infância de Jardir até sua ascensão como Salvador. O leitor pode estranhar e muito essa mudança de núcleos de personagens, como eu já havia falado, porém, foi uma boa sacada do autor.
A cultura e o idioma de Krasia são bem diferentes dos utilizados nas Terras Verdes, então, conhecermos a vida de Jardir, desde sua infância servirá para nos familiarizarmos com esses novos termos. Termos esses que não são fáceis de recordar. Durante minha leitura precisei fazer um glossário para facilitar o entendimento da trama e assim aproveitar ao máximo o que o livro ofereceria.
Obviamente, como foi visto no primeiro volume, haverá um momento em que os destinos de Jardir e Arlen se cruzam em Krasia. Só que dessa vez veremos a história do início e fim da amizade entre os dois pelo ponto de vista do krasiano e entenderemos ao certo o que aconteceu. Essa parte é bem interessante, visto que em O Protegido, o leitor pega antipatia por Jardir, porém, entendendo a cultura do país e conhecer o outro lado da história, seu duro treinamento para se tornar dal'Sharum e sua conturbada amizade com o khaffit Abban, dá uma nova luz aos acontecimentos.
Acompanharemos todo esse processo de crescimento do personagem Jardir até a metade do livro, mais ou menos. Depois, nosso velho trio de amigos retorna para as páginas do Ciclo das Trevas. No entanto, uma outra personagem, também já vista em O Protegido, se tornará um núcleo muito importante nesse segundo volume.
Renna que fora prometida a Arlen quando eram crianças, se vê em sérias complicações com a dura convivência com seu pai e o seu destino está prestes a mudar totalmente. Nesse núcleo o autor não terá pena do leitor ou da personagem, fornecendo momentos de angústia para os leitores.
Enquanto Leesha, com o auxílio de Rojer e vez ou outra Arlen, reergue a Clareira do Lenhador após os conflitos sofridos no final do primeiro tomo, Jardir ruma para as Terras Verdes para conquistar e unificar todos os povos, trilhando um caminho de destruição e caos e em meio a todos esses conflitos, os terraítas continuam a surgir após o pôr do sol.
Somos apresentados a novos terraítas, sendo dois deles extremamente poderosos. O leitor fica desesperado frente a esses novos personagens quase titânicos.
A edição que conta com mais de 700 páginas, pude observar três problemas de revisão, nos últimos capítulos, como por exemplo, a utilização de "Protegeu" ao invés de "Protegido", porém, não é nada que influa de modo prejudicial à leitura como um todo. A belíssima edição nacional, segue o mesmo padrão do primeiro livro: capa dura, com folha-guarda envernizada, fita marca página, mapa para o leitor se situar e ilustrações entre uma parte e outra, além das proteções sempre acima de um novo capítulo.
Peter V. Brett mandou super bem ao escrever esse volume por que expande a horizontes incríveis todo esse universo que ele criou para o Ciclo das Trevas, tanto a nível de localidade, quanto político-cultural.
Por fim, ainda bato na tecla que eu havia falado lá na análise de O Protegido, de que Ciclo das Trevas é uma das melhores fantasias que eu li nos últimos tempos e entrou fácil, fácil para a lista de livros favoritos da vida. Mesmo que o leitor se sinta desmotivado pela mudança de núcleo na primeira parte do livro, ele será recompensado com boas lutas e um enredo fantástico e envolvente com personagens bem construídos e humanos.
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