Sodebayashi 10/10/2023
Boa iniciativa, mas às vezes o livro se perde
O livro fala esporadicamente obviedades para quem é mais ou menos educado no tema, num academês empolado ou vago. Certos excertos dão a impressão de eu estar lendo uma dissertação. A escrita parece ter ânsia de legitimidade. Exemplo: "Ao perceber a necessidade de inclusão de polifonia nos debates que presenciei, compreendi que falar de pautas sociais é, na verdade, discutir um conjunto de micropolíticas de inclusão de possibilidades de vivências, com a pretensão de construir alguma possibilidade de horizontalidade". O maior problema da obra é que, para apreendê-la nas suas diversas implicações, ela demanda um conhecimento que a tornaria inútil, na medida em que a transformaria numa mera repetição do que já se sabe. Em outras palavras, a autora recai num erro comum de livros introdutórios: pede-se que já se tenha domínio do que está sendo discutido, especialmente nas partes teóricas.
Às vezes há algumas conduções de ideias meio esquisitas, em que determinado raciocínio/conceito ou é cortado, ou não parece ir a nenhum lugar, ou é mal explicado, exigindo uma noção que a autora não providencia nas páginas anteriores, mas nada que prejudique tanto a leitura.
Para quem estava querendo uma explicação ao mesmo tempo abrangente e rica em aparatos conceituais para poder repensar a condição asiático-brasileira, é um pouco desapontador, embora não de todo mau. Ainda assim, neste caso, talvez mais importante do que o resultado seja a intenção e o pioneirismo.