Isabella Freire 25/05/2024? 5/12
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Caramba, me senti em ebulição com esse livro, nem sei por onde começar! Posso dizer que Aos prantos no mercado tem uma beleza única. Sabiam que ele é de não ficcção? Mais ainda, é um relato autobiográfico da autora coreana-estadunidense, sobre o luto pela perda de sua mãe, sobre laços, gratidão e amor inesgotável. É óbvio que é um livro para se emocionar, mas não é nada clichê e não faz a linha de imaculadas memórias. Gostei principalmente porque ela retrata uma filha comum, as vezes egoísta, muitas vezes sem noção rs, e vamos percebendo ao longo do tempo - ela tenta seguir alguma cronologia - a evolução da visão que ela tem sobre a mãe e a mudança na relação das duas. Sua mãe, Chongmi, é doce e rígida, generosa e pragmática, uma mãe de verdade mas não uma "mãe mamãe". Eu li no Kindle e marquei tantos e tantos trechos! São memórias cotidianas, aqueles carinhos que não documentamos mas que quando paramos pra relembrar, vemos a graciosidade. Um fio condutor da história dessa filha e dessa mãe é a comida sul coreana, desde as ilustrações da capa e o título, dela num mercado coreano buscando os ingredientes exatos para reproduzir os pratos deliciosos que sua mãe fazia. Em praticamente em todos os capítulos somos conduzidos pelas sensações dessa culinária, que é famosa pela fartura, métodos caseiros e demorados, caldos espessos e muitos condimentos. Para além da culinária, há uma história com a música, que se inicia em desejos adolescentes, causa grande conflito entre as duas e no fim das contas, redenção e homenagem. A autora traz também personagens coadjuvantes como seu pai, seu namorado, suas tias e primos. Há todo um contexto familiar que discorre sobre as diferentes Michelles e Chongmis que existem. O nome do livro é ótimo, a princípio foi o que me pegou, então não posso esquecer de deixar aos amigos que já se viram aos prantos no mercado um apertado abraço. O amor é maior que a morte. ??
#aosprantosnomercado
#michellezauner