Emmie E. 25/02/2024
Péssimo demais para uma história tão curta
Nota: 2.75
Há um limite para o aceitável. Até mesmo na ficção.
Em "Same Time Next Year", nova novella de Tessa Bailey temos um plot que é quase uma receita de bolo perfeita: casamento por conveniência, regra de não se envolverem emocionalmente e um mocinho que é apaixonado pela mocinha há um bom tempo.
De alguma forma, a autora conseguiu estragar a receita.
Sumner e Britta convivem há algum tempo. Ele é um dos jogadores mais promissores do time de hockey onde o meio-irmão de Britta joga e, exatamente por causa disso ela sempre foi off-limits para ele.
Durante todo esse tempo, Sumner fez o possível para aplacar seus sentimentos, só que uma notícia o tira dos eixos: seu visto nos Estados Unidos está prestes a vencer bem no momento em que ele pode ser selecionado para um time grande. Agora ele precisa de um green card e a saída mais rápida, para não ser deportado no meio da temporada dos olheiros, é se casar.
Se casar com ninguém mais ninguém menos que Britta.
Britta é uma mulher independente e um tanto solitária que não acredita que finais felizes é para todo mundo. E considerando o histórico da sua família, ele certamente não existe para alguém como ela, então a ideia de casamento chega a ser no mínimo assustadora.
Mas fingir um casamento por um ano para ajudar um amigo e ainda receber uma bolada para virar sócia do negócio que ela ama? Não pode ser tão ruim assim.
Quer dizer, contanto que Sumner consiga manter seus sentimentos bem guardados e Britta não comece a vasculhar os seus próprios.
Olha, eu queria uma leitura bem rapidinha para ler e já ouvi falar muito nos livros da Tessa Bailey. Estava bem no clima de virada de ano e achei que seria uma ótima pedida considerando que era uma história curta. Não vou mentir, o livro começou bem. Toda a tensão entre a Britta e o Sumner é palpável e te cativa, mas as coisas começam a desandar muito rápido.
Confesso que eu não entendo nada de hockey, mas até para mim todo o processo de seleção do Sumner (que é um dos arcos principais e motivacionais do enredo) é deixado como algo secundário. Cheguei até mesmo ver algumas resenhas dizendo o quão nada a ver era ele achar que a carreira dele acabaria se ele voltasse pro Canadá, já que lá tem alguns dos maiores times do esporte.
Mas para mim, a primeira coisa que pegou foi a questão do Green Card e das entrevistas para o visto. Quer dizer, esse visto também é um arco principal e é o que motiva os protagonistas ficarem juntos e fazerem o acordo, e novamente isso é deixado de lado. O crescendo que foi criado para o momento da entrevista que seria um ponto alto do enredo, foi resolvido em duas páginas.
------------SPOILER ABAIXO-------------
Ambos estão no estacionamento do local da entrevista, conversando sobre o nervosismo de fazer tudo parecer real e afins. Rola um clima. Rola uma pegação bem interessante, já que eles estão num estacionamento onde QUALQUER PESSOA pode passar, e um carinha meio que chama a atenção deles antes de entrar no prédio e ambos ficam sem graça e entram.
Eis que esse carinha é o entrevistador e parece que ele curtiu muito a pegação porque ele lança algo do tipo: "Não fiquem nervosos, sei reconhecer amor verdadeiro quando vejo."
PUF, Sumner consegue seu Green Card.
E O MUNDO FOI SALVO MAIS UMA VEZ PELA FORÇA DO TESÃO, QUER DIZER, AMOR VERDADEIRO.
---------- FIM DO SPOILER -----------------
Entretanto, o mais preocupante de tudo é que enquanto o enredo vai progredindo (se é que a gente pode chamar de progresso) o sentimento que o Sumner tem pela Britta vai se revelando menos "mocinho cadelinha" e mais "cara obcecado".
Tem muitas falas preocupantes que ele lança para mocinha quando eles tão se pegando, mas pra mim o que mais me incomodava era que ele insiste em revelar que, quando eles ainda eram só amigos, ele se imaginava na cama com ela de todo o jeito, que quando ele via Britta com certas roupas ele não conseguia não imaginar como seria ela nua e que se tocava constantemente pensando nisso. E vindo de um amigo em que ela sempre se sentiu confortável e nunca deu indícios de que pegaria ele, eu achei bem... nada a ver.
Eles na cama também tem uma vibe bem peculiar, acho que autora tentou fazer uma dirty talk diferente mas saiu umas pérolas como "ela soava como uma máquina de lavar no modo de centrifugação". KKKKKKKKKKKKK e não é nem MEME, realmente tem uma frase assim mesmo no livro.
Enfim, foi uma decepção só. Começou bem, mas depois nada nesse casal parecia bom. Foi meu primeiro contato com a autora e infelizmente foi ruim assim, foi um trabalho porco e que ouso dizer que não teve pesquisa nenhuma, simplesmente tirou o leitor de besta.
Terei que ler outro pra ter uma opinião concreta, mas essa novella aqui não recomendo para ninguém.