Equatoriais

Equatoriais Maurício de Almeida




Resenhas - Equatoriais


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tavim 18/05/2024

Equatoriais, de Maurício de Almeida
Transitar entre origens, estradas que se estendem do homem ao homem, e apesar disso se perder; é que destinos de si mesmos se deslocam feito estrangeiros, seres que, entre tempo e espaço, não se reconhecem. as vias com que se cortam os mapas dividem também as vontades de se estar — sem que se esqueça estar partido. essas viagens vagam à própria ideia de se existir longínquo, contíguo. novas terras recém-pisadas, cheinhas de vazio, sem assimilar porquês dão vazão à saudade. seja pela congruência da sensação-lugar ou pelo tédio do desbravamento, mover mente e corpo tende a entorpecer o errante a só se ver como passante em sua vida, vislumbrando a ruína própria: incapaz de demoli-la de vez, incapaz de se ver parte dela.

o livro equatoriais, de maurício de almeida, traz personagens que se irrompem bem ao limbo que há nos caminhos: pessoas que não conseguem ir, que não conseguem chegar. estão defrontes à estrada bifurcada, e vão longe sem sair do lugar, repletos de movimento. são treze contos que se conversam, que falam do anseio pelas pessoas às paradas, paradas que si mesmas prosseguiram. então, nesse eterno estado de transcurso, é que os protagonistas se relacionam aos lugares, enchendo o espaço com sua tristeza e indo embora — criando o maior laço de intimidade possível. nessa ambiguidade de vínculos, vão eles estrada afora, deixando por aí quem foram e quem jamais conseguirão voltar a ser.
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