Gabriela 31/12/2023
Simplesmente, Patrick Rothfuss.
Como começar a descrever esse livro?
A escrita do Pat é meu ponto fraco, always. Até os prólogos e notas finais dos livros dele são pensados nos mínimos detalhes, palavra por palavra. Eu só consigo começar a imaginar o trabalho que é finalizar essas histórias (rs). Ele é minha eterna paixão, meu escritor favorito, então se você procura uma resenha imparcial, essa aqui não é pra você.
Dessa vez, a gente passa um dia inteiro com o Bast, e finalmente conseguimos nos aprofundar um pouco mais na personalidade dele, nos pensamentos, nas atitudes, nas motivações e nas leis que regem seres como ele. Ainda assim, fica a sensação que conhecemos talvez apenas 1% do que ele realmente é. E isso é absolutamente incrível. O Bast é alguém. Ele é um personagem inteiro. Ele existe realmente nesse mundo, não é só um secundário das loucuras do Kvothe. A imensidão que engloba o Bast nessa história nos mostra o quão genial e detalhista o Patrick Rothfuss é - e o porquê de as coisas serem como são, se é que vocês me entendem.
É tão difícil descrever o plot... No geral, é uma história de troca de favores, segredos, tratos mágicos (entre o Bast e as crianças da cidade). O livro fala sobre dúvidas, sobre o que nosso coração realmente deseja, e principalmente, sobre até onde a gente vai para proteger a nossa família. Ele ajuda crianças e engana crianças e se diverte muito o dia todo. A história não tem um grande conflito ou clímax, ela só existe, aconteceu e o Patrick resolveu nos contar. Claro, seguimos principalmente a história de um menino cujo pai, bêbado e extremamente violento, faz da vida da família um inferno. Esse menino procura o Bast para pedir um favor, um favor bem sério, algo que vai custar mais do que algumas flores e segredos. Paro por aqui pra não entregar mais nada.
Nas palavras do próprio Patrick, o Bast é o nosso Big Good Wolf das Crônicas. Por natureza, ele é selvagem, agressivo, impetuoso, violento, tem sede e muita fome. E ao mesmo tempo, ele é amoroso, engraçado, sagaz, LINDO - diga-se de passagem, - e extremamente talentoso. Eu sempre fiquei com um pé atrás com o Bast enquanto lia as Crônicas, porque ele dá muitos sinais de pender pro mal. Mas aqui fica claro que ele realmente é um bom pouco dos dois lados. Ele é bom e mau, inteligente e bobo, maduro e infantil.
A fucking narrow road between desires - sabe lá deus como vão traduzir isso pra português. O livro é extremamente bem escrito, cada palavra está lá porque tem que estar. Tudo faz sentido, seja mais amplo ou seja um sentido super escondido. Tem coisas que eu provavelmente só vou entender na minha terceira leitura. É quase uma poesia, difícil de descrever. Leiam, e depois me falem. Pra mim, a escrita do Rothfuss só causa sentimentos bons.
Acima de tudo, esse livro cheira a próximos lançamentos. Fé.