Teixeira 25/04/2024
Never Lie ? 5 ?
> 'Never Lie' é um escavar calmo da terra, passado a um deitar sereno na cena, acabado com um enterrar de emoções fortes.
Com uma entrada tradicional, direcionada às questões e significados, a história inicia de forma bem desproporcional, fora do foco.
De maneira leve, começamos a aventura de Tricia e Ethan, um casal de recém casados que começa bem cedo a elevar a fasquia, a passar do sozinho para o acompanhado. Como não há dois sem três, uma visita a uma casa bem marcada, cheia de presença, teria de vir acompanhada por uma tempestade de neve que só serviu para nos enterrar, bem lá na casa, no escuro do que viria a se desenrolar.
Neve posta, calafrios a se desenvolverem, estava na hora de começar o terror - e quem é o melhor para começar tal coisa senão o mestre Stephen King? Umas pegadas a arrastar pó, umas roupas guardadas que não era para serem usadas e um bom livro foram a alavanca para a claustrofobia, que rapidamente se alastrou para o escritório de Adrienne, cenário de cenas de encolher e arrepiar até os ossos, escondidos pela personagem que nos tinha deixado com muitos pontos de interrogação, mas que voltou com muitos pontos de exclamação!
Antes das respostas vêm as questões, encobertas de cheiros que distraem, e cassetes que tocavam, arrepiavam e nos faziam sentir estranhos, incomodados. Histórias começadas pelo "play", histórias acabadas pela fita - um ciclo vicioso, repetitivo, revelador e... chocante! As cassetes parece que se desmontavam e as suas fitas começavam a se enrolar, a nos enrolar numa rede de mentiras irónicas, num lugar onde supostamente não se mentia. Pacientes começavam a ficar sem pa...ciência, e para quem lê percebe tal perda de pa...lavras; conhecidos de pacientes faziam-se conhecer, mostrando potencial para ocupar tais lugares; e pessoas que gostam do seu lar lá tendem a ficar, seja dentro ou fora.
A neve lá fora começa a derreter, lentamente, com o fogo a aquecer dentro, a queimar marcas, sinais de perigo. As conjugações perfeitas de poucas verdades criaram, aos poucos, a história de amor que agora enche aquela casa. As flores e o relvado verde tapam as mentiras, os medos que ainda pairam no ar, e que podem ser calados num instante, num escavar, pegar e enterrar.