New Millennium Boyz

New Millennium Boyz Alex Kazemi




Resenhas - New Millennium Boyz


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Zeka.Sixx 12/04/2024

Deliciosamente provocativo
Uau. Difícil encontrar palavras para resenhar a verdadeira porrada no estômago que é esta estreia na ficção do canadense Alex Kazemi.

A história começa no verão americano de 1999. O protagonista, Brad Sela, é um adolescente de 17 anos, no último ano do Ensino Médio, que vive uma vida apática em um subúrbio de classe média alta no Oregon. Com os hormônios em ebulição, Brad passa o dia entre delírios onanísticos com celebridades, junk food e assistindo MTV. Mas é um bom aluno, prestes a ingressar em uma prestigiada universidade, e mimado pelos pais caretas

As coisas começam a mudar de rumo quando Brad faz amizade com dois novos alunos da escola, Luke e Shane. Luke, ou "Lusif", como ele mesmo se autointitula, é uma espécie de pura encarnação do mal. Fã devoto de Marilyn Manson e de cineastas como Gregg Araki e Harmony Korine; passa o tempo inteiro gravando sua vida e de seus amigos com sua filmadora portátil, navega em fóruns obscuros da internet e idolatra Eric e Dylan, os autores do (então recém-acontecido) massacre de Columbine. Shane, por sua vez, é um depressivo com tendências suicidas, apático a tudo, que se submete a ser saco de pancadas e rato de laboratório de Lusif e suas ideias malucas.

Juntos, os três novos amigos passam a se dedicar a atividades cada vez mais violentas e agressivas: atormentar estudantes pertencentes a minorias étnicas, gravar falsos snuff movies, torturar animais, usar os mais diversos tipos de drogas. Sob o incentivo de Lusif, Brad passa a cada vez mais explorar o seu "dark side", numa espiral descendente que vai se tornando pouco a pouco mais irreversível e perigosa.
Ambientado em uma época em que a internet ainda era "mato" (e, com isso, talvez ainda mais perigosa do que hoje), e na qual as referências culturais ainda eram uniformemente impostas por grandes corporações como a MTV (todos assistiam aos mesmos programas, gostavam das mesmas bandas, dos mesmos filmes), o romance mostra bem como ser "tóxico" era a regra, muito antes do termo "masculinidade tóxica" ser popularizado. Era quase uma imposição social, para garotos adolescentes, ser homofóbico (os personagens passam o tempo inteiro se provocando, alegando que alguém fez ou falou algo "gay", em sentido pejorativo) e tratar as mulheres como meros objetos sexuais.

É um livro assombroso, que se fosse lançado em outra época, talvez causasse um impacto similar a "Psicopata Americano", obra com a qual guarda algumas semelhanças. Estruturado 80% em diálogos, quase como um roteiro de filme ou série - uma pena que dificilmente alguém vá ter a audácia de tentar adaptá-lo. À primeira vista, pode parecer apenas um exemplar literário do gênero "teenexploitation", como os filmes de Larry Clark ou a série "Euphoria". Mas, em realidade, é uma sátira feroz dessa estética. Torçam para que saia no Brasil - ou façam como eu e corram atrás da edição em inglês.
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