Rousseau juiz de Jean-Jacques

Rousseau juiz de Jean-Jacques Jean-Jacques Rousseau




Resenhas - Rousseau juiz de Jean-Jacques


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Marcos606 19/07/2023

Obra autobiográfica e polêmica do escritor e filósofo Jean-Jacques Rousseau escrita entre 1711 e 1752 na forma de dialogo.

O autor descreve: "A forma do diálogo me pareceu a mais adequada para discutir os prós e os contras, optei por isso". Ele então explica que será representado por dois personagens: de um lado, aquele que falará sob seu sobrenome: "Rousseau", do outro, aquele falado na opinião pública: "Jean-Jacques" (J.J no texto), que será alvo de uma polêmica de "Rousseau" com um terceiro personagem: "o francês", para defender a causa dos adversários do autor. Esse dispositivo conversacional abre um espaço dialético ao distinguir o Rousseau autêntico de sua falsificação fabricada por seus inimigos, três diálogos, como uma realidade cujas raízes seriam, em última análise, políticas e, portanto, não interessariam apenas à sociedade francesa, mas a toda a Europa, dado, no Terceiro Diálogo, como estando a ponto de cair no reino da arbitrariedade generalizada.

No primeiro diálogo, o personagem "Rousseau" é um suíço culto, particularmente competente em assuntos jurídicos, e que admira o pensamento de J.J sem ainda tê-lo conhecido; "Français" (francês) é um homem da alta sociedade e zombeteiro que, embora não tenha lido os escritos de J.J., espalha calúnias sobre seu autor. A entrevista deles, cujo estilo deve muito à dialética socrática e à ironia dos escritos de Pascal, leva ao consentimento do 'francês' em ler J.J. e ao compromisso de Rousseau de visitá-lo, a fim de verificar se ele é um homem honesto ou um canalha.

Os dois homens voltaram a se encontrar alguns meses depois, e seu segundo diálogo consiste no relatório muito detalhado de Rousseau sobre sua investigação e suas respostas às perguntas e objeções fundamentadas que o francês lhe dirige sobre a confiabilidade de suas análises sobre o retrato moral de J.J.

No terceiro diálogo, o francês admite ter inicialmente defendido o ponto de vista dos inimigos de J.J apenas com todo o tipo de reservas internas e, sobretudo, para saber que objeções lhe poderiam ser dirigidas: tendo-se tornado um leitor informado de suas obras, ele reconhece a realidade da trama e os dois homens concordam em se dedicar à transmissão autêntica de seus escritos.

Rousseau conta em suplemento intitulado "História da escrita precedente" que havia imaginado, em 1776, deixar um manuscrito no altar de Notre-Dame, mas estando as portas do altar fechadas, acabará por entregá-lo a um amigo de longa data, abade Condillac.
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Filino 21/12/2022

Um balanço sobre a obra e um (suposto?) complô
É uma obra curiosa, tanto na estrutura como no conteúdo. Dois personagens (Rousseau e um Francês) discutem sobre a obra de JJ. Seria este um malfeitor, tal como o retratam? Um ser nocivo à própria humanidade? Que destilou veneno em tudo o que escreveu?

Os "Diálogos" são, portanto, um balanço da obra do genebrino, bem como de sua personalidade, diante da perseguição que sofre. Não há como separar o autor da pessoa "física", como sustenta Rousseau; então é mister conhecer um e outro. E o leitor é igualmente conduzido, nessa conversa em três partes que se desenrolam em momentos diversos, pela ideia de um complô contra JJ em virtude de tudo aquilo que escreveu - e até do que lhe teria sido atribuída a autoria. Em diversos momentos não há como se olhar com certa desconfiança sobre aquilo que é retratado; não é absurdo portanto imaginar o motivo pelo qual esses "Diálogos" tenham sido rechaçados como algo menor (ou até doentio, para os mais extremos) na literatura rousseauniana. Por outro lado, é inegável que o genebrino sofreu, sim, sérias perseguições durante sua vida conturbada. Ao leitor, enquanto se delicia com o estilo ímpar daquele autor de páginas memoráveis, que faça a sua avaliação.
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