@retratodaleitora 30/06/2017O retrato de um relacionamento abusivo no séc. 19 com uma heroína que desafia os paradigmas de seu tempoAnne é a mais nova das irmãs Brontë, uma tríade de grandes escritoras que causaram grande rebuliço em sua época, no século 19, tendo que escrever sob pseudônimos masculinos para conseguir publicar suas obras. Charlotte, a irmã mais velha, é autora do romance Jane Eyre e Emily, irmã do meio, é autora do livro O Morro dos Ventos Uivantes. Essas duas obras são das mais aclamadas da literatura inglesa e as autoras figuram na lista de favoritos de milhares de leitores ao redor do mundo. Seu primeiro romance publicado foi Agnes Grey, um livro baseado em em suas experiências como governanta, sua profissão de 1839 a 1845. O livro não fez nenhum sucesso e vendeu pouquíssimas cópias.
Seu segundo e último romance, A Senhora de Wildfell Hall, foi também publicado sob o pseudônimo de Acton Bell, e provocou duras críticas ao conteúdo ali presente, principalmente pelas posições dos personagens masculinos e suas ações e pelas atitudes e ideias da protagonista, uma mulher forte e independente que foge de um casamento abusivo. Esse é considerado um dos primeiros romances feministas, publicado em 1848.
Anne morreu aos 29 anos vítima de uma tuberculose, apenas um ano depois que sua obra de maior repercussão foi publicada. Ela ainda escreveu um prefácio à segunda edição, texto que está presente na edição aqui resenhada. No prefácio, Anne escreveu o seguinte:
"Meu propósito ao escrever as páginas seguintes não foi apenas divertir o leitor; tampouco satisfazer meu próprio gosto ou ganhar as boas graças da imprensa ou do público: meu desejo era relatar a verdade, pois a verdade sempre comunica sua própria moral para quem é capaz de absorvê-la. Mas, como esse tesouro precioso com frequência se esconde no fundo de um poço, é preciso coragem para mergulhar em busca dele, principalmente porque é provável que quem o fizer vá despertar mais desdém e desaprovação pela lama e água onde ousou se misturar do que gratidão pela joia que obteve; pe possível comparar isso com a situação de uma mulher que se prontifica a limpar os aposentos de um homem solteiro e descuidado, ouvindo mais reclamações pela poeira que levantou do que elogios pela limpeza que fez.".
E logo depois comenta sobre a dedução que alguns críticos fizeram sobre Acton Bell ser na verdade uma mulher:
"Irei interpretar essa dedução como um elogio à boa delineação de meus personagens femininos; e, embora não possa deixar de atribuir boa parte da severidade de meus censores a essa suspeita, não farei esforços para refutá-la, pois, para mim, se o livro é bom, o sexo de seu autor não é significativo."
No livro conhecemos então Helen Graham, que chega na propriedade de Wildfell Hall com seu filho, o pequeno Arthur, em vestes de luto, o que dá a entender que se trata de uma jovem viúva buscando novos ares para sua pequena família. Mas sua personalidade reclusa e a forma como educa o filho causa um burburinho entre seus poucos vizinhos, que logo começam a julgar o comportamento de Helen e questionar sua presença naquele lugar.
Resenha completa no blog:
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