Lili 11/03/2015O Arquipélago - parte 3A saga chega ao fim. Considerando tratar-se do último livro, acho que o mais interessante é falar da história como um todo.
Esta é, sem dúvida alguma, a melhor obra de literatura nacional que já li. A melhor saga. E se não é o melhor, está pelo menos entre os três melhores livros que já li na vida. No comentário que fiz ao segundo volume de "O Retrato", eu mencionei tê-lo achado um pouco raso, em comparação com "O Continente". Retiro o que disse. Os livros foram escritos da maneira perfeita para que entendêssemos a história em diversos níveis: a família Terra-Cambará, o Rio Grande do Sul, o Brasil, a política, o regionalismo e o amor pela terra dos gaúchos, entre muitas outras dimensões. O livro é interessante de todas as maneiras possíveis e se "O Retrato" gira em torno de Rodrigo Cambará, tudo fica plenamente explicado em "O Arquipélago".
Quanto à ficção, fiquei FARTA de Rodrigo Cambará. Não do livro, de maneira alguma, mas da pessoa mesmo, como se eu estivesse vivendo com ele e não aguentasse mais o som da sua voz, seu perfume exagerado, seu egocentrismo, sua vaidade. Mas agora que não o "tenho" mais, sinto um imenso vazio. Que personagem intenso! O autor nos faz conhecê-lo tão profundamente, que ele se torna realmente algo palpável. E ele é cercado de tantos outros personagens cativantes, que nos ensinam tanto! Ideias políticas, filosofia, religião, amenidades... Todos enriquecem nossa vida e visão de mundo. Nem sei quais citar, pois são muitos. E todos os personagens que fazem realmente parte da vida de Rodrigo Cambará são ricos e acrescentaram muito à história.
No panorama político, observamos as raízes da corrupção na política brasileira. As contradições e rivalidades, de tão atuais assustam. Será que Erico estava vendo o futuro, ou realmente a maturidade política no Brasil não evoluiu nem um pouco? Infelizmente não acredito na primeira opção. Continuamos acreditando que os erros do nosso partido são mais bonitos que os dos adversários, continuamos querendo enfiar nossas ideologias goela alheia abaixo, continuamos acreditando que tudo vai melhorar quando o próximo herói assumir a presidência. E continuamos mal.
Para finalizar, devo dizer que pela primeira vez na vida chorei porque um livro terminou. Não porque algum personagem específico morreu, ou porque algo emocionante aconteceu, mas porque o livro terminou. Foi minha companhia nos últimos setenta dias, me fez rir, me emocionar, conhecer um pouco mais da história do "Rio Grande" e do Brasil (e até do mundo!), me fez pensar sobre diversos temas como a solidão, a força das mulheres, a alegria de viver que certas pessoas possuem (Cambarás em destaque!), a fé em Deus... E muitas outras coisas. Agora não o tenho mais. Reler não é o mesmo que ler, portanto jamais poderei ler esta magnífica obra da mesma forma novamente. Quem puder, por favor, faça isso.