spoiler visualizarSilvana 25/07/2021
Lazlo sempre foi obcecado pela Cidade Perdida e quando teve a oportunidade não hesitou em ir até ela e descobrir seus segredos. O que ele nem imaginava era que sua existência era um desses segredos. Ao chegar em Lamento, Lazlo começou a sonhar com uma garota de pele azul e descobriu ser ela uma sobrevivente de um massacre onde todos os deuses foram mortos por um humano que eles escravizavam, inclusive as crianças. Essa garota é Sarai, a Musa dos Pesadelos que por muitos anos aterrorizou os humanos em seus sonhos impulsionada por Minya, outra sobrevivente, mas que acabou descobrindo todo o horror que o seu povo submeteu os humanos para eles se rebelarem.
Durante esses encontros em seus sonhos, Lazlo e Sarai acabaram se apaixonando, sem nenhuma expectativa de ficarem juntos, até que Lazlo descobriu a verdade sobre ele: sua pele também é azul e ele herdou o poder mais desejado entre os deuses. Mas por ironia do destino, ao mesmo tempo Sarai acabou morta e seu fantasma preso por Minya, que por isso agora controla Lazlo e seus poderes. E ela quer vingança contra todos os humanos, pois não se conforma em só ter conseguido salvar quatro crianças, enquanto todas as outras foram mortas durante o massacre. E Sarai que pensava ter se livrado do controle que Minya teve sobre ela a vida inteira, viu que depois da morte isso seria ainda pior, agora ela não passa de mais uma escrava de Minya, e ainda vai ter que ver seu amado escolher entre ela e todas as pessoas de Lamento.
Mas quando os outros filhos dos deuses sobreviventes veem o que Minya está fazendo com Sarai, eles tentam argumentar com ela e Minya resolve recuar pelo menos em um primeiro momento, mas não sem deixar claro quem está no comando agora. Enquanto isso os moradores de Lamento prevendo que vai começar tudo de novo agora que sabem que ainda existem deuses vivos e um deles com o mesmo poder de Skathis, começam a evacuar a cidade. E a trégua de Minya não dura muito e Lazlo entende que só existe uma opção se ele quiser salvar Sarai e todos os outros, salvar Minya dela mesmo. E eles nem imaginam que logo terão que enfrentar um inimigo ainda mais forte e mais antigo, que traz consigo os segredos do surgimento dos deuses.
"O tabuleiro ainda estava lá, mas todas as peças estavam caídas e espalhadas pelo chão, o que, no estado de Lazlo parecia dizer tudo. Quando esse jogo terminasse, restaria alguém em pé?"
O final de Um Estranho Sonhador foi desesperador. Eu já vi finais onde as esperanças dos protagonistas são quase nulas, mas nesse final eu não consegui ver uma solução e nenhuma maneira da autora consertar o que tinha acontecido. Por isso comecei a leitura com o coração na mão e o segundo livro se inicia exatamente de onde parou o primeiro. E diferente do que aconteceu no primeiro livro onde temos uma primeira parte bem parada, nesse segundo a gente mal tem tempo de respirar de tanta coisa que acontece. Além dos embates que já estava previsto que aconteceria, temos a inserção de novos personagens e vamos ver um outro lado da história, o começo de tudo.
E gente que livro! Posso afirmar sem sombra de dúvida que foi a melhor leitura desse semestre e com certeza vai estar no top 3 do ano. A Laini tinha me surpreendido em Feita de Fumaça e Osso e nesse ela me conquistou de vez. E engraçado que ela repetiu uma mesma fórmula que só me dei conta depois que terminei a duologia. Assim como na trilogia onde temos uma guerra entre anjos e quimeras onde os dois lados tem sua razão, nesse temos os humanos versus os "deuses" e os dois lados tem seus motivos para continuarem lutando. Não temos um vilão propriamente dito, mas uma guerra como sempre inútil que só serve para alimentar o ódio dos que estão lutando e ferindo e matando inocentes.
Qual lado escolher, de Eril-Fane, o Matador dos Deuses, que fez o que era preciso para livrar seu povo de anos de escravidão, violência e tortura? De Minya que era uma criança quando viu quase trinta delas serem assassinadas pelos erros de seus pais? Ou ainda Nova que teve sua irmã gêmea arrancada de junto dela, foi vendida pelo seu próprio pai e passou quase duzentos anos procurando a irmã apenas para encontrá-la morta? O leitor fica em uma encruzilhada sem saber para quem torcer, porque todos os três em um momento ou outro conquista a simpatia do leitor. Até porque não somos assim?, erramos tentando acertar e nem sempre o que é o melhor na nossa visão é o certo.
E ao levantar essa questão e apresentá-la da forma como foi em um livro de fantasia, aparentemente voltado para um publico mais jovem é que a Laini foi genial. Eu tirei muito meu chapéu para ela porque definitivamente eu amei como tudo terminou. Ela conseguiu abrir um leque ainda maior nesse segundo livro, com a história de como tudo começou e os verdadeiros motivos dos deuses fazerem tudo aquilo e no fim, ela juntou tudo e resolveu de uma forma tão simples que só autores que já atingiram um certo patamar conseguem fazer. E ainda deixou em aberto uma história magnifica pela frente que creio, ela vai escrever. E vamos torcer para que sua trilogia e sua duologia se juntem em uma nova história.
Quanto ao romance, nesse ficou meio apagado com tantas coisas acontecendo. Mas ele estava ali e era palpável. Tanto entre Lazlo e Sarai como com Eril-Fane e Azareen e entre outros personagens secundários. Até um suposto casal que eu nem imaginava. E outra pessoa que me surpreendeu e preciso citar é Thyon, que de menino mimado e intragável, teve um grande amadurecimento e foi fundamental para o bom andamento da história hehe. E eu podia ficar aqui falando anos sobre cada um dos personagens, mas ainda assim não conseguiria passar para vocês o quão fascinante é essa história. Então só me resta terminar indicando o livro para quem gosta do gênero. Com certeza você vai amar. E amei essa capa, apesar da edição estar com a qualidade um pouco aquém da do primeiro livro.
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