Gica Brombini 18/09/2021
ME CURA me fez chorar e chorar de angústia; chorar e sorrir de alívio; respirar e saber que tudo vai ficar bem.
QUOTE | "Velas molhadas também acendem no escuro."
RESENHA | Dor, choro, um grito sufocado. Dor, respirar, suspirar e sorrir aliviada.
Se eu pudesse apenas resumir “Me cura” em tão poucas palavras, seria desta forma, mas eu não posso. Então, vou escrever aqui sobre coisas pessoais, sentimentos conflitantes e sobre um alívio que me fez respirar de novo.
“Quero perguntar se ele está bem. Sei que não. Sei que ele vai ficar.”
Arthur Araujo se tornou, em poucos dias, e com poucas palavras, meu autor favorito. Eu já havia amado os outros dois contos que li dele, mas este conto me amarrou, me segurou e me soltou para respirar de uma forma diferente.
Como sempre, leio contos ou histórias curtas sem saber as premissas em si, e sim através de comentário e avaliações – principalmente aquelas mais sentimentalista. Por conta disso, talvez esta resenha novamente penda para um lado emocional – focada mais nos sentimentos que tive durante a leitura e não sobre a história em si. Novamente, li esse conto por indicação da @JuAndBooks, mas desta vez também tive a vontade impulsionada através de conversas com próprio autor.
Eu amei esse conto. Amei ele com todo o meu ser. Me identifiquei infinitamente com o Pedro e isso fez eu me sentir acolhida e abraçada. Pode ser uma forma rude de dizer, mas nas primeiras páginas desta história, quando comecei o conto, eu senti como se tivesse levado um soco no estômago. As lágrimas foram instantâneas, e eu posso jurar que prendi minha respiração por mais tempo do que o normal.
A escrita do Arthur está arrebatadora e impecável neste conto. Tudo o que acontece, dentro e fora do personagem, tem um toque muito grande de introspecção, solidão e melancolia – características que encontro em algumas das minhas escritoras favoritas como Clarice Lispector e Virgínia Woolf.
O conto tem uma atmosfera muito específica, que ao meu ver, pode ser interpretada de duas formas: como um realismo mágico, ou como uma grande metáfora. Por minha formação como pessoa e através da minha religião, me agarrei a uma mistura das duas coisas. A realidade da dor, a mágica do desejo de querer ter alguém de volta, uma metáfora sobre vida e morte, e principalmente, uma verdade sobre a cura.
Quem já perdeu alguma pessoa atrelada a sua alma, sabe o quanto uma parte de você vai embora, e o quanto uma parte desta pessoa fica. “Me cura” é sobre isso. É sobre toda a dor da perda, e a felicidade passageira de quando você se perde em memórias do passado; do quanto você queria que esta fosse a realidade do seu presente e futuro.
QUOTE | “Por isso o amo. Parte do que sou foi construída com ele.”
“Me cura” me tocou de muitas e de todas as formas possíveis. “Me cura” me mostrou e me levou a um passado remoto de dor e sofrimento, e que no final, quando me trouxe de volta ao tempo atual, me relembrou que tudo passou e que eu estava bem. Me lembrou que eu podia sorrir à vontade, respirar sem dificuldade, e continuar a amar alguém de forma incondicional mesmo depois de deixá-la ir.
QUOTE | "Por isso o amo. Parte do que eu sou foi construída com ele."
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