samir.silva.127 29/05/2024
Veja bem...
Confesso que sou um daqueles usuários que costuma escrever sobre a experiência com determinado livro apenas quando a obra não tem muitas opiniões pois assim acredito que estou ajudando outras pessoas que estão busca de entender se certo livro vale a pena ou não.
Contudo, embora o Investidor de Bom Senso tenha dezenas de resenhas aqui, me senti no dever de escrever a minha por perceber que minha experiência foi bem diferente da dos demais. Por isso, acredito que seja valido, para os futuros leitores, apresentar um ponto de vista contrário.
Como eu trabalho no mercado financeiro, muitas ideias escritas por Bogle, soam como mais do mesmo para mim. No entanto, destaco aqui que O investidor de bom senso" oferece sim ensinamentos valiosos para os investidores justamente porque poucas pessoas tem conhecimento das vantagens dos investimentos passivos e do impacto dos custos (imposto de renda, corretagem, entre outros) na rentabilidade dos seus investimentos.
Só que o mais me incomodou não foi a mensagem do livro mas sim a forma como ela foi passada.
Em primeiro lugar, a obra é bastante redundante. Bogle passa muito tempo falando sobre os mesmos assuntos em diversos capítulos. Embora a repetição seja a mãe do aprendizado, fica parecendo que você está lendo a mesma coisa só que escrita de formas diferentes.
Em segundo lugar, a editora sextante não fez um bom trabalho ao trazer o livro para o Brasil. Muita coisa foi traduzida ao pé da letra, carecendo de uma adaptação local de termos e palavras que facilitasse o entendimento e melhorasse a fluidez da leitura. Para citar um exemplo, mutual funds poderia ser adaptado para fundos de investimentos ao invés de ser traduzido para fundos mútuos.
No entanto, o principal problema do livro não é a tradução e sua redundância. Para expor suas ideias e seu ponto de vista, Bogle comete o erro de utilizar conclusões de estudos e citações de pessoas sem citar a fonte bibliográfica. A ausência de referências para embasar suas declarações mina a confiança do leitor mais cético até porque o autor nada mais é do que o fundador de uma das maiores gestoras de investimentos passivos do mundo, a Vanguard.
Como já mencionado, a mensagem final do livro tem sim insights valiosos mas é importante que o leitor não encare tudo como verdade absoluta e confronte as informações apresentadas, não só por conta da ausência de certas referências mas também porque as características e comportamento do mercado norte americano é diferente do mercado brasileiro.
Além disso, esteja ciente que o livro, como obra, possui problemas de tradução e excesso de redundância e talvez não ofereça uma experiência de leitura das mais prazerosas.