Cecília 13/08/2015
Terrível história aromática, digna de amor
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Considerado um dos maiores sucessos literários de todos os tempos, O Perfume, é um fenômeno editorial. A história de Jean-Baptiste Grenouille já foi traduzida para 40 línguas e já alcançou mais de 20 milhões de exemplares vendidos em mais de 43 países. Foi adaptado para o cinema em 2006, com um ótimo elenco que preservou a originalidade do livro. Além disso, serviu de inspiração para artistas como Rammstein, Moonspell e Nirvana. E apesar de toda essa fama expressa em grandes números e celebridades, eu só vim saber da existência de O Perfume por meio da minha colega de turma, Lane.
Não sei como chegamos no assunto O Perfume, mas lembro que repentinamente ela parou de andar quando me ouviu dizer: "não, nunca li esse livro". Recuperada do susto, ela agarrou meu braço e gritou: VEEEEI, VOCÊ PRECISA LER! Depois disso, os nossos próximos passos até o ponto de ônibus, foi uma mini apresentação da Lane de mostrar-me os motivos que me faria ler O Perfume. O principal argumento foi: É muito bom! Cecília, não dá para explicar, é muito bom!
E assim, com esse argumento que despreza números e celebridades, guardei O Perfume no meu caderno de livros-que-lerei-se-tiver-uma-chance.
Chance apresentada e agora posso dizer algo sobre o livro: É MUITO BOM MESMO! E sim, é difícil de explicar! OBRIGADA, LANE!
Me apaixonei logo de cara, então tudo que registro aqui é suspeito. O Perfume é daquele tipo de livro que você precisa ler para poder entender por que uma pessoa fala rapidamente, coloca a mão na cabeça, dá gritinhos e te fala da sinopse milhares de vezes com uma empolgação que beira a histeria só em saber que você, pobre mortal, ainda não conheceu a história de Grenouille (como a Lane fez).
Eu entendo esse comportamento, quer dizer, não há muito o que acrescentar quando a sinopse já diz tudo: História de um rejeitado que é dotado de uma sensibilidade olfativa e com isso busca a essência perfeita, se essa busca exige vítimas.... azar delas. Simples assim. Mas atenção: Não espere morte em todas as páginas. Se você é do tipo que gosta de linhas e mais linhas descritivas de sangue e dor, esse livro não é para você. Grenouille não é esse tipo de assassino. Na verdade, acho que estou sob o efeito de sua essência e o termo "assassino" me parece muito forte. Grenouille é um amor e daria muitos beijos nele.
Entretanto, entregaria minha essência ao Patrick Süskind, autor da obra e motivo para me fazer querer ser alemã na próxima vida, quem sabe assim eu consiga escrever tão bem de maneira que minhas notas de redação sejam boas... Mas voltando ao Patrick, o cara é barril (se não és da Bahia, lamento). Talvez seja a sua escrita que faz de O Perfume uma história memorável e viciante. É uma escrita sem pontas soltas: há um espaço, há os personagens, há um fato. Nada é escrito por acaso. Adorei o modo como a narração se mistura com os pensamentos dos personagens em cena, uma mistura tão clara e carregada de ironia que cheguei a rir em muitas partes.
Provavelmente, os críticos analisaram e tiraram muita coisa dessa obra, mas eu não ligo pra isso. Todo o meu julgamento de "gosto deste livro" e "não gosto deste livro" é puramente baseado no quanto a história consegue penetrar no meu coração (quando eu achar uma definição melhor, vou mudar isso) e O Perfume conseguiu fazer isso, fui sufocada pelos aromas, arrastada pelas ruas de Paris e virei as noites com o Grenouille desejando mais. Porém, o final é inevitável e me despeço deste livro com a sensação de "Ok, meu filhos terão que ler isso".