Stella F.. 16/11/2021
Experiência apavorante
Uma experiência apavorante. Uma jornalista em início de carreira aceita ficar 10 dias em um manicômio em Blackwell, uma ilha, para investigar como funciona um hospício, em 1887. E o que ela faz passa a ser chamado de jornalismo investigativo.
Faz-se de louca. Vai primeiro para uma pensão de mulheres e depois é transferida, por se fazer de desentendida e simular a perda os documentos e de ser estrangeira.
Chegando ao hospício vê como são tratadas as mulheres consideradas loucas. Algumas estão ali por serem pobres, estrangeiras ou mesmo abandonadas pela família, mas nem sempre têm algum tipo de problema mental.
“Qual a linha que separa a loucura da normalidade? Não poderíamos, mesmo reconhecendo nossas pequenas insensatezes cotidianas, virar o fio e enlouquecer?” (pg.6)
A autora questiona a todo momento o tratamento dado às mulheres: comida, roupas, exames médicos, banhos frios, violência e a própria tirania das enfermeiras em relação as mais comprometidas. Os médicos são relapsos em seus exames, não há um critério sério onde eles possam determinar a loucura de cada uma. Usam os mesmos parâmetros para todas. E as enfermeiras não têm um mínimo de compaixão.
“- Se você sabe de alguma coisa, então vai perceber que sou perfeitamente sã – ela respondeu. – Por que não aplica um teste?
- Já sabemos tudo que precisamos nessa questão.” (pg. 55)
É um relato muito triste, mas apesar de Nellie saber que vai sair dali, fica sensibilizada com o sofrimento de todas, mesmo se sentindo egoísta de ir embora. Pensa que deve haver um meio de ajudá-las, pelo menos a viverem com mais dignidade. E se não conseguirem tirar ela, a autora dali? Vai realmente ficar louca, com os maus tratos sofridos por todas.
E finalmente é solta e leva o que apurou aos tribunais. Os jurados vão ao local ver se as informações são verdadeiras, e chegando lá, já encontram muita coisa mudada. Os responsáveis souberam da visita com antecedência. A partir da declaração pública da situação apresentada neste hospício, os tratamentos vão começar a mudar, e as próprias internas vão ter uma vida mais digna.
“Fico feliz em informar que, devido à minha visita ao hospício e às reportagens subsequentes, a Cidade de Nova York reservou uma soma 1.000.000 de dólares por ano maior do que jamais fizera em sua história para o cuidado dos insanos.” (pg. 11)