regifreitas 03/12/2017
Depois do excelente As memórias do livro, este é o segundo livro da autora que leio este ano. Contudo, diferente do primeiro, do qual gostei muitíssimo, esse não me caiu tanto no gosto.
Trata-se da primeira obra de ficção da autora australiana, publicado em 2001, e tendo como pano de fundo um evento real ocorrido em uma cidadezinha da Inglaterra, no século XVII. No romance, a aldeia de Eyam decide fechar as suas fronteiras para a saída e entrada de moradores ou visitantes, ao ser descoberta uma epidemia de peste negra no local. Seria uma forma de conter a propagação da doença, evitando que ela se alastrasse para as aldeias vizinhas. Só que essa decisão traz um preço altíssimo para essas pessoas: ao final da quarentena, quase dois terços da sua população tinha sucumbindo à doença.
O livro se centra na forma como essa comunidade lida com a situação, suas reações ao evento. Há os fervorosamente religiosos, que acreditam ser um castigo divino; outros procuram entender como a doença se alastra e as suas possibilidades de cura; há também os que se aproveitam da fragilidade da situação para explorar ainda mais os já necessitados moradores. As figuras centrais são: o reverendo Michael Mompellion, que tenta a todo custo manter a esperança das pessoas, sua esposa Elinor, e a criada Anna Frith, a narradora desses eventos.
O grande problema em relação ao livro foi que a narradora Anna, mesmo sendo uma das mais atingidas pelo drama – ela perde primeiro o marido, depois os dois filhos pequenos – não me passou credibilidade em relação aos seus sentimentos ou ao drama vivido por aquelas pessoas. Os acontecimentos, vistos através dos olhos dela, não me pareceram ter o peso suficiente que deveriam Talvez tenha sido um erro da autora focar a narrativa sob o ponto de vista dessa personagem.
É um texto ágil, fácil de ler, flui muito bem. Mas esse detalhe da narradora estragou um pouco a obra para mim.