bella 30/04/2021
Cemitério de dentro e de fora
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O livro "Cemitério dos Vivos", do jornalista e escritor Lima Barreto, é uma história que até pode ser considerada autobriográfica. O livro começa contando sobre o, personagem principal, Vicente Mascarenhas que, na primeira página, já revela que sua mulher está morta. A sra. Efigênia, como ele mesmo diz, moribunda prestes a morrer, lhe disse: "Vicente, você deve desenvolver aquela história da rapariga, num livro". Este é o ponto quando Mascarenhas volta no tempo para explicar o sentido da frase, como também, a história com seu amor inusitado.
Mas antes de se ater ao dito casamento e a história do livro ele conta como foi difícil para ele, jovem pobre, ir para a grande Rio de Janeiro para estudar "pra ser doutor". Ele passa a frequentar a pensão de dona Clementina, mãe de Efigênia, seu ainda não tão grande amor. Ao pensar que poderia se apaixonar pela jovem, evita ir à pensão e conversar com ela, o que acaba por ser inevitável, ela rompe a timidez e começa a conversar. Os meses passam até que dona Clementina fica doente, quase a falecer, e, num dia de visita à senhora, Efigênia pede Mascarenhas em casamento, que aceita surpreso.
Vicente, jovem e inteligente, começa a trabalhar num jornal, por mais que não gostasse e por mais que escrevesse coisas de que não gostava, apenas para conseguir dinheiro para se sustentar. Então, após 5 anos de casamento e 1 filho de 4 anos no colo, sua mulher morre, de uma doença súbita.
Ele se vê sem caminho, sua esposa que tanto amava havia ido embora, sua sogra que não morrera estava viva para atormentá-lo, seu filho já crescido mostrava-se ainda analfabeto e sem vontade de estudar, seu emprego não lhe era satisfatório. Cansado, Mascarenhas se vê alcóolotra e, após um episódio triste, acaba sendo acometido em um hospício, onde passa a maior parte do livro. Convivendo com outros "loucos" e "alienados", ele descobre um pouco da personalidade de cada um, dentro daquele local com condições insalúbres para viver, um são em meio à loucos num verdadeiro cemitério dos vivos.
O livro pode ser considerado como uma autobiografia de Lima Barreto, visto que este foi internado em um hospício por alcolismo. Também, muito me lembrou as histórias contadas por Daniela Arbex em "Holocausto Brasileiro", livro que conta a realidade dos hospícios brasileiros com superlotação, maus-cuidados, entre outros problemas.
Apesar de tocante, em certas partes, o livro não muito me interessou. Admito que não gostei deste, talvez eu tenha que relê-lo mais pra frente mas, por enquanto, esta é minha opinião. Por mais que eu goste desse tipo de história, como gostei de Holocausto Brasileiro, não gostei da história do Dr. Vicente Mascarenhas e não recomendo. Lima Barreto, não foi dessa vez.
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