Ângela 30/06/2011
Reginaldo Prandi de acadêmico a escritor, uma tentativa válida
Romance policial talvez seja o gênero literário mais difícil de se escrever com qualidade, por isso, acho que o Reginaldo Prandi até que não fez feio com esse livro.
O primeiro capítulo consegue envolver o leitor a ponto de ele manter até o final a curiosidade em descobrir o que ocorre, a linguagem é simples e, apesar do tema meio barra pesada, é uma leitura leve, bem entretenimento mesmo.
Para quem mora ou conhece bem São Paulo, é super prazeroso ver a cidade emergir como personagem à parte, a ação sempre acontecendo em algum cenário que a gente conhece bem.
Quem tem curiosidade por conhecer mais sobre cultura afro vai se deliciar em aprender uma ou outra coisinha sobre o candomblé. As descrições sobre o terreiro, as mulheres de saias rodadas e a comida sempre abundante são um verdadeiro deleite.
Claro, nem tudo é perfeito, tem uns dois ou três momentos em que ele dá umas escorregadas na narrativa com umas frases meio senso-comum, com cara de redação de ensino médio, dá um pouco de vergonha alheia, mas acontece bem pouco, não é o suficiente para estragar totalmente a leitura, e são tropeços bem compensados pelos bons parágrafos de teoria sociológica salpicados aqui e acolá de forma muito simples e acessível nos diálogos, o que não é lá muito verossímil, mas é gostoso! rs.
Estruturalmente ele parece seguir algum roteirinho básico das narrativas policiais, inclusive na parte em que nos capítulos finais todos os acontecimentos se precipitam para culminar com a resolução do mistério, que, diga-se de passagem, não é um enigma tão misterioso assim, dá para chutar quem é o assassino mais ou menos na metade da história, mas chegar ao fim e descobrir uns "bafons" a mais além do que já se sabia vale a pena.