spoiler visualizardani 08/02/2013
Bán se deu conta de que não tinha respirado e fez isso agora, pesadamente… Em seguida, o fragor dos guerreiros chegou até eles, ensurdecedor, como qualquer outro na batalha.
— O que estão dizendo? – Perguntou Vespasiano…
Bán olhou fixamente… O barulho rompeu sobre ele em ondas oceânicas e ele desejou se afogar.
— O ataque vindo do oeste foi conduzido por uma mulher, a Guerreira de Mona. O nome que eles estão chamando é “Boudica”. A Portadora da Vitória.
Pag. 612
Águia é o primeiro volume da série Boudica escrita pela autora Manda Scott. Um livro que mescla fatos históricos e fantasia, em que os elementos são narrados em perfeita harmonia e traçados de tal forma que acreditamos que tudo é real e possível. Uma história onde a magia dos druidas, videntes, respeito aos antigos deuses e a coragem, são os alicerces de um povo que luta pela honra e pelo direito à liberdade. Conheça Breaca, a mulher que liderou sua tribo contra a invasão do Império Romano e se tornou a guerreira conhecida como Boudica.
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Britânia Tribal
32 d.C.
A manhã ainda não havia chegado quando o ataque começou. A menina acordou com o som dos gritos da mãe e com a fetidez da morte. Um vulto dominou o vão da porta; instintivamente, seus dedos se fecharam ao redor da lança do pai. O guerreiro sorriu e arremeteu. A menina fez como havia praticado mentalmente…investiu também. Mirou no pálido seguimento de pele que conseguia discernir, a lança penetrou na garganta do guerreiro. O homem estava morto, mas o pior já havia acontecido. Sua mãe, grávida, fora brutalmente assassinada. A menina guerreira se chamava Breaca e, um dia, ela seria a líder de sua tribo.
37 d.C. a 43 d.C.
Os deuses deveriam estar furiosos. A tempestade assolava a terra e o mar, e os despojos do naufrágio chegavam à praia. Nesse dia, Breaca, seu meio-irmão Bán e outros membros da tribo Iceni salvaram da morte um soldado romano e o jovem Caradoc, príncipe e herdeiro de uma tribo rival. Por hora, ambos seriam obrigados a passar o inverno entre os icenis. Um forte laço de amizade nasceu entre Bán e o romano e uma aliança, fundamentada na honra entre guerreiros e juramentada perante os deuses, foi forjada entre Breaca e Caradoc. Uma promessa de união e proteção mútua, tanto no campo de batalha quanto fora dele. Suas vidas jamais seriam as mesmas.
O destino se encarregou de conduzir cada um por caminhos diferentes e de lhes entregar seus próprios fardos. O futuro das tribos da Europa ocidental era incerto, a ameaça do Império Romano era cada vez mais presente e perigosa. Mas as tribos não eram unidas, viviam em conflito, lutando entre si por poder, terras e animais. Os deuses estavam cada vez mais inquietos, enviando sonhos e advertências sobre a ameaça do imperador que almejava dominar o mundo.
A vida de Breaca e Bán estava em constante transformação, os deuses brincavam ao traçar seus desígnios. Breaca sonhava ser tocada pelos deuses, ela almejava possuir o dom da visão. Mas seu destino foi selado aos doze anos de idade, quando matou seu primeiro homem… ela seria guerreira. Ao contrário de Breaca, seu jovem irmão Bán queria ser um guerreiro, lutar e defender seu povo, mas ele foi agraciado com sonhos e visões. Bán seria um líder espiritual…um vidente. Mas o destino foi ardiloso com Bán, o afastou de seu caminho e de seus ideais. Seus sonhos foram destruídos, os deuses o abandonaram e ele se viu entre inimigos.
Por fim, a ameaça de Roma se concretizou, o império queria esmagar e impor a escravidão às tribos. Breaca foi forçada a aceitar seu destino, se tornou a guerreira de Mona, liderou seu povo em uma batalha sangrenta e se consagrou como “Boudica”… A Portadora da Vitória.
Ambos os irmãos foram obrigados a aprender com seus erros e a conviver com a guerra, com a dor, intrigas e traições. Mas o desejo de vingança jamais abandonou seus corações.
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Nesse primeiro volume somos introduzidos na tribo Iceni e conhecemos os anos que antecederam a invasão romana. Um povo onde a liderança se encontra nas mãos das mulheres, que são respeitadas como videntes e temidas como guerreiras.
Podemos perceber o grau de comprometimento e dedicação da autora à pesquisa histórica e contextualização do ambiente, cultura, da espiritualidade com um toque de fantasia e política; tanto das tribos britânicas quanto do Império Romano. Os detalhes são magistralmente tecidos e apresentados ao leitor de forma encantadora.
Os personagens são singulares, cuidadosamente construídos e caracterizados. Nos sentimos muito próximos a eles, de tal modo, que vibramos com suas conquistas e somos destroçados em suas derrotas. Breaca e Bán são incríveis, personagens que se tornam inesquecíveis ao leitor. Sofri muito com Bán e me exaltei durante as batalhas de Breaca.
Mas esse livro não é para qualquer leitor. É recomendado para aqueles que gostam de história, de ter uma visão mais intimista dos personagens, dos laços humanos e do cotidiano de um povo simples e forte. Esse livro nos mostra como o caráter de Breaca foi moldado e as relações que a transformaram na guerreira Boudica. Águia é um livro introdutório, mas repleto de paixão, intrigas, traições e coragem.
Sou suspeita para opinar, pois sou apaixonada por épicos históricos. Boudica foi um leitura densa, com um ritmo mais brando que permite que entremos profundamente na história, por outro lado, é tão cheio de emoção, feitos valorosos e magia que foi impossível não me entregar à trama. Águia é um livro extenso, mas valeu cada página lida…cada minuto passado com Breaca e Bán.
Boudica foi uma longa e marcante viagem.