Religião e o declínio da magia

Religião e o declínio da magia Keith Thomas




Resenhas - Religiao e o Declinio da Magia


1 encontrados | exibindo 1 a 1


brunossgodinho 10/02/2017

Religião e magia em meio às mentalidades
Esse livro de Keith Thomas é um dos trabalhos lapidares sobre o estudo da cultura em geral e da cultura inglesa, em particular. É uma pesquisa tematicamente exaustiva (nenhuma pesquisa histórica será exaustiva do ponto de vista da documentação), mas não definitiva e as conclusões do autor atestam isso. Sem dúvida, sua leitura é fundamental a todos aqueles que se interessam pela conexão da cultura com a formação do tecido social.

O fundamental é perceber, em todas as partes do livro (religião, magia, astrologia, o apelo ao passado, bruxaria e as crenças auxiliares), que se trata de um estudo acerca de crenças coletivas. Nenhum dos fenômenos culturais que Thomas estuda são casos isolados, eles pertencem todos a uma série de desdobramentos de uma mesma estrutura social na qual convergiram diversas matrizes culturais. Pode-se mesmo dizer que esse é o cenário da cultura europeia desde o século XII.

É evidente que Thomas é versado nas mais diversas frentes que atacaram o problema da cultura, mas sua predileção (se podemos assim dizê-la) fica na antropologia e na sociologia. Ele recorre a Evans-Pritchard, Malinowski, Weber e até a Lévi-Strauss, entre tantos outros, e ainda assim esbarra no mesmo muro que os historiadores franceses têm esbarrado desde Marc Bloch e Lucien Febvre: as mentalidades. Um conceito que carece de definição precisa, mas que no manejo da documentação salta aos olhos de todos os historiadores sociais. Evidenciam-se estruturas mentais nas sociedades, mas é basicamente impossível traçar seu desenvolvimento e declínio com certeza. É por isso que Thomas conclui que diversos aspectos (a revolução científica, a filosofia mecânica, as reformas religiosas) da vida moderna contribuíram ao declínio da magia, mas sem conseguir estabelecer com precisão as conexões entre esses aspectos: porque eles constituem uma mudança nas mentalidades (no plural, pois de fato ele evidencia mais de uma) da Inglaterra dos séculos XVI e XVII. A mentalidade é a faca de dois gumes da história social: é altamente evidente, mas dificilmente precisada.

Para todos os efeitos, o livro de Thomas é um estudo exemplar da história social. Serve a todos aqueles que tiverem interesse não apenas pela cultura inglesa, mas também pelas implicações sociológicas e antropológicas da cultura em geral na formação das relações sociais.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR