Fedro

Fedro Platão
Platão




Resenhas - Fedro


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Marcia 04/02/2024

Minhas impressões sobre o livro
Platão, Sócrates... Grandes filosofos gregos que sempre ouvi falar mas nunca me aventurei por seus livros. Até agora kkk Viveram antes de Cristo e esse livro foi escrito por Platão por volta de 385-370 a.C.
Resolvi conhecer um pouco e me aventurar por esse mundo tão vasto e enriquecedor.
Quem já se aventurou pelo mundo da filosofia?
Nesse grau de filosofia, eu só tinha lido uma introdução através do livro "O mundo de Sofia" e confesso que preciso reler.
Mas voltando aos filósofos gregos, nesse mês me aventurei nesse livro.
Nessa história, encontramos um diálogo entre Sócrates e Fedro.
Eles começam a conversar sobre um discurso feito por Lísias. Socrates discorda de Lísias e expõe a Fedro sua visão sobre o assunto: o amor, a paixão, o viver com quem ama ou não.
O livro nos traz uma análise , uma investigação sobre a retórica e o amor. Vão dialogar sobre o desejo, sobre a alma, a loucura, arte, o universo, divindades e a importância da transformação pessoal que a filosofia provoca na alma humana.
O livro é curto porém muito complexo e precisei retornar alguns trechos algumas vezes.
Para mim, a leitura foi mais clara quando a fiz em voz alta. Fica a dica para quem se aventurar. A linguagem é mais rebuscada e nos desperta mais a atenção.
Na minha visão, visão de uma leiga, concordo com Platão em algumas partes, em outras não e discordo de Lísias.
No geral, gostei do livro, mas para mim foi uma leitura difícil, um tanto complexa e farei releitura.
Valeu!
Regis 08/02/2024minha estante
Estou doida para ler esse livro, e adorei sua resenha, Márcia. ? ?
Te indico O Banquete de Platão, acho que vai gostar.?


Marcia 08/02/2024minha estante
Obrigada! Irei ler, ja anotei pra ler nesse semestre.




Gustavo.Henrique 03/09/2020

Fedro contem sem dúvida alguma um dos diálogos mais lindos da filosofia sobre o éros, o trecho sobre a natureza da imortalidade da alma transborda de genialidade e o poder sem igual que a filosofia socrática tem de melhor, assim como Sócrates faz com Fedro, ao terminar de ler o texto também me senti inclinado em pensar que a filosofia é a maior beleza divina que podemos fazer exercer. Um livro obrigatório para todos que amam a arte de pensar.
caio.lobo. 07/04/2021minha estante
Gosto muito da alegoria da carruagem desta obra, que aliás descobri uma alegoria idêntica lá da Índia em um Upanishad do mesmo período. Mesma percepção de mundo, na mesma época, mas em lugares distintos, culturas diferentes e sem contato uma com a outra.




Dumbo2.0 03/09/2023

Filosófico
Como sempre filosofia antiga é bem confusa, com uma linguagem rebuscada, que deixa a obra dez vezes mais difícil de se entender, li e fui ver vídeos sobre pra compreender melhor.
No final é um livro muito rico, que fala sobre mais do que amor, mas fala sobre alma, sobre fazer o certo, sobre ser puro e não burro.
Ainda assim, esses livros, não são meu tipo de leitura, só leio pela escola.
VictAria.Rossetto 24/10/2023minha estante
Habla lenda




Fátima Lanna 25/04/2009

Entusiasmo coribântico, não !!!
Desde as primeiras linhas de Fedro que eu tive aquela sensação de roda gigante: alguma coisa vai se enchendo dentro da gente e quando a gente vê, não quer mais descer. Simplesmente MARAVILHOSO todo o pensamento de Platão nesse livro!! O que ele fala sobre o amor, a alma e a arte da escrita acho que ninguém conseguiu superar. Exagero, não. Leiam para crer.
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Durval 06/11/2011

Amor, retórica, dialética
O diálogo Fedro é um dos mais belos textos de Platão. Ele começa com um discurso do sofista Lísias sobre o amor, segundo o qual o melhor amante é o que não nos ama. Sócrates encontra algumas falhas formais nesse primeiro texto, que ele procura superar num segundo discurso com a mesma tese. Então Sócrates diz que essa tese é uma inverdade, que é uma ofensa aos deuses, e faz um terceiro discurso sobre o amor, mostrando que é melhor amar que ser amado. Depois disso, o tema do diálogo passa a ser o discurso em si, e então Sócrates defende a superioridade da dialética sobre a retórica, como forma de buscar e mostrar o verdadeiro conhecimento.
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Li 06/06/2012

para quem quer saber o que é o amor
Impossível encarar da mesma maneira a tarefa da escrita de um texto, a incumbência de proferir uma palestra ou ministrar aulas depois da leitura de Fedro, um dos discursos mais respeitados de Platão. Conhecido pela definição que traz do amor, é um verdadeiro manual de sobrevivência, de leitura imprescindível para todo jovem e adulto. Embora se trate de um texto argumentativo, que exige uma leitura mais atenta e o desenvolvimento de competências leitoras mais complexas, seu grau de dificuldade não impede que se eleja ao menos trechos para leitura e reflexão em sala de aula, pelas definições que traz não só do amor,mas também da arte da oratória e da escrita.
Sócrates, o orador do texto, tem a postura do homem honrado, que dá o devido valor e importância à elaboração do discurso, seja escrito ou falado. Após ouvir do jovem amigo a leitura de um discurso sobre o amor proferido num banquete por Lísias, um sofista, Sócrates conclui que não percebera nada que distinguisse aquele discurso de outros já proferidos por outros sofistas, superficiais e incapazes de contribuir para uma conceituação mais elaborada por parte dos ouvintes dos temas tratados. Para eles, os sofistas (assemelhados a alguns oradores, palestrantes, políticos e advogados de hoje em dia) não estavam interessados na verdade e sim na obtenção de favores, reconhecimento e riquezas, não hesitando em manipular as palavras e os argumentos em seu próprio favor.
Diante desse posicionamento, Fedro quer saber do amigo se este tinha a dizer algo superior ao dito por Lísias, para quem era preferível prestar favores ao não enamorado que ao enamorado.
É quando, após pedir pela assistência dos deuses, Sócrates inicia uma argumentação cuja estrutura é digna de atenção de todos os que aspiram ou necessitam aprender a escrever e proferir textos argumentativos. Primeiro aponta uma das falhas do discurso do sofista: não definiu o objeto do discurso, limitando por emitir uma opinião e repeti-las por várias vezes,
O que tornou o texto redundante. Pra Sócrates, faltou a definição do tema, no caso o amor. Começa então por dizer que o amor é desejo pelo belo. Mas como os não enamorados também desejam, surge o problema: como saber se o que se sente ou o que dizem sentir por você é amor?
Sócrates responde a questão situando o desejo existente em todo ser humano em dois impulsos: o desejo inato e o desejo guiado pela opinião que visa o que é melhor,ou seja, a temperança e a intemperança.
Quem ama filtra seus desejos, doma seus instintos, é capaz de se afastar se perceber o que sente corrompe a si e ao ser amado. Esse amor não é egoísta nem possessivo. É o amor ideal, já que não visa apenas o seu interesse, nem vê o outro como um objeto que lhe pertença.
É interessante notar como Sócrates retoma o mesmo argumento valendo-se desta vez da alegoria da carroça. Nela, a alma é dividida em três aspectos: o cocheiro, e dois cavalos alados, um é belo e bom, o outro é de raça ruim, sendo assim, conduzir nosso carro (a vida) é ofício difícil e penoso. A alma participa do divino, mas um dos cavalos se arremessa para baixo... É o que seria esse baixo? O sexo pelo sexo e suas conseqüências, a glutonaria, o alcoolismo, a ira, a falta de princípios e suas consequências para a sociedade.
Quem lê Fedro percebe de que se trata o amor platônico: é capaz de prescindir do sexo, é capaz de abrir mão da união como amado se concluir que essa não lhe convém. É um amor comedido, regulado pelo autocontrole, não é impulsivo nem inconseqüente, nem se perde em meio ao calor da atração.
Quantos são capazes de tal amor? Para se amar assim, somente quem capaz de ficar sozinho, se está na relação é para partilhar, não visa o proveito próprio.
A origem da escrita e o questionamento dos seus reais benefícios para a memória, a necessidade da apreensão da verdade para só depois se dedicar ao discurso, também são tratados no discurso. E sendo a verdade um dos temas centrais da filosofia, quem pouco dela sabe, se levarmos em consideração o que diz Sócrates, pouco serviço presta a quem o lê ou escuta. Nos dias de hoje, qual a pertinência da filosofia. Para Platão, toda possível.
Imprescindível para quem quer saber o que é o amor, para quem quer aprender a escrever, para quem quer aprender a pensar.
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Big Lui 10/03/2014

Livro interessante sobre o amor
Quando comprei esse livro em 2003, nem sabia que tratava desse tema, só comprei na época porque era de Platão e todo mundo falava muito bem dele. Depois de 10 anos (ano passado) finalmente eu li. Engraçado que gostei e deu para entender um pouco que estava passando na minha vida. Se tivesse lido na época, talvez nem tivesse gostado e achado um tremendo livro chato.
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Lucio 14/08/2015

Chame Sócrates para falar sobre amor e passearás pela filosofia...
Esse é mais um belo diálogo de Platão, demonstrando toda a sua competência estilística. Basicamente Sócrates se encontra com Fedro que estava encantado com um discurso de Lísias sobre o amor. Lísias defendia que deve-se prestar favores aos que não amam, e não aos amantes. Basicamente, defende que esse amor é uma loucura e é carregado de insensatez. Sócrates começa fazendo um discurso coadunando. Mas então, de súbito, muda de ideia, movido de temor pelos deuses a quem poderia ter blasfemado, e tece loas belíssimas ao amor. Ele observa que a premissa de que a loucura esteja envolvida torna-o mau é falsa, pois há espécies de loucuras boas, como a poética e a religiosa (inspiração). Daí observa um tipo de amor nobre e o distingue do amor mal. O discurso vincula constantemente conceitos mitológicos e filosóficos a tal distinção, e nota que o bem amado é a válvula que desperta a lembrança do verdadeiro Belo. Fala de tipos de amados conforme a personalidade dos amantes e hierarquiza tipos alma. O assunto da reminiscência vem à tona, bem como, naturalmente, sobre a natureza da alma. O Mênon e o Banquete são ótimos paralelos para complementar esses ensinos.
Depois de tudo isso, resolvem discursar sobre retórica, posto que Sócrates acusa o discurso de Lísias de mera retórica vazia. Há críticas aos sofistas e conclusões semelhantes às encontradas no diálogo Górgias. Basicamente se conclui que o bom discurso preza a verdade, e investiga-a com rigor, distinguindo as essências bem como as influências exercidas e sofridas pelo objeto de investigação. Além disso, o bom orador discerne os vários tipos de almas e os discursos apropriados para persuadi-las e comunicar-lhes virtude e sabedoria. É um caminho penoso e tortuoso o da verdadeira retórica, só seguido por quem tem alguma devoção.
Por fim, Sócrates fala sobre textos escritos e falados, e diz que os textos escritos são mortos, não podendo exercer a função da dialética, fertilizando a alma dos seus leitores. Os textos não podem nem mesmo prestar esclarecimentos ou defender suas doutrinas. É preciso um contato com o mestre. O bom texto só tem valor para relembrar o que foi aprendido pessoalmente com um mestre.

Com isso, percebemos que o texto trata sobre ética no assunto do amor; mas também trata de psicologia e antropologia filosófica; bem como retórica, lógica e filosofia da linguagem e da educação.
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Shelly Migoto 05/12/2019

Bom
É interessante mas pelo menos no momento não é algo que eu tenha interesse em ler algo semelhante.
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Jack 30/04/2020

Diálogos Platão
Recomendo todos diálogos de Platão, são agradáveis de ler e melhoram nossa capacidade de abstração.
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Dani 14/04/2024

Conheceis a verdade e a verdade vos libertará
Logo nas primeiras páginas do livro nos é apresentado o porquê ler Platão pode ser uma leitura desafiadora, devido ao anacronismo e as traduções. No contexto histórico de Fedro acontecia a transição da oralidade para a escrita e Sócrates possuía receios quanto a leitura que é demostrado no percurso do livro e no final conseguimos compreender integralmente os perigos da leitura e das palavras.
O filosofo apoia seus argumentos em questões que até hoje são válidas, como o receio das diferentes interpretações a depender do limite de conhecimento de quem está lendo; a escrita reforçar apenas uma aparência de sabedoria; a escrita não ter utilidade quando se quer aprender algo, visto que, ela não pode responder as suas dúvidas; não pode se defender quando é criticada etc., é apenas algo informativo e segundo Sócrates, a sabedoria não é um acumulo de informações, possui uma profundidade.
O receio das diferentes interpretações a depender do leitor, pode-se compreender pelo exemplo das diferentes interpretações da Bíblia, como a partir daí criaram-se linhas de pensamentos diferentes, e como algumas pessoas a utilizam como justificativa de preconceitos, viés políticos e estilo de vida, sem pesquisar o cenário histórico que levaram a certas falas e decisões. Um exemplo dentro desse exemplo, seria lideres religiosos usaram passagens bíblicas acerca da cura através do óleo e assim reproduzirem um discurso de cura pelo óleo ungido e a afirmação do abandono ao tratamento médico, baseando-se apenas pela fé. Porém, no contexto dessas passagens, o óleo era o remédio da época, logo, de acordo com a passagem o fiel deve pedir a cura a Deus, porém continuar a tomar os seus remédios.
E a partir daí o leitor consegue entender as outras ressalvas, como a escrita reforça apenas uma aparência de sabedoria, uma vez que, certas pessoas apenas leem um livro apenas para demostrarem publicamente, seja através do skoob, tiktotk, instagram, que é um leitor, porém quando se conversa com tal pessoa, é provado que não houve a compreensão real do que o autor disse, porque além de ir de acordo com a interpretação do leitor, a leitura foi feita apenas para o status de sábio. Logo, assim como afirma ao final desta edição, o leitor de Fedro não adquiriu conhecimento e sabedoria, apenas foi informado e instigado pelo conhecimento. É exatamente isso o que os livros nos trazem, a sabedoria vem através de pesquisas, estudos, dialética com professores e outros pesquisadores.
Seguindo a análise do contexto histórico, é passível relembrar que naquela época não existia heteronormatividade, desse modo, não havia o momento em que se descobria como homossexual, ou seja, hoje quando uma pessoa se descobre gay, ela entra em conflitos internos que na maioria das vezes é motivado por medos sociais que são reforçados desde a infância quando há a dedução que ela será hetero, na época não existia essa dedução, possuía-se a visão de naturalidade uma pessoa sentir-se atraída seja pelo gênero oposto, seja pelo gênero igual.
Então, nas relações interpessoais masculinas no contexto platônico, havia uma admiração e aprovação masculina (que se arrastada até os dias atuais) que se davam pelo prazer carnal, mas também de forma mais profunda, que era a passagem de conhecimento feito entre um homem mais velho para o mais novo, e ali além do sexo havia também a reprodução do belo psíquico.
De acordo com essa relação, Fedro seria o pupilo de Lísias, e o objetivo de Sócrates era de converter Fedro a dialética e passar de pupilo para tutor. Ao caminhar do livro, Sócrates usa a retórica e a dialética para persuadi-lo, e ao final fala sobre os seus métodos e de outros conhecedores de tal arte. Logo, para analisar esse texto complexo integralmente, deve-se examiná-lo de ordem não cronológica e começar pelos métodos e como ele o aplicou.
Fedro defende que um bom orador não precisa ser conhecedor profundo do assunto abordado ao discurso, apenas parecer ser conhecedor e ali garantir a persuasão da massa a depender das crenças de seu público, possuindo uma visão astuta de manipulação. Sócrates por sua vez defende que para ser um bom orador deve se conhecer a fundo o assunto, a verdade e a alma da audiência, porque consequentemente, aquele que se diz orador e não se baseia na verdade e se baseia em opiniões, está fadado ao fracasso.
É preciso então entender sobre o assunto, a verdade e a alma. Ao início do diálogo, o filosofo rebate o discurso de Lísias sobre amor, e expondo o profundo conhecimento sobre o amor produz dois discursos mostrando os pontos de incoerência de Lísias.
É citado o amor dos deuses, sobre como funcionava a relação entre o pupilo e o tutor, além da fábula que o amor carrega e conduz a um olhar realístico, discorrendo que devido as relações não serem monogâmicas, há disputas entre amantes pela atenção do amado, e essa disputa se torna algo pessoal que pode comprometer outras áreas da vida; há também alguns amantes que preferem amados lhe seja inferior de algum modo, para que assim não haja resistência a oposição; há a possibilidade do tutor querer impossibilitar melhores experiencias ao pupilo por temer ser desprezado, como esconder-lhe a verdade para que o menino não se apaixone pela divina sabedoria e não se torne um homem por completo e queira abandona-lo etc., e assim o tutor se torna um doente de amor.
Dito isso, Sócrates usa esses argumentos para dizer que os doentes de amor são elevados a esse estado porque focam na atração carnal, e apoia-se no que diz a sacerdotisa Diotima, que o amor também é a carência de reprodução do belo psíquico que produz o progresso da alma através da educação do desejo.
O desejo é algo atrativo, bom, visto como ponto positivo, educar o desejo é educar aquilo que você enxerga como algo bom, logo, quando alguém educa o outro, ele possui a intenção de direcionar os desejos de uma pessoa para que se alinhem a valores morais e sociais considerado plausíveis. Então compartilhar a forma como você enxerga o mundo e cultivas as virtudes e valores que podem promover o desenvolvimento pessoal e crescimento daquela pessoa é uma forma de amor e isso é a reprodução do belo.
Diotima ainda versa que a reprodução do belo psíquico é a única forma de imortalidade acessível a um ser humano, e assim urge a máxima ''pessoas morrem, mas as ideias são para sempre''. Vivendo em uma sociedade culturalmente cristã, o maior exemplo explicativo para essa afirmação é Jesus. Ele morreu, mas suas falas, ideias e conceitos estão presentes até hoje em em diversas sociedades. E chegando até aqui com todos esses argumentos e significados minuciosos pode-se chegar a conclusão de mais um equívoco que alguns líderes religiosos possuem atualmente quando cita uma passagem em Hebreus na qual diz que a palavra é viva, usando essa passagem por um olhar justificativo de que ''hoje podemos ler algo na bíblia e ter esse entendimento, mas amanhã podemos reler e ter outro entendimento'', porém o conceito de manter-se vivo a época não era pelas interpretações e sim porque sua ideia foi tão forte e sabia que se mantém por gerações.
Ainda durante o caminho da persuasão, Sócrates defende que dentro da constituição do amor, há o progresso da alma e entender como a alma funciona é importante tanto para essa persuasão, quanto para a importância do orador conhecer o seu público.
A alma no contexto platônico se baseia na alegoria da biga alada, na teoria tripartite da Alma e o mundo das Ideias. São conceitos complexos e interligados porém que de forma resumida e didática é: a alma é partida em 3 e representada por um homem que controla dois cavalos, o homem representa a razão (logos), um dos cavalos a racionalidade (espírito) e o outro os desejos e necessidades físicos e materiais (apetite). Porém, para que essas três partes se juntem e faça sentido integralmente, elas precisam entrar em um corpo humano. A teoria das Ideias diz que essas almas vivem no mundo das ideias antes de adentrarem a um corpo, ou seja, antes do mundo físico, existe o mundo das Ideias. Para que o ser humano exista, ele terá que ser gerado (gravidez) e daí a alma será integral e viverá no mundo físico, mas antes disso as almas estavam em um mundo que não foi preciso ser gerado e há imortalidade, porque são ideias.
Uma analogia recente dessas teorias é o filme Barbie, onde a Barbieland era o mundo das Ideias, e de acordo com a alegoria da caverna, a Barbie vivia dentro da caverna e só enxergava o reflexo da caverna, ou seja, o que ela acreditava que o mundo real de fato era, uma vez que, ela acreditava que a Barbie havia resolvido todos os problemas femininos no mundo por causa da Ideia Barbie e assim que ela chega ao mundo real, ela entende que não é bem assim que o ser humano funciona.
No mundo das ideias, Barbielandia, ela não tem a necessidades (apetite), que é demonstrado quando ela come e a comida não é de verdade, o único sentimento que tem espaço nesse mundo é a felicidade, e assim que ela pensa em morte se torna um assunto sensível e polêmico, porque no mundo das ideias onde tudo é perfeito e há a imortalidade, não existe a necessidade de racionalidade (espírito).
Quando a Barbie veio para o mundo real, as três partes da alma fizeram sentido e assim ela se tornou Barbara, como revelado ao final do filme durante uma crise de identidade em uma conversa com sua criadora. Barbie não se sabe se é boneca ou humana porque a ideia não sente as necessidades e emoções que ela vinha sentindo desde o momento em que pensou na possibilidade de morte.
Ruth ainda explica para Barbie que ''ideias vivem para sempre, humanos morrem [...] as pessoas inventam ideias, como a Barbie, porque viver é desconfortável'', e a partir desse desconforto que é sentir necessidades, se descobrir um ser racional e entender a razão em si, Barbie entende ela é um ser humano, ''não é algo que eu queira ou tivesse que pedir permissão? Eu só sou?''
Enquanto a Barbie é uma ideia, ela é perfeita, produzindo contrastes negativos as mulheres que vivem no mundo real pela busca do padrão de beleza idealizado, assim que a Barbie se torna Barbara aparecem celulites, estrias etc. e ela atinge o entendimento da imperfeição.
Voltando ao conceito de amor segundo a sacerdotisa Diotima que o amor é a carência de reprodução do belo psíquico que produz o progresso da alma através da educação do desejo, entende-se que o amor é a vontade de passar conhecimentos para o seu amado em uma tentativa de que ele possa amadurecer e obter um crescimento pessoal, ou seja, aprender a controlar as rédeas dos cavalos, controlar os impulsos, as necessidades, emoções e racionalidade de acordo com o que enxerga como certo. Não é apenas atração física, mas é também aconselhar, ser companheiro, mostrar o caminho plausível de conduzir a vida.
E partindo dessa profundidade sobre Alma, o pensamento socrático diz que o discurso é forma de conduzir a alma, ou seja, o discurso tem o poder de mudar as formas que o homem controla as rédeas dos cavalos assim que atinge o ponto persuasivo, logo, a parte da alma que é representada pelo homem é conduzido pelo que o orador disse. Por esse motivo que o discurso é algo perigoso, e segundo as palavras do filósofo ''um orador ridículo capaz de confundir um asno com um cavalo, mas com boas intenções é menos nocivo do que outro que é esperto e explora a ingenuidade da audiência com más intenções''.
Seguindo a afirmação de que o orador precisa necessariamente entender de forma profunda o assunto discursado, Sócrates afirma que para se ter uma boa oratória, o orador conduz o ouvinte a abandonar a opinião inicial de tal questão através de uma apresentação de coisas semelhantes e seguindo passos imperceptíveis e de modo astuto, a audiência é conduzida e quando menos se dá conta abandona a opinião inicial.
No texto são apresentados mais de uma forma de como fazer essa condução, que pode ser através de testemunhos, indícios, verossimilhanças, repetições, máximas etc., porém Sócrates enfatiza que tal condução pode ser feita pela reunião de conceitos de coisas dispersas e distintas definindo-as e pondo-as em uma divisão, e logo depois fazer o inverso, mostrando as afinidades entre si e difundindo seus significados. O pensamento socrático diz que a persuasão é uma ferramenta que faz com que coisas distintas se tornem semelhantes, e a partir daí cria-se uma convicção do que foi dito pelo público, sem estabelecer um compromisso com os vínculos reais, e ele afirma que o público prefere acreditar no que parece ser verdadeiro do que o verdadeiro, prefere acreditar nas probabilidades. Inclusive, esse pensamento traduz todo o livro 1984 de Orwell.
Um exemplo no Brasil atual para se compreender melhor como funciona essa persuasão, é perceber como as religiões que originalmente pregam sobre o amor adotaram pautas políticas que são contrarias ao significado do amor. Entender como líderes políticos e religiosos pegaram as características de amor e ódio que são distintos e as tornaram semelhantes e assim fazer os fiéis adotarem argumentos equivocados para a defesa de tais pautas baseadas em passagens bíblicas que são interpretadas de tal forma visando conduzir a massa para tal seguindo político, distorcendo completamente os significados verdadeiros daquelas passagens.
E no final, o conceito de João 8:32, conhecer a verdade não é somente sobre conhecer Deus, mas sim sobre o que originalmente a bíblica prega, que é reforçado por Sócrates ao final do livro sobre conhecer a verdade quando finalmente atinge o objetivo quanto a Fedro.
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Enzo.Baleeiro 18/08/2020

Caro Sócrates...
Primeiro livro de Platão no qual eu li e compreendi aquilo que se aprende nele durante a aula. Sim, o mundo das ideias, a dialética platônica, maiêutica... tudo dentro desse diálogo platonico. Me lembro claramente do momento no qual Sócrates estava se debatendo sobre discursos Belos, apresentando seu método A Dialética Platônica. Um ótimo livro
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andreagueiro 31/12/2020

Uma reflexão sobre a retórica
Estudei Fedro na aula de Clássicos na facul e me apaixonei demais, o livro é muito bom e pra quem estuda os pensamentos de Platão/Sócrates deve ser realmente grandioso e perfeito. Pra mim, ficou com 3,5 pois achei um pouco tedioso, já que tem uma parte inteira do Sócrates ensinando retórica pro Fedro, e fiquei bastante tempo nessa parte. Tirando isso, as ideias expostas nele e toda a história as redor (Sócrates-Lísias-Fedro) foram maravilhosas, gostei muito!
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Ramalho 18/04/2021

O livro tem dialogos profundos e muito belos cujo tema central é a retórica. Mais precisamente: a beleza da retórica. Socrates em uma conversa com Fedro destrincha o discurso escrito de Lísias sobre amar (erótico) aquele que não está apaixonado ao que está apaixonado, por este estar tomado de loucura.
Por este discurso, Socrates discursa acerca do dom divino de Eros perante o amor, sendo muitas vezes os loucos tocados pelas mãos de deus. Ao par que por dentre o interludio das retóricas, Socrates e Fedro entram acerca da alma.
A discussao acerca da alma surgue do Socrates explicando as 4 formas da alma, em uma parabola muito linda diz que antes do Principio nada existe, por isso é mortal, a alma por fluir do corpo aos céus é imortal.
Logo após isso, Socrates discursa acerca da retórica propriamente dita, fala sobre a diferença da bela retórica para a feia, isso por falar do verdadeiro e falso nisso tudo.
Para finalizar fala acerca do escrito. Da lentidão perante o conhecimento que é a escrita. A escrita parece um ser vivo, mas ao questionar esse ser, ela se perde por nao dizer mais do que existe.

A ediçao é belissima, nao em termos fisicos, mas da qualidade da traduçao, dos dois textos de apoios incriveis, alem de um acompanhamento de leitura no fim que ajuda nos estudos por dentro da obra. Recomendo muito essa ediçao. Nao paguei caro. E é muito boa.
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