Resenhas - Lúcia McCartney

Daniel Assunção 02/11/2021

Cuidado com Rubão
Meu primeiro do autor, e agora entendi perfeitamente porque o posto de um dos melhores desde Machado. Os estoquistas dos clássicos universais estão perdendo a oportunidade. Rubem Fonseca é maior do que muitos na lista, ingleses, russos, americanos.
O termo "obstáculo", defini bem sua prosa.
Para uns, incompreensível.
Ou uma paixão, artificialmente analisada e ainda incógnita.
Para outros um perigo: atira e puxa, atira e puxa, atira no labirinto quando o neguinho começa a pensar que encontrou a cereja e está ganhando o ''bolo inteiro''.
Aqueles que conseguem visualizar a porta de entrada ou saída do labirinto - respira, respira - são os que deixam de esperar que o autor os puxem de volta. Ganham a leitura, ganham para a vida. (Trecho narcisista, hein. Será que saí ou é pegadinha? rs )
Já para os menos atentos e menos afetuosos, o "brutalismo", tantas vezes mencionado aos textos de Fonseca, torna-se o próprio Minotauro-bicho-papão ali puxando, cutucando seus pés de madrugada.
Curiosos de carteirinha têm que ler com amor, se não... (Saí? Ainda rezando, ao menos ;). Enfim, tudo uma obscena, linda e culta brincadeira.
Destaques:
- Um dia na vida
- A matéria dos sonhos
- Asteriscos
- Correndo atrás de Godffrey
- O caso de F.A.
- O conto Lúcia McCartney é emblemático, mas faltou releitura para confirmá-lo como um dos favoritos.

Israel145 29/01/2013

Terceiro livro de contos do autor e com certeza o mais experimental de todos. Nesse livro podemos ver um Fonseca maduro e com um domínio pleno de sua arte. Todos os contos tem um “algo a mais”. Seja a própria estrutura narrativa, seja a metalinguagem presente, seja a poesia concreta ou simplesmente uma história agradável.
O conto homônimo é sem dúvida um dos melhores do autor e requer atenção e esmero na sua leitura. Nesse livro, além dos personagens fonsequianos recorrentes, temos de brinde ainda a primeira aparição do Mandrake no conto “o caso de F.A.” que sem dúvida fica no empate com “Lúcia “McCartney” em termos de qualidade e não deixa dúvida de que os dois são os melhores contos do livro.
Com certeza o ápice da carreira do autor em termos de inovação e qualidade.

Fabio Shiva 28/08/2010

Depois de anos, li pela segunda (terceira?) vez...
...essa edição do Círculo do Livro que traz dois livros de contos de Rubem Fonseca.

“Lúcia McCartney” já é um clássico, inclusive virou peça de sucesso (infelizmente, não vi). Além da história-título, há muitas outras bem interessantes, todas impregnadas desse estilo tão característico do Rubem Fonseca. Uma mistura deliciosa e irresistível, ao menos para meu gosto: erudição e libidinagem, violência e lirismo, cenas bizarras e muita ironia!

Alguns contos apresentam personagens que irão aparecer em outras histórias futuras. É o que ocorre em “O caso de F.A.”, que traz o advogado Mandrake, um dos maiores heróis de Rubem Fonseca. “Um dia na vida” traz a curiosa presença de Professor, que será um personagem-chave do romance “A Grande Arte”, protagonizado pelo citado Mandrake. É sempre um deleite para o fã identificar essas curiosidades!

“Lúcia McCartney” traz ainda uma espécie muito curiosa de mini-contos, talvez até mais próximos da poesia, que são bem característicos de Fonseca. O genial “Corrente” já foi reproduzido em uma outra resenha aqui em nossa comu. Tomo a liberdade de reproduzir a seguir “Os Inocentes”, no mesmo estilo.

Os Inocentes – Rubem Fonseca

O mar tem jogado na praia pingüim,
[tartaruga gigante, cação, cachalote.
Hoje: mulher nua.
Depilada pareceria enorme arraia podre.
Porém cabelos e pelos lembram animal da
[família do macaco;
corpo lilás de manchas claras mármore de carrara
[incha exposto;
sangue, tripa, ossos perderam calor e pudor;
olhos, lábios, boca, vagina: peixes devoraram.
Banhistas instalam barracas longe da coisa morta,
logo envolvida por enorme círculo de areia, indiferença,
[asco.
Policial limpa suor da testa, olha gaivota, céu azul.
Afinal rabecão: corpo carregado.
Espaço branco vazio cercado
pelo colorido das barracas, lenços, biquínis, chapéus, toalhas,
por todos os lados.
Chega família:
“Olha, parece que reservaram lugar para nós.”

Ronaldo 05/03/2011

Muitos experimentos
É um livro irregular. muitos contos e muito diferentes uns dos outros. No geral, é um livro maravilhoso. adorei muitos contos, outros admito não ter curtido tanto, mas acredito que seja por se tratar de uma época em que o Rubem ainda se permitia experimentar. Obviamente não posso apreciar todos os experimentos, mas gosto da idéia do autor não ficar preso a zona de conforto.
Neste livro, li os melhores contos de sua carreira, como o homonimo, Lúcia McCartney e o genial ***(Asteriscos)
Óbvio que não são os únicos que gostei, mas são os mais marcantes, sem dúvida!

Greice 22/12/2013

Lúcia McCartney
Livro de contos de Rubem Fonseca. O principal deles dá nome ao livro e apresenta uma narrativa moderna e cheia de intertextualidade. A maneira como se conta as histórias é o grande lance desse livro.

Antonio Maluco 19/01/2017

Expectativa x Realidade=Decepção
só gostei de alguns contos do livro mas to ansioso em ver a série Lúcia McCartney no canal a cabo GNT

Daniel 28/10/2017

Se Tarantino fosse um escritor brasileiro
Apontado pela crítica como um dos maiores escritores brasileiros vivos, mestre da narrativa curta nacional, Rubem Fonseca é uma figura única na literatura brasileira contemporânea. Essa coletânea, publicada originalmente em 1970, reúne dezenove contos consagrados do autor, que vão do suspense policial à ficção científica, do noir ao brutal, em uma leitura veloz e envolvente.
A prosa de Rubem Fonseca é essencialmente visceral. Em sua literatura, não há assunto sórdido o suficiente para não ser retratado. Fonseca é um realista com técnicas pós-modernas.
Utilizando - se de uma linguagem contida, dura e enxuta, repleta de gírias, palavrões e descrições rápidas, como flashs cinematográficos, os contos retratam situações típicas do submundo das grandes cidades, repleto de ladrões, policiais, psicopatas e prostitutas. Mesmo tendo sido publicada na década de 70, a obra continua inovadora por sua ousadia formal, usando os mais diferentes recursos para captar a atenção do leitor e criar uma narrativa ágil. Há contos em forma de notícia de jornal, crítica literária, em versos, em diálogos e outros formatos que impressionam pela originalidade.
A violência, tema que permeia toda a obra de Rubem Fonseca, pode ser sentida em toda a sua intensidade. É uma violência ao mesmo tempo sórdida e lírica, sombria e cômica, quase como se estivéssemos assistindo a um filme do Tarantino. Aliás, acho que se Tarantino fosse escritor suas obras não seriam muito diferentes das de Rubem Fonseca.
Personagens icônicos como o advogado Mandrake, Lúcia McCartney e outros anti - heróis demonstram a habilidade do autor para criar personagens complexos, humanos e imprevisíveis.
Por trás de uma atmosfera noir, em tramas as vezes irônicas, as vezes perturbadoras, Fonseca reflete os dramas humanos universais: a traição, a violência, a pobreza e a indiferença para com o próximo.

Luiz Miranda 09/01/2020

Contos do Mestre
Dos 3 livros de contos que li do Fonseca, este é o mais experimental e irregular. As marcas do escritor estão presentes: diálogo ágil, violência e o leque de desajustados de toda espécie. Claro que não poderia faltar o Philip Marlowe carioca, Mandrake.

Momentos brilhantes, como o que dá título a obra e O Caso de F. A., dividem espaço com experimentalismos pra lá de chatos, como Um Dia na Vida e Correndo Atrás de Godfrey. Temos também uma curiosa incursão pela distopia (O Quarto Selo) e uma hilária tiração de sarro com o teatro (Asteriscos), entre muitos outros momentos que alternam do interessante ao enfadonho.

Para fãs do Rubem é obviamente obrigatório, para marinheiros de primeira viagem eu recomendaria dar uma espiada antes em O Cobrador e Feliz Ano Novo, ou partir logo pra obra-prima A Grande Arte.

3 estrelas

Adriana Scarpin 28/04/2020

Normalmente livros de contos acabam sendo irregulares pelas varações narrativas (isso se você não é o Borges que consegue construir em cada conto uma obra-prima, é claro), esse é quase perfeito, o único incômodo que senti aqui foram as narrativas envolvendo gringos que mesclavam as línguas nas frases como se fossem um jovem empreendedor no Brasil contemporâneo e eu ODEIO como falam os jovens empreendedores no Brasil contemporâneo.
No mais, é livraço.

Iagne 05/05/2020

Lúcia McCartney (Rubem Fonseca)
O terceiro livro de Rubem Fonseca, o terceiro livro de contos. Ele continua muito bem sua abordagem desse submundo. Confesso que não gostei tanto dos contos curtinhos desse livro, e não achei fluída a leitura dos contos bilíngues com frases com mais de um idioma. Entretanto contos como Lúcia McCartney, O quarto selo,
O caso FA (Origem de Mandrake) não deixam a desejar.

alex 10/05/2020

Título original: "Ficção e não"!
Primeira observação: quero de volta o título original.

Não entendi o motivo de nomear uma coletânea de contos com o título de um deles. Particularmente pq há outros contos tão bons qto esse!

A publicação original é de 1969. Tendo isso em mente, pode-se observar uma grande diversidade de testes e estilos literários. Pareceu-me que não houve receio na experimentação. Alguns deram muito certo; outros nem tanto.

Meus 4 prediletos:
- "Lúcia McCartney" (obviamente);
- o futurístico "O Quarto Selo";
- "O caso de F.A.", que nos apresenta o detetive Mandrake; e
- o hilário e mais que sacárstico "Asteriscos" (uma peça de teatro cujo roteiro e o guia telefônico).

Emanuell K. 21/02/2021

Narrativas secas, duras e reais! Recomendo!

@apilhadathay 22/08/2021

Gostei muito!
Eu precisava ler mais do Fonseca há um bom tempo. Estou analisando uns contos e foi bom conhecer mais a fundo dele. LÚCIA MCCARTNEY (livro) trouxe contos que me encantaram e chocaram:

1- Desempenho - amei
2- Lúcia McCartney - emocionei-me
3- O Quarto Selo (Fragmento) - meu bebê, suspeita a falar
4- O caso de F. A. - curioso
5- *** (Asteriscos)
6- Âmbar Gris
7- Meu interlocutor
8- O encontro e o confronto
9- Um dia na vida
10- Corrente
11- A matéria do sonho
11- Correndo atrás de Godfrey
12- Véspera
13- Zoom
14- Os inocentes
15- J. H. Harder, Executive
16- Os músicos
17- Manhã de sol
18- Relato de ocorrência em que qualquer semelhança não é mera coincidência.

Posteriormente, posso falar mais detalhadamente dos demais. Por enquanto, os 4 primeiros são meus favoritos e valeram o livro pra mim S2

site: www.instagram.com/apilhadathay

Luciano.Pierre 31/07/2022

A arte da prosa
Nessa coletânea de contos pude comprovar minha preferência pelo Rubem Fonseca como o melhor e mais original prosador brasileiro. Alguns dos contos não achei tão bons (um ou outro pareciam não fazer o menor sentido), mas a maioria é daqueles de não se consegue parar de ler.

Eliane Sousa 08/01/2023

Primeiro livro do Rubem que realmente não gostei. Vários contos eu pulei porque estavam impossíveis de entender alguma coisa. Não vale a pena a leitura.