spoiler visualizarAl2 29/04/2012
The Darkest Seduction - O Fim de Uma Era
Paris foi de início o grande amante, sedutor e alegre, e conformado com o seu destino, embora guardasse dentro de si o seu desejo mais recôndito, encontrar uma companheira com quem pudesse dividir uma vida. Até o encontro de Sienna e sua perda subsequente. A alegria se foi, deixando em seu lugar sombras, dor e desespero, e uma fúria implacável.
Paris irrevogavelmente ultrapassou a linha entre o certo e o errado, sabendo que suas ações eram condenáveis. Assassinou insensivelmente, seduziu metodicamente, mentiu, enganou e traiu, sem remorsos. Não importava quem ou o que se interpusesse em seu caminho, era um obstáculo impedindo-o de alcançar Sienna, e os obstáculos deveriam ser eliminados, sempre. Paris foi implacável em sua busca, com uma intensidade que crescia paulatinamente com o seu desespero.
Mas o reencontro de ambos não poderia ser mais surpreendente. Em Sienna Paris encontrou compreensão e aceitação, a indulgência que ele tanto necessitava. Como a nova Guardiã do Demônio da Ira ela testemunhou todos os seus pecados, sem que ele tivesse de confessá-los, e nunca proferiu uma única condenação.
Mas ambos ainda resguardavam dentro de si medos e inseguranças; ela acreditando que ele nunca a perdoaria por tê-lo traído e ele acreditando que ela nunca o perdoaria por tê-la condenado; e apesar das palavras de indulgência de um para o outro, ambos acreditavam que nunca poderiam obter a confiança do outro. Ela outrora uma Caçadora, ele um Senhor do Submundo... apesar dela ser agora uma Senhora do Submundo, em seu coração ela ainda era humana, o que Paris não compreendia é que sua nova condição mostrara a ela o quanto ela foi tola, por culpar os Senhores pelo mal do mundo ignorando o livre arbítrio dos humanos, e que ela já não resguardava dentro de si nenhum tipo de mágoa ou reservas em relação aos Senhores, mas que os admirava por conter aos demônios e tentar minimizar o mal que poderiam causar.
Paris de início não amava Sienna, como poderia? Ele não a conhecia. A sua busca desesperada era pelo futuro que ele desejava para si, ter uma mulher que ele pudesse reclamar como sua e se doar como seu. Mas com o seu demônio isso nunca seria possível, pois ele só poderia estar com uma mulher uma única vez, depois ele teria que buscar a outra, por uma simples questão de sobrevivência, do contrário enfraqueceria e morreria, e a sobrevivência ganhava todas as vezes, por cima de seu sentido de honra e por cima do seu coração. Sienna foi a única que despertou seu corpo uma segunda vez, ele poderia tomá-la mais uma vez, talvez até algumas outras mais, mas mesmo que isso fosse possível, isso o fortaleceria? Se não, como ele poderia construir algum tipo de relacionamento com ela se cedo ou tarde teria que traí-la, não uma única vez, mas várias? Isso a destruiria, isso o destruiria. E se traísse Sienna, destruiria tudo o que conseguira construir, bem como seu coração, seu senso de confiança e qualquer indício de inocência, ele a arruinaria irremediavelmente. E escondido em um canto mais obscuro de sua alma, havia a crença de que ela nunca poderia amá-lo, e ele desejava isso, ele desejava o seu amor não apenas o seu desejo, ele queria que ela o tomasse pelo homem que ele é e não pela atração que seu demônio exerce. A única certeza que ele tinha é que ele precisava salvá-la, libertá-la do domínio do Rei Deus, isto era o certo a fazer, isto era a única coisa a fazer; mas mesmo sabendo de tudo isso ele a desejava, com uma fome esmagadora.
Sienna tinha, a seu turno, o seu próprio tormento. Acreditava que o que fizera com Paris, tendo-o drogado, torturado e quase matado, foi algo imperdoável, ela não acreditava que merecesse a sua misericórdia, mesmo ele a tendo dado, porque ela mesma não poderia se perdoar, a culpa era um carrasco que ela teria que carregar, e a falta de confiança dos outros Senhores e o seu desejo de que ela se afastasse de Paris não foi nada além de merecido. Sendo a nova Guardiã do Demônio da Ira ela pôde ver todas as atrocidades cometidas pelos caçadores em nome de uma pretensa paz que era nada mais que uma utopia; ela pôde ver o prazer que eles sentiam em roubar, violentar e matar indiscriminadamente, em uma guerra insana em favor de um suposto Bem Maior, e ela pôde ver que mesmo inocentemente ela ajudara nesse ideal distorcido de mentes doentias, contra os Senhores, que queriam simplesmente viver em paz. Ela fora manipulada é certo, como uma grande parte dos Caçadores o foi, uma lavagem cerebral inteligentemente arquitetada, baseada em suas fraquezas e traumas, mas ainda assim ela não poderia oferecer misericórdia ou qualquer tipo de perdão, não mais. E o fato de que cada um parecia querê-la ao seu lado, como aliada numa suposta guerra eminente, só fez com que seu tormento se agravasse, pois ela tinha sua própria guerra para vencer, uma guerra em que ela teria que abrir mão de seu guerreiro, para protegê-lo, ele nunca saberia o quanto ela o amava, o quanto ele havia conquistado o seu respeito, sua admiração e o seu amor.
E como se não fosse suficiente, as manipulações de Cronus foram só mais uma sombra sobre o relacionamento de ambos. Cronus foi sem sombra de dúvida um capítulo a parte, e sua cobiça foi a sua ruína. O final do romance foi incrivelmente surpreendente.
Os demônios de Paris e Sienna, Sexo e Ira, foram o toque de humor, sem dúvida. E o reencontro de Ira com Olívia e Aeron... foi comovente: Paraíso... amigo, meu amigo...!!!
O sequestro de Ashlyn foi um grande sobressalto; e o seu parto, assim como Ever e Urban, surpreendentes. Esses bebês híbridos, metade humano metade demônio, nos reservam grandes surpresas sem dúvida.
Galen e Legion, e o fato de que ele realmente se importa com ela, foi emocionante e surpreendente.
O que ocorreu com o Kane no inferno foi algo... doloroso. A exclusão, a solidão, e o fato de ser um desastre esperando pra acontecer, parecem não ser suficiente, ele ainda tinha que experimentar a humilhação, a degradação, o desamparo, o horror e a vergonha que ele experimentou no inferno. Isso quebrou meu coração.
O surgimento da Guardiã do Demônio do Narcisismo, Viola; do Guardião do Demônio da Obsessão, Cameron; do Guardião do Demônio da Indiferença, Púkinn; e da Guardiã do Demônio do Egoísmo, Winter; foram mais uma das surpresas reservadas pela Gena neste romance.
O Reino de Sangue e Sombras, o Inferno, o Céu, a Terra,... , a mudança constante de cenários causa fortes impressões.
Sem falar das pequenas revelações que são feitas aqui e ali, que nem por serem pequenas são menos impressionantes.
Um romance completo sem sombra de dúvida, como a muito tempo eu não via. Sem falhas nesse intricado jogo de linhas construído pela Gena. Valeu cada momento de espera.
Gena, sem dúvida, fechou um ciclo, uma nova era se inicia para os Senhores do Submundo, para os Deuses, e para a Humanidade!!!