Luiza 20/05/2019
A Idade Média encantada da excepcional Rosa Montero
Esta é a segunda vez que leio este livro. E foi melhor do que a primeira. Chorei ao terminar... Como Rosa Montero escreve bem, com toques poéticos...! Traz filosofias de vida de uma maneira belíssima, e leve. Mistura com muita harmonia História e Fantasia.
Eu realmente me transportei para o mundo medieval, mais do que durante a primeira leitura... Provavelmente porque, o longo dos anos, acabei acumulando muito conhecimento sobre a Idade Média, sobre literatura, sobre os conflitos e personalidades dessa época, sobre alguns mitos...
O livro inteiro é maravilhoso e em momento algum entendia. Não tem um estilo rebuscado, embora seja escrito com maestria.
Recomendo muitíssimo a leitura, a História é um encanto.
TRECHOS DESTACADOS - CONTÉM SPOILERS
— É o torneio mais mísero e deplorável que eu já vi em minha vida. Só dura um dia! Precisavas ter estado em Camelot, nas justas da corte do rei Artur. Aquele, sim, era um espetáculo grandioso. Os torneios se prolongavam durante duas semanas, e os guerreiros mais famosos participavam.
Estou começando a me acostumar às extravagâncias de Nyneve, mas isso é demais:
— Não pretendes me dizer que viste realmente esses torneios...
— De fato, mais de uma vez.
— Mas isso aconteceu há centenas de anos!
Nyneve ri:
— Estou muito bem conservada, é verdade... Mas eu os vi, sim. E conheci todo mundo: Artur, Ginevra, Lancelote, Gawain... Convivi com eles muito mais do que você possa imaginar.
Sua boca sorri, mas seus olhinhos negros estão muito sérios. Sinto uma pontada de emoção: e por que não? Todos sabem que as bruxas existem, que os feiticeiros não morrem, que há personagens mágicos para além das leis da carne. Por que Nyneve não seria um deles?
— E também conheceste Merlim?
Nyneve franze a boca:
— Oh, sim, Myrddin... claro que eu conheci esse farsante.
— Farsante? E por que o chamas Myrddin?
— Esse é o seu verdadeiro nome. E ele não era mago. Era um bardo com uma bela voz e uma notável habilidade para usar as palavras... Seu grande acerto foi o de narrar pela primeira vez a história de Artur... E contou-a ao seu bel-prazer e à sua maneira, tal como quis. Inventou a metade. Colocou-se a si mesmo como personagem e reservou-se a parte mais brilhante. Sim, nós nos conhecemos bem. Bem demais. E como, no fim, as coisas entre nós azedaram, Myrddin se vingou inventando para mim um papel infamante.
— Para ti? Como?
— Disse que eu havia enganado o grande Merlim; que fingi me apaixonar por ele para me aproveitar de sua grande sabedoria. Que, com más artes de mulher, obtive dele todos os seus segredos de necromante, e que por fim o encerrei para sempre no interior de uma montanha por meio de um feitiço.
— Mas isso foi Viviana quem fez!
— Nyneve, Viviana, Niviana, que importa...? Eu tenho muitos nomes. Os nomes, como as verdades, dependem de quem os utiliza. De fato, o êxito da mentira de Myrddin me obrigou a denominar-me de outro modo. Mas, olha, acaba de chegar uma autêntica grande Dama...
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Com Nyneve, li "O livro dos monstros", um compêndio da obra latina de um tal Plínio, que é um sábio dos tempos antigos, traduzido para nossa língua. É um livro inacreditável, no qual cabe o mundo. Por ele, inteirei-me de que existem confins remotos nos quais vivem homens com uma só perna, e com o pé tão grande que eles o usam, quando deitados, para resguardar-se do sol. E também há seres que carecem de boca, e que se alimentam cheirando a comida. Nunca pensei que a Terra fosse um lugar com tantas maravilhas.
— Não deverias acreditar em tudo o que lês — aconselha-me Nyneve.
— Mas se tu mesma me disseste que o saber está nos livros!
— Sim, mas nem sequer o saber é totalmente confiável... É preciso aprender a distinguir.
Mas em Plínio eu acredito. Ele conta que, ao norte de tudo, há um lugar muito parecido com o Paraíso. Decorei suas palavras: "Acredita-se que lá se encontram os gonzos do mundo. É uma zona temperada, de clima agradável, isenta de todo tipo de vento nocivo. Toda discórdia e todo sofrimento são desconhecidos para seus habitantes. A morte só lhes sobrevém quando eles estão fartos de viver". Ele diz que essa é a terra dos hiperbóreos; mas um lugar cálido e eterno no frio norte, que outra coisa pode ser senão Avalon? A ilha de que meu Jacques falava, a região da doçura e da beleza, existe em algum lugar e nos espera. E Plínio diz também: "Para um mortal, Deus significa ajudar outro mortal, e esse é o caminho para a glória eterna". E esse Deus me agrada, eu o compreendo. É melhor do que o Deus do Santo Jó, como dizia a Duquesa outro dia. Todos esses livros, percebo, estão me modificando por dentro. Eu não podia imaginar que isto de ler era como viver.
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— O revestimento de chumbo da arca me pareceu ofensivo... Mas, além disso, convém dizer que o meio-irmão de Dhuoda deve ser um homem lido... Ou pelo menos deve conhecer os feitos da corte de Camelot, tais como os deformou ou os inventou o velhaco do Myrddin... Porque Myrddin diz que Morgan Le Fay, a grande bruxa Morgana, a meia-irmã de Artur, tentou assassinar o rei com uma capa envenenada... Evidentemente, tudo isso é mentira; quem tentou envenenar Artur foram os reis saxões, e não com uma capa, mas com um faisão contaminado. Mas a verdade, é claro, não ficaria tão bela e literária. Seja como for, quando apareceu a capa eu me lembrei do conto de Myrddin, e isso me fez suspeitar mais facilmente do suposto presente de Leonor.
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As palavras emocionadas saem da boca depressa demais e costumam terminar dizendo coisas que não são totalmente verdadeiras. E devemos ser respeitosos com as palavras, porque elas são as vasilhas que nos dá forma... A alma está na boca. Mas, para nossa desgraça, os humanos já não respeitam o que dizem. Descubra o veneno escondido em um verbo sedoso, pois as palavras não devem ser como mel, pegajosas e espessas, doces armadilhas para moscas incautas, e sim como cristais transparentes e puros que permitam contemplar o mundo através delas.
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Estamos no palácio há quinze dias e dentro de uma semana começará o Grande Torneio, evento que está atraindo a Poitiers uma multidão de nobres, cavaleiros e damas. Agora mesmo está na corte Maria de Champagne, filha de Leonor e do rei da França, uma jovem bonita e judiciosa, mas carente do magnetismo da mãe. Mesmo assim, Chrétien de Troyes escreveu "O cavaleiro da carreta" inspirado por ela.
Para meu desencanto, Chrétien não está na cidade. Mas conheci alguém ainda
melhor: Maria de França, uma dama de mente agudíssima de quem se diz ser meia-irmã do rei inglês Henrique II, o marido da rainha. Essa Maria é a autora de uns relatos muito belos, os Lais, que comecei a ler quando cheguei aqui. Mal posso crer que, sendo mulher, ela se atreva a escrever, e que o faça com tanta beleza. Seu exemplo me deslumbra e me envenena: sinto a coceira das palavras que se atropelam nas pontas dos meus dedos. Talvez eu também ouse escrever algum dia. Talvez saiba fazê-lo algum dia.
Aqui também estão vários dos filhos de Leonor com o rei Henrique. Os dois com quem temos tido mais convívio, porque participam das reuniões e dos jogos, são Godofredo, um brioso rapazinho de 14 anos, e Ricardo, que é o favorito da rainha, a ponto de aos 12 anos ter sido nomeado por ela duque de Aquitânia. Agora Ricardo tem 15 e é o mais parecido com Leonor, tanto em seu físico trigueiro e espigado, de olhos deslumbrantes, como no temperamento e na inteligência. Como guerreiro, é formidável: eu o vi exercitar-se, e ele desconhece o medo. É um jovem tão moderado e prudente, tão valoroso e magnânimo, que ganhou o apelido de Coração de Leão. Lamento que meu Mestre não possa conhecê-lo: sei que Ricardo é o modelo de cavaleiro que ele quis me inculcar.
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"O mero fato de se acreditar no destino provoca justamente que esse destino se cumpra. A verdade é que, afora a morte, não existe nada irremediável, exceto a própria covardia. Os homens costumam chamar de destino aquilo que eles acontece quando perdem as forças para lutar".
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Já te expliquei mil vezes... Eu sou uma bruxa de conhecimento. Foi isso que pedi a Merlin. Porque o conhecimento é mais perdurável do que os famosos encantamentos perduráveis. Não confundas o mistério do mundo, suas forças inexplicáveis e a imensidão de tudo o que não sabemos, que é o que sustenta a verdadeira magia, com os truques baratos dos feiticeiros de feira. O mau olhado não existe... desde que acredita-se que ele não existe.
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Sinto que as lágrimas voltam a assomar à beira das minhas pálpebras e desta vez não me contenho: eu estou sozinha, ninguém me vê, ninguém saberá desta debilidade. Choro e as lágrimas, ao caírem, fazem cócegas nas minhas faces. Choro e descubro que chorar é prazeroso.
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Preciso tocá-lo! Todo o meu corpo tende para ele, toda a minha pele me empurra, como se eu fosse um daqueles ferros trêmulos atraídos pelas emanações da pedra-ímã. Mas não me movo. Fico totalmente quieta, entregue, uma mosca apanhada numa teia de aranha.
León, sem levantar-se, dá um impulso com os braços e se desloca sobre o chão, transpondo a pequena distância que nos separa. Agora está muito perto. Noto o calor do seu alento, o rico odor de potro do seu corpo. Suas mãos pousam em meus ombros e eu sei que ele vai me beijar: meu peito explode de ansiedade e do mais gozoso desejo de aniquilamento. Sinto que me desmancho, minhas entranhas choram lágrimas viscosas, quero que ele me devore e me rompa, quero deixar de ser eu e meter-me embaixo de sua pele.
Então seus lábios caem sobre mim e me abrem, as línguas se entrechocam. as salivas se misturam, as roupas se rasgam e os corpos se agarram com uma necessidade desesperada. Esfregamo-nos e nos apertamos até alcançar as dobras mais recônditas, ainda mais perto, mais dentro ainda, até chegar a tocar-nos o coração. Ele me derruba no chão, separa minhas pernas com suas pernas, me cobre por inteiro, preenche até meu último resquício com a inflamada entrega de sua carne, somos uma só criatura com duas cabeças e eu sinto que morro e sou feliz.
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Agora mesmo, da janela de nossa casa, estou vendo o repugnante espetáculo dos flagelantes. Que é outro dos sintomas da época em que vivemos, outro dos sinais do nosso pequeno Apocalipse.
Aí embaixo, cobrindo a rua, está um tropel de fanáticos febris. São uns duzentos, todos varões. Alistam-se por trinta e três dias, em alusão à idade de Cristo. Durante esse tempo não podem tomar banho, nem barbear-se, nem trocar de roupa, nem dormir num leito, nem deitar-se com mulher.
Três vezes por dia, dispõem-se em círculo, despem-se até a cintura e açoitam selvagemente as próprias costas com látegos de couro rematados por pontas de ferro. Como agora.
Escuto o som seco das chicotadas, os gemidos involuntários que alguns emitem, o alarido de suas invocações enquanto se flagelam:
— Salva-nos, Senhor!
Se uma mulher ou um padre atravessarem o círculo, a cerimônia da dor tem de recomeçar.
Os flagelantes vão percorrendo as aldeias com seus modos ferozes e entram nas igrejas, saqueiam altares, interrompem missas; dizem que até apedrejaram alguns clérigos que tentaram opor-se ao seu avanço depredador.
Eles dão asco e dão medo: daqui de cima, vejo suas costas sanguinolentas e a cega fúria com que se golpeiam. Espero que deixem logo a cidade.
— Perdoa-nos, Senhor!
Os flagelantes prosseguem com seu ritmico golpear e sua gritaria. Eles me dão náuseas. São a vanguarda do obscuro mundo que nos espera. Um mundo talvez muito mais tenebroso do que jamais chegamos a imaginar, nem mesmo no pior dos nossos pesadelos.
Hoje, Nyneve voltou para casa tão tremula e pálida que, por um momento, achei que ela havia adoecido com a peste. Mas não. Vinha transtornada pelas últimas notícias:
— O Papa criou o Santo Tribunal da Inquisição... Agora que já venceu militarmente seus inimigos, o Sumo Pontífice quer acabar com eles também civil e socialmente, perseguindo-os e arrancando-os de seus lares, queimando-os um a um... — disse ela com amargura.
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Madureza: vislumbre de entendimento do mundo e de si mesmo, intuição do equilíbrio das coisas. Aproximação entre a Razão e o coração. Conhecimento dos próprios desejos e dos próprios medos.
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Tenho uma cerveja forte e saborosa como língua de mulher jovem, e tão barata quanto trazeiro de mulher velha...
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A bela virtude da esperança também pode ser, paradoxalmente, a mãe do mais puro pesar, quando essa esperança tem enche a cabeça de ilusões que depois, por não se realizarem, transformam-se em fel e sofrimento.
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Que a Santíssima Virgem ajude nossos amigos cátaros. Estes esperam de pé, na praça de Montségur. Quietos, desarmados e aparentemente tranquilos. Daqui de cima, parecem apinhados como cordeiros. Eu os contei, antes de sair do castro. Se não tiverem ocorrido acréscimos ou deserções, são duzentas e vinte e cinco pessoas. Homens e mulheres, anciãos e jovens. Agora os cruzados desembocam na praça e os vêem. Então se detêm, talvez desconcertados pela silenciosa e serena presença dos albigenses.
O efêmero instante de dúvida terminou. Os cruzados se lançam sobre suas vítimas e tiram-nas do castro aos empurrões. Vejo que os cátaros tentam ajudar seus feridos a caminhar e se dirigem com docilidade para o exterior, desorganizados em seu sereno avanço pelo nervosismo dos captores, que os empurram e os apressam contraditoriamente. Para onde os levam?
Quero sair daqui, devo sair, não quero continuar olhando. Mas as jovens Perfeitas que nos acompanham caíram de joelhos e rezam sossegadamente o Padre-Nosso. Atrás de Montségur, agora me dou conta, há uma grande paliçada que antes não existia. Devem tê-la levantado esta madrugada. É para lá que estão dirigindo os prisioneiros. Contornando a paliçada, do lado de dentro, que Deus nos assista, grandes feixes de lenha. Já estão chegando ali os albigenses, pastoreados com rudeza pelos soldados. Vejo como os vão metendo às pressas dentro do cercado. Daqui não consigo distingui-los, embora aquela pessoinha que não pode caminhar e que é meio arrastada, meio carregada nos braços, deva ser a pobre Esclarmonde, a filha doente do senhor de Perelle: reconheco seu vestido amarelo.
Escuta, ouvem-se cantos. O vento nos traz, entrecortadas. as vozes musicais das vítimas. Retalhos de suas últimas orações. Quatro verdugos com tições nas mãos estão acendendo a lenha nos quatro pontos cardeais da paliçada. A fogueira arde com labaredas ferozes: devem ter posto muito breu. O vento continua transportando até nós fragmentos dos salmos, mas também as primeiras lufadas de uma fumaça penetrante. O cercado logo se transforma numa pavorosa bola de fogo. E eu ainda consigo ouvir as vozes dos mártires! Uma fumarada espessa começa a cobrir tudo. E o bafo nauseabundo, o odor indescritível da pira.
O exército cruzado se retira desordenadamente e desce apressado a ladeira, até situar-se a uma boa distância da fogueira: o calor e a fumaça devem ser insuportáveis. Olho as jovens que nos acompanham: já não rezam, pelo menos não em voz alta. Ainda de joelhos, observam as chamas em silêncio. Pálidas, mas donas de uma calma terrível. Uma lufada de ar quente e fétido nos golpeia a cara. Traz um odor daninho, um odor abominável e pegajoso que te entra pelas narinas e pela boca, que te enche de náuseas a garganta.
Penso na senhora de Lumière, em Esclarmonde, em Corba. Penso nos jovens guerreiros que combateram com tanta bravura durante tantos meses, e que escolheram com impecável coragem esta morte atroz. Conheço bem todos eles, foram meus amigos. São os últimos de uma longa história de luta e resistência, as vítimas finais desta interminável guerra dos cruzados. Afora o pavoroso crepitar da imensa fogueira, já não se escuta nada. Extintos os cânticos reina um silêncio total, o pesado silêncio da repressão.
"Ali morreu a formosa juventude" dizia Robert Wace em seu "Relato de Brut", chorando a carnificina da batalha final do rei Artur, que acabou com as vidas do rei e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Meus olhos se enchem de lágrimas.
— Quantas vezes mais terá de morrer a formosa juventude? — digo com uma raiva seca que se agarra à minha garganta e quase me asfixia.
Nyneve me fita:
— Também podes ver isto por outro lado — responde, olhos vermelhos, expressão serena. — Também odes perguntar-te quantas vezes mais essa juventude continuará nascendo.
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— Continuas escrevendo teu livro de palavras?
A pergunta de minha amiga me surpreende. Endireito-me e olho para ela, que também está trabalhando na horta e descansa apoiada na enxada.
— Sim. Por quê?
— Porque eu queria te presentear uma palavra. A melhor de todas.
— Ah, sim? Qual é?
— Compaixão. Que, como sabes, é a capacidade de colocar-se na pele do próximo e de sentir com o outro aquilo que ele sente.
— Sim, gostei. Mas por que dizes que é a melhor?
— Porque é a única das grandes palavras pela qual não se fere, não se tortura, não se aprisiona e não se mata ninguém... Antes, pelo contrário, ela evita tudo isso. Há outras palavras muito belas: amor, liberdade, honra, justiça... Mas todas, absolutamente todas, podem ser manipuladas, podem ser lançadas como armas e causar vítimas. Por amor ao seu Deus os cruzados acendem as piras, e por aberrante amor os amantes ciumentos matam suas amadas. Os nobres maltratam seus servos e abusam barbaramente deles em nome de sua suposta honra; a liberdade de uns pode implicar prisão e morte para outros; e,
quanto à justiça, todos crêem tê-la do seu lado, inclusive os tiranos mais atrozes. Somente a compaixão impede esses excessos; é uma idéia que não se pode impor a sangue e fogo sobre os outros, porque te obriga a fazer justamente o contrário, a te aproximares dos demais, a senti-los e entendê-los. A compaixão é o núcleo do melhor que somos... Lembra-te dessa palavra, querida amiga, E, quando te lembrares, também pensa um pouco em mim.
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