Luan Miguel 23/03/2023
O título do livro é o que foi a vida de Lúcio Flávio
José Louzeiro, com essa magnifica obra "Lúcio Flávio: O Passageiro da Agonia" alça o segmento romance-reportagem no maior patamar da literatura brasileira, abrindo margens para outras obras de famosos escritores desta vertente literária, como Caco Barcelos.
Neste romance-reportagem não fictício, Lúcio Flávio, personagem central do livro e também da vida real, consegue nos mostrar de uma forma sentimental que toda as suas ações atreladas a criminalidades depois o moldava seu pensamento em torno da culpa, colocando-o sempre em agonia com o que ele poderia ter feito de diferente do passado.
Tudo relatado no livro é real, neste período em que foi escrito é importante destacar o regime militar que operava na época, neste sentido, florescia uma fortificação das forças de seguranças públicas, logo surge então o famigerado Esquadrão da Morte no Rio de Janeiro, sendo este, uma força de extensão da polícia militar do Rio de Janeiro. A partir dai Lúcio Flávio torna sua relação com o Esquadrão da Morte visceral, até a sua morte, tendo como aliado, Mariel Mariscott (retratado no livro como Morett). Entre traições, desconfianças, mortes, roubos, tudo que uma vida voltada ao crime pode proporcionar, Lúcio Flávio torna-se vitima de sua própria agonia em que ele foi construindo durante seu período marginalizado, as idas e vindas das prisões o faziam refletir, aqui então entra o dedo de José Louzeiro contornando os sentimentos de Lúcio Flávio a seu derradeiro fim do sentimento humano.
Importante ressaltar também que, está obra, foi essencial para a criação do filme que leva o mesmo nome, um clássico do cinema, que claro, poderia contar com mais detalhes minuciosos que são descritos no livro, porém, o regime na época não iria permitir tamanha audácia, já que Lúcio Flávio denunciou diretamente a corrupção instaurada na polícia do Rio de Janeiro bem como no Esquadrão da Morte, através de Lúcio Flávio, inicia-se o desmanche do Esquadrão da Morte e do mito em torno do pop star Mariel Mariscott.
Louzeiro consegue nos encaixar dentro da obra, as misturas de sentimentos em que vamos nos envolvendo no livro e no personagem faz com que também pudéssemos refletir acerca da estrutura politica e de segurança do país, celebrado pela eterna frase do personagem principal, Lúcio Flávio: "Bandido é bandido e polícia é polícia é polícia, são como água e azeite, não se misturam".