A maçã no escuro

A maçã no escuro Clarice Lispector




Resenhas - A Maçã No Escuro


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kafkaniana 11/01/2023

Crime e Castigo brasileiro
"Imaginem uma pessoa, que não tinha coragem de se rejeitar: e então precisou de um ato que fizesse com que os outros a rejeitassem, e ela própria então não pudesse mais viver consigo"

O único protagonista masculino de Clarice e o romance mais longo da autora.
Lendo atentamente o monólogo do pássaro no início, todo o resto se torna uma continuação de nova atitude do personagem em lidar com a vida, a ideia de deixar tudo para trás, o crime, a palavra, o olhar, até a forma de pensamento, uma ideia de liberdade que vai além do próprio corpo liberto.
A literatura de Clarice sempre foi considerada algo muito abstrato, e aqui com a criação do Martim, ela tenta transformar o próprio homem em abstração. Um homem que se liberta de ser algo, para se transformar no novo, precisando de um grande estopim em forma de crime, para que enfim, pudesse criar-se novamente, como um Deus em si mesmo.
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Geane.Gouvea 11/01/2023

Desafio 12 livros em 12 meses - Clarice Lispector #livro10
?? Minhas reações, durante a leitura:

?Eita historinha arrastada e detalhada, não termina nunca.. ?????????? (30% de leitura).

?Tá chatinho.. mas vamos em frente!
(40% de leitura).

?Eita livro massante..! (60% de leitura).

?E tem ainda 1h e 13min de capítulo ??
(84% de leitura).

Pois é, queridos, em resumo:
Lispector, ame-a ou deixe-a! ?
E pelo que notaram, eu não sou de abandonar leitura, pois a curiosidade é tamanha pra saber do desfecho!

E neste enredo, temos Martim, Vitória e Ermelinda, que se entrelaçam em um triângulo amoroso, em que a existência concreta importa pouco, mesmo quando se trata de um suposto crime, porque a alta voltagem dramática é alcançada na complexidade sombria da alma de cada um.

Vemos os fatos flutuarem em um clima irreal, sujeitos a um desdobrar-se em sigilos e diálogos internos que atropelam os diálogos da vida real, com muito mais peso do que esses.

? ? Curiosidade:

"A maçã no escuro", é um romance dos anos 1950. Realizado durante o tempo em que a autora viveu nos Estados Unidos, foi concluído em Washington, em 1956. Mas só seria publicado em 1961, um ano depois de "Laços de família", cujos contos primorosos conquistaram um expressivo público para Clarice Lispector.
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dani 04/01/2023

O Revelar de Clarice
Se me pedissem para definir esse livro em uma palavra: limitação. Limitação seria a palavra. Limitação da palavra.

Aqui Clarice explora os limites para se alcançar algo maior, a liberdade.

A gente sente o anseio dos personagens enquanto eles vão fundo, no âmago humano, na procura de sentir algo, de sentir a parte fundamental da vida, daquilo que é essencial.

Este livro é uma homenagem aos nossos crimes, aqueles que cometemos ou que deixamos de cometer, este livro é uma saudação ao que vivemos, é um tributo a nossas ansiedades, a nossas imaginações, ao nosso criar na vida adulta. Este livro é um aceno ao instante, aquele que é pequeno e as vezes deixamos passar sem perceber, e aquele instante que sentimos que pode mudar nosso rumo. Este livro é um camuflar de nossos medos.

Este livro, sinto, é o início daquilo que Clarice acaba por se tornar no futuro.

É o revelar de Clarice.
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Sarah.Santana 13/12/2022

amo os livros da clarice
quero comprar uma versao impressa desse livro, amei a visao em personagem masculino da Clarice, gostei bastante das personagens principalmente da Vitoria.
E gostei bastante do desenrolar do Martin, com certeza lerei outras vezes.
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LER ETERNO PRAZER 27/10/2022

Bom, ler Clarice sempre desperta grandes expectativas, não foi diferente com "A maçã no escuro", obra repleta de reflexões.
Aqui Clarice vai nos conduzir pela trajetória de Martim, um homem que foge numa noite e acaba se refugiando num hotel, logo após numa fazenda, pois o mesmo tinha pensado que havia matado a sua esposa. De maneira essencialmente corporal, o leitor sente toda a agonia física de Martim no decorrer dessa fuga. Com o ambiente criado por Clarice e das sensações extremas que ela nos faz visualizar com sua narrativa, nós, leitores vamos construindo nosso entendimento aos poucos em cada momento passado por Martim! Um longo tempo depois, Martim se encontra no coração do Brasil, fugindo na escuridão, de olhos fechados há duas semanas, desde que sua casa foi incendiada.
No capítulo inicial, Martin aboliu a palavra ?culpa?, a substituindo por ?ato?. Não se arrependera de ter cometido um crime, que ele trocara pela expressão o ?grande pulo?, o qual considerou uma vitória. Nesse momento, os únicos inimigos que possuía era os demais, e não a si próprio.
Mas algo lhe toca profundamente e logo ele se arrepende de tal pensamento, o que dá ao leitor a impressão de Martim ser uma espécie de psicopata, tenta justificar e perdoar o seu ato, para dessa maneira, continuar vivendo. Ele é desprovido de qualquer moralidade, não possui empatia pelo próximo.
Em sua fuga ela acaba se separando com um sítio e a dona do sítio,Vitória, acaba por contratá-lo em troca de abrigo e alimento. Lá ele também conhece Ermelinda, prima de Dona Vitoria. No segundo capítulo, Martim se sente feliz, e com enorme anseio de comunicar-se. As lembranças de sua vida anterior vem à tona, lembra do seu filho. Ermelinda passa a querer conquistar Martin, mas este a ignora sem pestanejar.
Clarice, usa de toda a sua magistral capacidade de penetrar no fundo da alma humana e vai fazendo profundas descrições do mundo interior de Martim, o qual busca a sua ?reconstrução? como ser humano depois de assassinar alguém. Mais para frente, quando ele já havia deixado o sítio ao suspeitar de que Dona Vitoria estava no hotel, após ela falar em alemão e ele reconhecer; Martim é chamado pelo prefeito de Vila Baixa e dois investigadores. Martin, então revela que não é engenheiro, mas sim ?estatístico?, e é apenas na página 310 que o leitor tem conhecimento do motivo do crime.
Para não solta spoiler finalizo por aqui deixando em aberto muito mais detalhes que mostra o quanto "A maçã no escuro" pode lhe surpreender.
Uma ótima obra de uma autora que consegui deixar o leitor sempre com profundas reflexões após mergulhar nas suas histórias!!
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gabbiedb 20/06/2022

A habilidade da Clarice de entender e transmitir em palavras o que há de mais profundo em cada personagem me surpreende demais.

"A gente se atrapalha quando quer falar, mas todo o mundo sabe tudo" - essa é uma das conclusões que eu mais gostei. Mas, na verdade, a narrativa é cheia de conclusões que se complementam e se contradizem ao mesmo tempo. O que só torna tudo mais incrível.

A autora me fez sentir empatia por um homem que cometeu um crime. Confesso que me senti enganada por isso, o que não faz sentido nenhum. Ela não escondeu nada de mim - pelo contrário, escreveu com todas as palavras, várias e várias vezes, que algo havia acontecido, e que esse era o exato motivo para que os pensamentos se desenrolassem. Mesmo assim, quando tudo foi revelado, era como se eu nunca pudesse ter antecipado que aquilo fosse verdade.

Cheguei a ter dor física lendo essa história (mal posso esperar para ler a próxima).
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igsuehtam 30/01/2022

A maçã no escuro.
Esse deve ser o livro mais diferente da Clarice que eu já li. Achei o começo bem diferente, não há tantas intromissões dela, mas ao longo da narrativa o personagem vai se revelando, vai se questionando e é aí que a coisa começa. E termina num triunfo.
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Jamyle Dionísio 07/12/2021

Um mundo tateado
Não, não é um livro fácil. O início é uma provação: Martim foge por quarenta páginas. Foge. E chega ao deserto. Sim, é uma provação: quarenta páginas, quarenta dias no deserto (será uma coincidência?).

Martim mergulha na loucura, que é a perda da linguagem. A linguagem, que nos dá humanidade e nos conecta aos outros humanos, à civilização. Martim habita, portanto, o escuro. E dali, do escuro - escuro também é o útero - ele reaprende a Ser. Primeiro, identificando-se com as pedras, depois as plantas, depois os ratos, depois? (tem que ler, meu bem. Tem que ler.)

(Reaprende a Ser ou Nasce, novo? Tenho que pensar sobre isso?)

Martim chega à fazenda de Vitória, onde começa a fazer todo tipo de trabalho em troca de abrigo e comida. E ali, aos poucos, ele religa os elos quebrados de si. Reconstrói a memória: descobre por que fugiu, afinal. Sim, porque ele foge depois Daquilo. Do Ato. Do crime(?)

Clarice escreveu A Maçã no Escuro em Washington, onde vivia enquanto o marido, diplomata, servia na Embaixada do Brasil. Martim é Clarice que, perdida no exterior (ela não gostava de viver longe do Brasil), tateava o caminho de volta para ela mesma.

(Spoiler: Clarice separa-se do marido e volta para o Brasil)

https://www.instagram.com/chadepalavra/p/CU5AvdCLET0/?utm_medium=copy_link
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Antônio 22/08/2021

O que está por trás da agonia de ser humano? É a sua linguagem? É a procura por um sentido? Ou seria apenas o conjunto de coisa que se faz uma pessoa? Essas são algumas das infinitas perguntas que atravessam Martim, o protagonista de A Maçã no Escuro (o primeiro protagonista masculino de um romance de Clarice).

A sua jornada por autoconhecimento se confunde com a origem de todas as coisas. As alegorias à criação do mundo me foram bastante evidentes durante o livro, até que vi que a própria Clarice já confirmou que a obra se tratava disso: um estudo sobre a criação de tudo. E a criação da criação passa necessariamente pela linguagem. É a linguagem uma das protagonistas desse livro, não estando somente na condição de traduzir e descrever a realidade, mas de dizer o que está posto da forma mais corajosa possível; é a insubmissão da linguagem em face do destino que querem que ela tenha.

Acima de tudo, A Maçã no Escuro vem nos mostrar a possibilidade de ultrapassar as barreiras do ser. E ultrapassar as barreiras da própria literatura e da narração, uma vez que, ao longo do livro, fatos e acontecimentos são postos em suspensão para dar início a longos fluxos de consciência. Talvez o essencial esteja se passando dentro de nós, afinal de contas.
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Marcos Nandi 06/08/2021

Não ter esperança é um luxo
A história do livro começa no mês de março, onde somos apresentados ao personagem principal da história: Martin.

As primeiras páginas existem poucas informações sobre ele, apenas sabemos que uma casa foi incendiada e que ele provavelmente, cometeu um crime.

As primeiras páginas são um pouco confusas, pois, ele chega a um hotel. Logo depois, vemos Martin andar a ermo até chegar na fazendo da senhora Vitória, trabalhando (contratado a muito contragosto, Vitória não lhe é mto simpática) em troca de comida e lugar para dormir como faz tudo.

Vitória era austera, e morava com o estranho Francisco e com Ermelinda, que passou a morar no sítio depois da morte de seu marido e de primeira, já se apaixonou por Martin.

Na primeira parte, mostra Martin se acostumando a sua nova vida e como Vitória infernizaria sua vida exigindo cada vez mais trabalhos e como Emerlinda estava apaixonada.

Na segunda parte temos uma questão mais filosófica sobre escolhas e sobre a vida. E aí, descobrimos mais sobre a vida de Martin.

Um livro árido como quase toda história contada pela Clarice. Mesmo passando por um momento de ressaca literária, me forcei a ler o livro todo (mais lento que o normal, é claro, mas terminei), e o livro é mto bom. Vale a pena. Quero reler futuramente, já que é uma leitura que exige.
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RenanDuarte 11/05/2021

Estou no escuro (mas segurei a maçã)
“-Você sabe qual é o músculo da vida?”
Preciso elaborar com tempo tudo que li, mas eu poderia escrever as impressões que ficaram agora do final da leitura
“Mas isso só se entende quem, em esforço impalpável, já se metamorfoseou em si mesmo.”

Um livro denso, intenso, um tanto difícil,
me deu a impressão que tem muita coisa nele, condensada, e que lê-lo me demandou muita atenção, disponibilidade (e esperança), e rendeu frutos
Como o trabalho manual e diário de uma fazenda.

Acho que sincronicamente algo ressoou muito aqui dentro.

A história de um homem, desérticamente perdido, procurando algo que nem sabe exatamente o que é (e talvez seja a si mesmo).

Passando por etapas graduais, o deserto e suas pedras, a fazenda com suas plantas e os animais (as vacas, os cavalos) e as/os casas/corpos e seus humanos (as mulheres e os homens), até o fogo e ao amor, até chegar a si mesmo.

Dos livros da Clarice, acredito que mais longo e mais denso (e um dos primeiros). Ela alterna entre narrativa, fluxo de pensamento, reflexões filosóficas e espirituais. Algo que (ao longo de toda sua obra) e até lá na frente ela faz em A Hora da Estrela, mas de forma mais editada, acho eu.

Recomendo para os que tiverem vontade, tempo, coragem e esperança

Deixo aqui a última frase do livro, porque eu fiquei com ela

“Em nome de Deus, espero que vocês saibam o que estão fazendo. Porque eu, meu filho, eu só tenho fome. E esse modo instável de pegar no escuro uma maçã - sem que ela caia.”


site: https://www.instagram.com/imreds/
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26/04/2021

Por algum motivo, essa não acabou por ser minha leitura mais fluida de Clarice e eu só o recomendaria a quem já está verdadeiramente acostumado com o estilo da autora.
Dito isso, quanta poesia! O estranhamento inicial por se tratar de um protagonista masculino- algo incomum para a autora- logo é substituído por um encantamento narrativo por meio das divagações e indagações impostas à Martim sobre a vida e o seu significado.
"O coração daquele homem bateu grande e confuso, reconhecendo. Ser uma pessoa era ser isso tudo."
Trata-se, por fim, de um romance denso, grandioso. É preciso, porém, estar pronto para tamanha grandiosidade.
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HeloAsa.Oliveira 01/04/2021

A maçã no escuro
O romance lançado em 1974,tem mais de trezentas páginas recheadas de símbolos e questões existenciais, a leitura é densa,mas libertadora. A obra tem como protagonista uma figura masculina e se divide em 3 partes: "Como se faz um homem", "Nascimento do herói" e " A maçã no escuro".

No começo da narrativa a leitura é bem fluída, já que o leitor acompanha a fuga de Martim depois de cometer o crime que vai ser ponto de partida para todo o desenvolvimento da história(mas já aviso que o crime só vai ser revelado na última parte).A partir da fuga de Martim,depois de cometer o crime, com 0 arrependimentos, ele foge por medo de ser preso. O crime significa o desprendimento do que a sociedade julga como certo e moral,Martim entra em um processo de libertação, em que o autoconhecimento, o isolamento e o pensamento vai render uns bons parágrafos de fluxo de consciência.

Depois de peregrinar, tendo contanto com a natureza e os animais , Martim procura abrigo e encontra uma fazenda, comandada por Vitória, ela vai contratá- lo para trabalhar ali.
Vitória representa o poder e a razão, enquanto sua prima, Ermelinda, representa a sensibilidade e a emoção, acontece entre eles uma espécie de triângulo amoroso.

É na fazenda que o homem vai reconstruir a sua humanidade, aliando o pensamento ao corpo, aqui Clarice trabalha com a ideia de corpo e alma, o corpo físico agora se cansa e sente desejos sexuais, além de tentar dar nome ás coisas que sente,deseja e tem medo. O que faz alguém mais humano do que a linguagem?

Por fim, o seu crime é relevado e a sua volta á civilização da qual fugia, é inevitável, já que ele será preso. Sua humanização foi reiventada com o crime e suas consequências. No final há uma concepção de que o corpo e a alma são prisões, ser humano de uma maneira geral, é viver sem compreender o sentido da vida e o desmaparo do criador.

A maçã em sua concepção bíblica, é o fruto proibido que trás o conhecimento, Martim está na escuridão e come do fruto, comete um crime, para que ele se encontre e se descubra humano de novo.
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Rodrigo 24/02/2021

Um mergulho na alma humana
Impressionante como Clarice consegue nos transbordar de sentimentos através de sua escrita. Impossível passar incólume após essa leitura! É um verdadeiro mergulho, de ponta cabeça, na psique humana.
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