Michael 06/02/2018
Um ótimo livro para quem gosta de sofrer.
Falando bem a grosso modo, o livro tem pouca história por ser repetitivo. Explico. Sem dar spoliers, o livro fica boa parte (360 páginas [mais da metade]) relatando sobre a vida adulta da mãe de Susan , June, sua família e da vida da personagem principal, da tenra idade à vida adulta, até chegar à razão pela qual a mesma foi presa. Na própria contracapa já explica que Susan foi presa e qual crime cometera, logo, não se trata de spoiler, até porque, o livro começa com ela indo para a prisão.
A história da mãe se repete na história da sua filha. O gosto é pessoal, mas eu não gostei muito do livro porque tenho a impressão de que a autora gostou tanto da personagem principal, Susan, que se preocupou em demasia em contar sua história, que é repetitiva e infeliz.
O ponto forte é que faz com que o leitor sofra junto com Susan e torça por ela, mas usar mais da metade do livro somente para isso é exagero. Muitas situações se repetem e fazem do livro um tanto tedioso. É onde o livro dá uma "embarrigada".
A Autora tem uma escrita bem fluída, é muito agradável aos olhos, o que nos ajuda a ler quando a trama fica tediosa e repetitiva.
Como filme funcionaria bastante, mas como um livro fica um tanto quanto tedioso por causa das situações repetitivas.
Neste breve texto eu disse várias vezes que o livro é repetitivo, isto só para terem uma ideia do quanto é chato ficar lendo a mesma coisa várias vezes.
Pensei em largar o livro várias vezes, mas não sou desses, rsrsr. Terminei o livro na esperança de haver algum final que não fosse tão florido e dei com os burros n´água.
Abaixo deixarei em separado uma resenha com spoilers.
Se não quiser spoilers, não continue a leitura.
Bem, vamos lá.
Esta parte funciona mais como um alerta do que qualquer outra coisa.
O livro começa com a personagem principal entrando na prisão com uma carapuça sombria que instiga bastante o leitor. Isso não se perpetua no livro, é só para instigar o leitor mesmo.
Em seguida, o livro mostra que a mãe de Susan, June, casou-se com um canalha e daí vieram duas meninas (que não são as Duas Mulheres do título).
Tudo o que a mãe da personagem sofre com o marido enquanto o livro narra a infância e pré-adolescência de Susan, esta passa a sofrer com o pai na adolescência e, na vida adulta, com seu marido, Barry.
Casada com Barry ela sofre espancamentos, estupros, engravida seis vezes e aborta duas vezes por causa das surras.
Quando a sua filha mais velha, Wendy, se torna adolescente, Barry tenta abusar da filha, ou seja, tenta perpetuar o que June (mãe de Susan) sofrera com o marido, o que Susan sofria com o pai e depois o marido. Neste momento Susan dá um basta e mata o marido.
Daí em diante o livro melhora um pouquinho, mas não cria grandes expectativas. As coisas se desenrolam com facilidade.
Na verdade, Susan havia estraçalhado a cabeça do marido após sua filha tê-lo matado. Ela se acusa para livrar a filha. No decorrer da trama ela acaba sendo solta por uma advogada de grande influência com a comunidade feminista, que tomou conhecimento da causa de Susan por causa de Roselle, amante de Barry. Sim, a amante do marido de Susan torna-se sua melhor amiga.
Ok, mas não diz como e porque Susan foi inocentada, pois se ela dissesse que não havia matado o marido, por já estar morto, ela incriminaria sua filha que, nos Estados Unidos, já tinha idade suficiente para ser presa por homicídio, mas nada disso ocorre. Ela simplesmente é absolvida por tudo o que sofrera com o marido e todos acabam felizes para sempre.
A alegação que a absolveu foi que o crime cometido ocorreu em razão de a mesma ter sofrido anos de abuso do marido. Ninguém pensou em divórcio, minha gente? O cara nem queria mais nada.
Outro ponto que fica difícil de engolir é o nome do livro. A sinopse que vem no livro nos remete à Susan e sua amiga de cela, Matilda, porém, esta personagem pouco aparece na história se for levar em consideração que a autora se preocupou em destrinchar a história de Susan em 320 páginas (mais da metade do livro) e a história de Matilda ficou com apenas alguns parágrafos. Não dá para ter um apego por Matilda, assim como temos por Susan. Nem chega perto.
Talvez seja até um erro editorial esta sinopse que está no livro, não posso afirmar, mas achei muito mais interessante a relação entre mãe e filha (Susan e Wendy) e bem mais interessante ainda a amizade entre Susan e a amante do seu marido, Roselle. Uma relação que era para ser áspera se demonstra uma amizade sincera, levando em consideração um bem maior, a união feminina.
Este ponto eu achei essencial na história, pois é muito difícil imaginar que uma mulher, presa por ter matado o marido, seja absolvida por contar com a ajuda da amante do falecido.