EXPLOD 02/03/2019
A nobreza vem de berço
Nesta peça, José de Alencar restaurou sua credibilidade (rsrs), que foi prejudicada depois de eu ter lido As Asas de um Anjo (bléh).
É um drama inspirado na mãe de José de Alencar, como ele mesmo revelou:
“Mãe, em todos os meus livros há uma página que me foi inspirada por ti. É aquela em que fala esse amor sublime que se reparte sem dividir-se e remoça quando todas as afeições caducam.
Desta vez não foi uma página, mas o livro todo. Escrevi-o com o pensamento em ti, cheio de tua imagem, bebendo em tua alma perfumes que nos vêm do céu pelos lábios maternos. Se, pois, encontrares aí uma dessas palavras que dizendo nada exprimem tanto, deves sorrir-te; porque foste tu, sem o querer e sem o saber quem me ensinou a compreender essa linguagem.
Tu me deste a vida e a imaginação ardente que faz que eu me veja tantas vezes viver em ti, como vives em mim; embora mil circunstâncias tenham modificado a obra primitiva. Me deste o coração que o mundo não gastou, não; mas cerrou-o tanto e tão forte, que só, como agora, no silêncio da vigília, na solidão da noite, posso abri-lo e vazá-lo nestas páginas que te envio.
Recebe, pois, Mãe, do filho a quem deste tanto, esta pequena parcela da alma que bafejaste.”
Como é um drama, não sou muito exigente quanto ao nível de sentimentalismo, mas não posso deixar de fazer certa ressalva ao final (se bem que o desfecho exprime bem a intenção do José de Alencar, considerando a homenagem - lindíssima, aliás - citada acima).
Todos os personagens tem um peso mais ou menos uniforme na trama (foi a impressão que tive), contudo, como o título deixa evidente, é a personagem Joana que se destaca com a sua originalidade; tanto que a peça se inicia com ela em cena e é encerrada do mesmo modo.
O cerne do drama é o seguinte: há sacrifícios que, mesmo sendo incompreensíveis ou absurdos, apenas uma mãe faz.