Lavoura Arcaica

Lavoura Arcaica Raduan Nassar




Resenhas - Lavoura Arcaica


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Caio.Immanuel 03/06/2024

"Sempre ouvi do pai que os olhos são a candeia do corpo"
O que dizer de Lavoura Arcaica? O início já é um baque e eu, particularmente, gosto muito disso. Que livro incrível, que escrita incrível!! Isso, portanto, não significa que seja fácil, não mesmo.
Algumas vezes é preciso voltar para que nada passe despercebido, o autor brinca com o leitor nesse sentido. Eu amei... O final é uma pedrada na nuca, tudo o que eu precisava de explicação foi saciado.
Recomendo, muito mesmo.
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Danilo 28/05/2024

A história não desenvolve...
O livro conta a história da fuga de André de sua família, que mora no meio rural. André abandona o meio familiar e vai para uma pequena cidade e seu irmão busca convencê-lo a voltar a viver com a família.
Nessa conversa, descobre-se várias coisas, como a paixão de André por sua irmã, Ana. O livro teria muito a oferecer com esse enredo, mas é aí que o escritor peca, na minha humilde opinião.
A história não desenrola e fica muito presa aos pensamentos de André, sobre o que ele pensa como o irmão ou os familiares vão reagir se ele agir de uma determinada forma e a leitura fica difícil e um pouco chata.
A verdade é que não gostei do livro e não recomendo!
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Favodemel00 28/05/2024

O mundo é um moinho vai reduzir as ilusões a pó
Este não é um livro com um lirismo ameno, aconchegante e que acalenta o coração.
Este livro contém uma poética brutal, erótica e imoral .
O texto é trabalhado de forma minuciosa com a escolha de palavras, a pontuação e o fluxo de consciência para gerar exatamente esse efetivo: uma reflexão profunda e desconforto.
Mas ao mesmo tempo deixa uma marca e um aprendizado necessário para o seu desenvolvimento intelectual e emocional.
Me lembrou um pouco a queda da casa e da família Meneses em Crônica da Casa Assassinada.
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Leio, logo existo 24/05/2024

LIVRO MARAVILHOSO
O livro LAVOURA ARCAICA explora (com maestria) a construção de uma narrativa em que o fluxo de consciência predomina.

O fio condutor da narrativa encontra-se no velho conflito de gerações. Um filho - desejando encontrar seu próprio caminho longe das severas regras familiares - decide fugir de casa. Esse ato desestrutura toda a dinâmica familiar, apontando a fragilidade dessa relação.

Se o livro explorasse apenas esse tema já seria excelente, mas o autor resolveu “temperar “ o drama familiar com um caso de incesto, transformando o livro difícil para leitores mais sensíveis.

No decorrer das 194 páginas do livro, acompanhamos os conflitos internos de André nessa jornada de fuga e retorno ao lar. A responsabilidade por trazê-lo de volta ao seio familiar fica a cargo do irmão mais velho - Pedro. Assim, o enredo do livro é desenvolvido: O reencontro dos irmãos, a revelação dos motivos que levaram André a fugir de casa, o retorno ao lar, a ilusão de uma retomada da ordem familiar e por fim, a tragédia.

A habilidade de Raduan Nassar na construção de uma narrativa permeada pelo poético, pela metáfora e pela subjetividade - deixando os temas tão polêmicos menos indigestos - alçou o livro “LAVOURA ARCAICA” ao patamar de clássico contemporâneo.

Leitura recomendadíssima !
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mari yoshikawa 22/05/2024

Acho que perdi de entender muita coisa... certas partes me atingiram a um nível emocional bem pessoal, mas na maior parte do tempo me senti um pouco perdida. não sei nem mesmo quantas estrelas dar porque não acho que eu tenha entendido o suficiente para dar uma nota
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Rute31 17/05/2024

Antes de pegar Lavoura Arcaica tinha tentado ler Um Copo de Cólera, mas não rolou. Daí tinha perdido o interesse nesse aqui, mas lendo outro livro que o citava, resolvi conferir. Ainda bem. Fiquei impressionada com o primor da linguagem, com o narrador e com as figuras, especialmente a do pai. Esse livro é uma das coisas mais absurdas e trágicas que já li.
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Larissa3225 15/05/2024

Não foi pra mim
Eu entendo como e porque esse livro é tão amado por muitos leitores e considerado uma obra prima etc.

Dito isso, eu não gostei.

Eu não sou fã de livros narrados em fluxo de consciência. Nunca li um livro assim do qual eu tenho gostado, e esse não foi o primeiro. Além do fluxo de consciência em si, o narrador não é muito são, então existem muitos devaneios metafóricos, poéticos, longuíssimos... Parte desses devaneios, eu sinceramente acho que nem entendi.

A estória em si é interessante. Eu já sabia uma ou outra coisa, mas queria saber o desfecho. E foi isso que me fez dar seguimento à leitura. Porém, me parece que ela podia ser contada em muito menos páginas, não fosse toda a "viagem" do narrador.

No comparativo entre conteúdo e forma, sem dúvidas é a forma como a estória é contada que dá o diferencial ao livro. Infelizmente, essa forma não me desceu.
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Wynícius 04/05/2024

De tudo que eu li sobre essa obra, finalmente pude confirmar, Nassar é um gênio em criar personagens vívidos e complexos, bem como em explorar temas universais como amor, desejo, alienação e redenção. A narrativa, ambientada em uma fazenda no interior de é envolvente e hipnotizante, me senti a todo momento preso no mundo rico e opressivo da família protagonista.

A linguagem poética e evocativa de Nassar é de uma potência em criar imagens sensoriais poderosas que permanecem na mente muito tempo após a leitura. A estrutura narrativa não linear também é um primor, como uma das forças do livro, adicionando camadas de complexidade e profundidade à história.

Embora algumas resenhas e análises acadêmicas que eu li, apontem para uma certa densidade e intensidade emocional que podem tornar a leitura desafiadora para alguns leitores, a maioria concorda que "Lavoura Arcaica" é uma obra de arte literária que merece ser apreciada e estudada por anos.
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anadarosl 26/04/2024

Meu livro da vida
Esse livro foi comprado no Sebinho em Brasília, em 2015. Volto para casa, em Santa Catarina e deixo-o na estante até 2018. Resolvo ler, sem algum motivo específico e eu simplesmente entro no livro, faço parte dele, mesmo que brevemente. Sempre vou lembrar um dia que estava sozinha, bebendo um cálice de vinho branco e me emocionando ao concordar com cada palavra, cada vírgula, cada ensinamento. Foi a leitura mais emocionante da minha vida e acredito que vai continuar sendo. Obviamente já reli umas duas vezes e minha frase favorita do livro e que levo para vida é: "estamos indo sempre para casa".
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Ju Carvalho 21/04/2024

Personagens confusos, mas percebe-se a dor, a prisão e a culpa da criação a que foram submetidos.
História muito descritiva.
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fev 21/04/2024

Eu achei uma leitura incrível. Pensei poderia cair em uma verborragia sem fim, mas no fim a história de uma família conturbada mesmo que vista de um único ponto me conquistou. Ali no nono capítulo, em que o pai fala sobre a importância do tempo, foi onde tive certeza que estava lendo um livro maravilhoso. Fica a recomendação!
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nflucaa 13/04/2024

O espasmar da linguagem: isto é arte.
Não sei nem como descrever o mix de sensações que esse livro causa. Ele mexe com o estômago. O enredo é simples: um filho que foi embora de casa e é buscado pelo irmão mais velho, então retorna. Em casa ele revive os embates com o pai, figura que representa autoridade e moralidade. Para não dar spoiler, não falarei dos irmãos e irmãs. É simples. Mas a maneira em que tudo é descrito é artística, poética. É a linguagem em sua agonia: quando palavras saltam ao seu uso meramente linguístico para servir a um uso mais nobre, o artístico.

Ler este livro é uma experiência com a linguagem. Leia-o como quem contempla arte. Se deixa arrastar pelo turbilhão de palavras, pela torrente de frases sem ponto final. É, realmente, extasiante.
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Samira fideles 30/03/2024

Lavoura Aracaica
Esse livro é um mistério..."pertenço como nunca desde agora a essa insólita confraria dos enjeitados, dos proibidos, dos recusados pelo afeto, dos sem-sossego, dos intranquilos, dos inquietos, dos que se contorcem, dos aleijoes com cara de assasino que descendem de Caim".
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joaoggur 27/03/2024

O gado sempre vai ao poço.
O título da resenha, de caráter quase bíblico, não é à toa; as citações, desde dos sermões do Pai até as descrições das agruras do narrador-personagem, são de um lirismo transubstancial, - as palavras se metamorfoseiam em parábolas, e ao mesclar do fluxo de consciência com uma poética naturalista, que remonta a Guimarães Rosa, Raduan Nassar desenvolve uma trágica história de decadência familiar.

Assim, o ?arcaico? adjetiva a Lavoura, substantivo que, em metáfora, se traduz como família. André, o narrador-personagem, parte desta Lavoura, da casa de sua família, e as páginas iniciais dão-se quando seu irmão, Pedro, encontra com o supracitado na pensão em que este se hospeda. O diálogo, de uma teatralização fundamental a obra, mistura memórias, sensações e cria uma sinestesia de passado, presente e futuro.

Uma vez suportadas as páginas inicias, creio que é um texto difícil de largar. E ?suportar? não é sinônimo de suplício; o estranhamento se dá pelo texto belo, pela prosa extremamente poética, pelo nada coloquial vocabulário. Essa teatralização, como já citei, tem profundo impacto na obra; é como se o maquinal das relações, a plasticidade dos sermões, a falsa relação de camaradagem familiar, e tudo que mostra a falsidade de um seio familiar fosse transposto para o texto.

Vamos cada vez mais adentrando as minúcias da história, nos envolvendo, - de forma positiva ou negativa, - com os personagens, e chega-se a um ponto em que sentimos um aperto no peito em meio a tantos episódios trágicos. E, talvez, daí vem o belo: ao demandar do leitor uma cirúrgica atenção perante o texto, um olhar apurado das entrelinhas, vamos descobrindo, aos poucos, um áureo equilíbrio entre o belo e o terrível. Terrível pelo conteúdo, belo por como o disserta.

Um romance extremamente exigente, que suga quem o lê. Desejas um conselho? Queria ser sugado. Tenha este prazer, - mas saiba o que estará a diante.
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Michelly 25/03/2024

Comentários sobre "Lavoura Arcaica" de Raduan Nassar
Além dos elogiosos tratamentos pela linguagem, que apresentam leves pinceladas de barroco, o aspecto genial desta obra reside no âmbito do delírio em que é narrada. Sempre me surpreende a habilidade que um autor ou autora confere ao narrador. Aqui, Raduan Nassar certamente não está em transe ou delírio, mas constrói um personagem imerso no delírio, onde transborda em todo o texto a dor de uma subjetividade incompleta, resultante de uma busca desesperada por uma fuga do tempo. Esta perfeição na construção é tão marcante que torna difícil dissociar o autor do personagem. No texto, o tempo é retratado com virulência, sem qualquer possibilidade de escapar da temporalidade em que o personagem está mergulhado, embora seja perceptível a sua melancólica necessidade de evadir-se do tempo vivido. Nós, leitores, somos lançados em um universo, quase como se estivéssemos no subsolo dostoievskiano, mas com uma forma literária carregada de um inconsciente freudiano, onde a escrita emerge de memórias de uma infância permeada de culpas.

É possível que em inúmeros debates e artigos diversos surja a perspectiva de analisar "Lavoura Arcaica" como um diálogo com a Bíblia, especialmente a partir do ponto de vista da "Parábola do Filho Pródigo". Um exemplo disso é a sua subversão dos preceitos morais presentes na parábola, o que constitui uma violação aos preceitos bíblicos. Essa abordagem enriquece o livro de Raduan Nassar com metáforas, promovendo uma fusão entre o mítico e o religioso. Com isso, o caráter subversivo rompe com a moral predominante na parábola quando Raduan Nassar retrata a volta do filho pródigo não marcada por arrependimentos após o fracasso da partida, mas sim marcada por um sentimento de fracasso e de ausência de remorso diante das aflições do mundo que testemunhou de perto. Nesse sentido, a ruptura assume uma dimensão política, desvinculando-se da moralidade inerente à narrativa bíblica.

Nesse contexto, as referências às parábolas bíblicas são tão marcantes que até mesmo os personagens, como a mãe e parte dos irmãos do narrador, cujos nomes são bíblicos, são retratados como fiéis seguidores dos preceitos paternos. Por outro lado, aqueles que se sentam à esquerda na mesa são transgressores das leis divinas, como Ana, André e Lula, incapazes de se apegar aos sermões do pai, que é rico em parábolas. Aqui, temos personagens que se assemelham às figuras descritas em parábolas que retratam filhos irreconciliáveis, incapazes de trazer algo além de sofrimento ao ambiente familiar patriarcal, e cujo espírito está inclinado para a profanação, confirmando que a fusão entre o mítico e o religioso, aliada à caracterização dos personagens, cria uma atmosfera densa e simbólica, onde o conflito entre o sagrado e o profano se desenrola de forma vívida no romance.

Sabrina Sedlmayer, cuja dissertação de mestrado, intitulada “Ao lado esquerdo do pai: os lugares do sujeito em Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar”, me auxiliou a aprofundar alguns dos tópicos mais interessantes desse gigante da literatura. Recomendo a leitura.
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