Noturno indiano

Noturno indiano Antonio Tabucchi




Resenhas - Noturno Indiano


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Mariana Dal Chico 02/06/2023

Durante a leitura de “Lendo Imagens” de Alberto Manguel, em um capítulo onde ele fala sobre fotografia, citou um trecho de “Noturno Indiano” do italiano Antonio Tabucchi, um autor que eu queria conhecer há tempos. Se era um motivo o que eu estava esperando para pear esse livro na estante, por que não agora?

“(…) Toda fotografia (ampliada, cortada, tirada de determinado ângulo, iluminada de certa forma) cita a realidade de maneira deturpada.” - Lendo Imagens p.93

O protagonista está na Índia em busca do seu amigo Xavier com quem não fala há muito tempo, seguindo pistas, ele vai encontrar diversos personagens que vão impactar sua vida e alguma forma.

Com uma narrativa fluida, de tom onírico, o leitor vai ser levado a refletir sobre temas como a complexidade das relações humanas, autoconhecimento e solidão.

Essa novela é daquelas que não fornece respostas fáceis para as perguntas complexas levantadas, seu final é aberto - metalinguístico-, garanto que você vai passar um bom tempo refletindo sobre tudo o que leu.

“(…)as fotografias encerram o visível num retângulo. O visível, sem moldura é sempre outra coisa.” p.12

site: https://www.instagram.com/p/Cs9jtlIv2DU/
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Georgeton.Leal 19/03/2023

Uma viagem de autodescoberta na Índia
"Noturno Indiano" é uma obra que nos transporta para os fascinantes cenários da Índia através da viagem de um homem em busca de um antigo amigo, chamado Xavier, o qual ele não via há muito tempo. Ao longo de sua peregrinação, ele se depara com diversas pessoas que o ajudam a enxergar uma ampla gama de interpretações sobre a vida e a espiritualidade e assim ele vai seguindo as pistas que vão aparecendo pelo caminho.
Aqui tenho de ressaltar que a narrativa poética e fluida de Tabucchi cria também um clima onírico repleto de incertezas. O autor aproveita bem essa ambientação para abordar temas como a busca pela verdade, a solidão e a complexidade das relações humanas, explorando tudo isso de forma profunda e reflexiva em paralelo com questionamentos existenciais.
Não obstante, no final das contas, a procura do narrador pelo seu amigo acaba se revelando em algo muito maior do que ele esperava, pois após viver uma série de experiências que o levam a indagar sua identidade e seus valores, ele encerra uma jornada de autoconhecimento que o trouxe diante daquilo que realmente precisava ser encontrado: o seu próprio eu.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2023/05/uma-viagem-de-autodescoberta-na-india.html
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LETRAS e VEREDAS 13/09/2021

Noturno Indiano
Em Noturno Indiano, um narrador instigante e enigmático viaja por cidades da Índia em busca de um amigo perdido há muitos anos. Nessa travessia, o viajante vivencia experiências que embaralham as fronteiras entre o real e o sonho. Isso decorre tanto pela ausência de descrições das cidades percorridas pelo viajante, quanto pela aparição fugidia das personagens que desvanecem nas suas andanças.?
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Nas suas andanças, temos a impressão que o viajante não está apenas procurando o seu amigo, mas também querendo agarrar algo perdido de seu passado que forneça respostas sobre si mesmo. Nesse sentido, ele e o seu amigo são, ao mesmo tempo, opostos e semelhantes, ostentando um vínculo oriundo de uma experiência comum.?
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Para compreender a narrativa de Antonio Tabucchi é importante ter em mente que a memória está em constante ressignificação e ?a realidade passada é sempre menos má do que foi efetivamente: a memória é uma formidável falsária?. Para Tabucchi, as experiências imaginadas são mais preciosas que as realidades vividas.?
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Noturno Indiano é uma narrativa fascinante, não apenas no teor de seu enredo, mas, sobretudo, porque nos revela que viajar - assim como existir - é a forma mais genuína de buscarmos nós mesmos.?
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jota 10/03/2021

BOM (viajando pela Índia com insônia e sem pressa de encontrar o amigo desaparecido)
Lido entre 06 e 08/03/2021. Avaliação: 3,8/5,0

Noturno Indiano (1984) mostra que a forte ligação que Antonio Tabucchi (1943-2012) mantinha com Portugal não se limitava à tradução de Fernando Pessoa para o italiano ou às aulas de língua e literatura portuguesa que ministrava na universidade de Siena. Foi em Portugal que situou sua obra mais conhecida e admirada, Afirma Pereira (1994), sobre o fascismo ali reinante no final da década de 1930. Não foi diferente aqui: é português, Xavier Janata Pinto, o amigo perdido há tempos na Índia (onde é muito fácil alguém se perder), atrás do qual o narrador sai em busca, indo até mesmo a Goa, antiga colônia portuguesa encravada na Ásia.

Mais do que essa busca por Xavier, o narrador parece querer se perder na Índia, levar o leitor consigo nessa viagem um tanto insólita, como de certo modo dá a entender o escritor Gonçalo M. Tavares (de Jerusalém). Ele faz o elogio de Tabucchi e de Noturno Indiano na apresentação da editora Cosac Naify, que tenho em mãos. Esse noturno do título sugere que as coisas na Índia nem sempre são exatamente o que aparentam ser a princípio. Que os fatos se passam em meio a um cenário nebuloso que confunde o observador, como uma névoa que depois se dissipa e só então permite enxergar a realidade como ela é, de fato. Então, dizer que a Índia é um país envolto em mistérios pode ser um clichê antigo, mas também é uma verdade.

Lê-se rapidamente o livro de Tabucchi: é curto, não tem nem cem páginas, está dividido em três partes com capítulos curtos e para mim a primeira foi a mais interessante. Nela temos um ocidental chegando num país completamente diferente do seu, encontrando tipos humanos diversos, lugares luxuosos e outros paupérrimos e sujos, gente altamente espiritualizada mas vivendo num sistema de castas, enfim, mais ou menos aquela Índia que grande parte das pessoas tem na cabeça, eu também. Depois, aqui e ali ele despeja algum humor no texto, alguma frase ou diálogo espirituoso, ou então surpreende o leitor com a surpresa que toma conta do próprio narrador ao descobrir que não era exatamente um macaquinho de estimação que um garoto portava consigo numa parada de ônibus. É muito fácil confundir-se na Índia, perder-se por lá também...

Resumindo Noturno Indiano nas palavras que o próprio autor escreveu na Nota do início: “Este livro, além de uma insônia, é uma viagem. A insônia pertence a quem escreveu o livro, a viagem a quem a fez.” Insones de todo o mundo que não são escritores podem, pois, viajar impunemente pela Índia através das páginas deste livro e de tantos outros...
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Rodrigo Brasil 24/06/2020

À procura de um significado
Dividido em doze capítulos, cada capítulo correspondendo a um dia, o narrador nos leva pelas várias cidades da Índia, com seus aromas, culturas, cores e paisagens.
Sentimos a passagem do tempo na narração do texto. O narrador, personagem em primeira pessoa, procura um segundo elemento, Xavier.
O motivo? Não é revelado.
Mas essa jornada para encontrá-lo serve para um autoconhecimento e uma procura de significado na vida do próprio narrador.
O final, sem querer dar spoilers, é uma aula de metaliteratura, um jogo de espelhos é revelado.
Quem é narrador e personagem?
É meu segundo livro de Tabucchi, e cada vez fico mais impressionado com suas histórias, que são aparantemente simples, mas que carregam uma potência consigo.
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Carol851 17/04/2019

Eu diria que o que mais me prendeu à história foi esse teor de viagem narrada, quase como um diário de bordo, principalmente porque optei por fazer essa leitura imersa ao som de uma playlist de música indiana, o que deixou a narrativa mais realística ainda, de modo que eu via tudo acontecer como num filme: conseguindo até mesmo sentir o trânsito indiano caótico enquanto o narrador passava de táxi por Marine Drive; ou idealizar os ambientes do luxuoso Taj Mahal.

Esse é só um trechinho da resenha que publiquei no meu Medium. Dá uma passada lá: https://link.medium.com/Lmn20jlyXV
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Tati 27/05/2017

O livro começa com um aviso do autor sobre a relação entre o que vai ser contado e sua insônia, que para quem lê será uma viagem. Um itinerário dos locais onde o narrador passa mostra uma série de hotéis, lugares de transitoriedade, onde não é possível criar laços perenes. A escrita mostra essa passagem, como se ela mesma se hospedasse nesses hotéis: a transição do que está acontecendo agora para uma memória ou um sonho acontece de forma quase imperceptível, mas que denota de forma muito clara um deslocamento. Acho que se precisasse definir tanto o livro como a escrita do Tabucchi em uma palavra, seria deslocamento.

Até pela própria história que se desenrola: um homem percorrendo o rastro de outro, sem explicar exatamente o motivo. É um pouco clichê dizer que se trata de uma jornada interior, desconheço outro tipo de jornada, mas os encontros com alguns tipos religiosos no caminho mostram que essa era a intenção mesmo. Mas, talvez por ser uma narrativa curta, em nenhum momento isso me incomodou, pelo contrário, foram todos momentos que me remeteram a uma sensação de familiaridade. E agora, escrevendo, me dou conta que essa ambiguidade pode ser o segredo do livro: sentir esse conforto em uma situação de permanente mudança é algo que se torna mais fácil através da elaboração da escrita.
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Diego RB 17/01/2015

Como um caderno com páginas arrancadas, a livro conta cenas com situações às vezes tão misteriosas quanto a própria Índia (pelo menos a que existe na minha imaginação). Cenas e diálogos ambíguos, até oníricos, e muitas vezes engraçados, se você tiver o humor certo para a ocasião.

De quebra, apresenta o melhor motivo que eu já li para se levar uma lista telefônica na bagagem.
Jonathan 22/02/2015minha estante
Sabe que tem uma adaptação do livro para o cinema? Se não viu, procure ver, achei o filme até mesmo superior ao livro!!




Jonathan 13/11/2014

Referências literárias citadas no livro
Sobre a índia
India: A Travel Survival Kit Paperback de Geoff Crowther
Sobre a língua e a sabedoria dos indianos de Friedrich Schlegel
Hermann Hesse

Sobre gnosticismo
Swedenborg
Schelling
Annie Besant
Passos da cruz de Fernando Pessoa
Mensagem, poemas esotéricos de Fernando Pessoa

Romances de aventura/viagens
Joseph Conrad
Rudyard Kipling
Louis Bromfield
W. Somerset Maugham
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eglair 17/10/2014

O desassossego do reencontro
Ao ler Noturno Indiano me deparei com uma sensação que não sentia há tempos. Sabe quando o narrador faz você flutuar por entre as palavras? Sabe quando algo te instiga e parece fora do lugar? Aquela luz que atrai de forma intensa pode muito bem ser um reflexo interior, ou tudo seria um sonho?

Através de uma estória supostamente convencional, mergulhamos na busca interior do narrador seria essa também nossa busca? de maneira sublime e muito interessante.

A transmutação do personagem e o enorme desassossego que acomete a nós leitores, traz à tona a linguagem e a força de Fernando Pessoa, que é citado pelo narrador e muito admirado pelo autor.
Achei o livro muito bom, desconcertante e com aquele gosto de quero mais. Eu que gosto muito de Bernardo Soares, me identifiquei no mesmo instante.

Pensei em escrever mais sobre o que senti em relação a este livro, mas encontrei uma resenha sensacional que expressa muito bem o que aconteceu comigo no processo de leitura. O site se chama Homoliteratus e a resenha é de Silvia Andrade.



site: http://homoliteratus.com/presenca-de-fernando-pessoa-heteronimico-noturno-indiano/
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Dose Literária 25/09/2014

Noturno Indiano de Antonio Tabucchi
Uma história de herói, em que o protagonista sai de sua posição de conforto, aventura-se no desconhecido e sai aperfeiçoado desta experiência. Uma história jornalística, em que o cenário denuncia uma condição política, uma injustiça, um crime. Uma história romântica, em que após desencontros um casal se encontra e se ama para sempre, ou se mata por não consegui-lo. Uma saga de família, com seus altos e baixos. Encontre tantos outros roteiros. Hoje em dia, é difícil ser um autor original.

Na busca por uma obra genuinamente nova, vários autores propõem experiências. Que tal escrever sem pontuação? Sem final? Com final alternativo? Que tal embaralhar os capítulos? Quebrar expectativas do leitor? Mas parece que essas fórmulas agradam menos aos leitores. Nossos clássicos e best-sellers ainda são derivados das velhas fórmulas.

Continue lendo em

site: http://www.doseliteraria.com.br/2014/09/experiencias-literarias-antonio-tabucchi.html
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Fabio Michelete 03/09/2014

Experiências literárias
Uma história de herói, em que o protagonista sai de sua posição de conforto, aventura-se no desconhecido e sai aperfeiçoado desta experiência. Uma história jornalística, em que o cenário denuncia uma condição política, uma injustiça, um crime. Uma história romântica, em que após desencontros um casal se encontra e se ama para sempre, ou se mata por não consegui-lo. Uma saga de família, com seus altos e baixos. Encontre tantos outros roteiros. Hoje em dia, é difícil ser um autor original.

Na busca por uma obra genuinamente nova, vários autores propõem experiências. Que tal escrever sem pontuação? Sem final? Com final alternativo? Que tal embaralhar os capítulos? Quebrar expectativas do leitor? Mas parece que essas fórmulas agradam menos aos leitores. Nossos clássicos e best-sellers ainda são derivados das velhas fórmulas.

Antonio Tabucchi tenta uma novidade em Noturno Indiano. Apenas um homem viajando por hotéis da Índia. O Homem procura outro (Xavier), razão frágil de suas andanças. Sem pressa, sem vida antes ou depois, absorve o entorno de maneira contemplativa, neutra. Fica embriagado por vezes, mas prescinde desse recurso para parecer destacado da realidade. Inebria-se ainda dos detalhes, das pessoas que conhece, das vaidades que confronta e apresenta. Quem já leu O Apanhador no Campo de Centeio ou On the Road, talvez tenha até se afeiçoado a esta estética. Uma escrita descritiva, saborosa, mas que abre mão de um destino, de um propósito. Não por acaso, esses exemplos também se passam em viagens, em locais transitórios.

Sofia Copolla também explorou esta transitoriedade, fazendo seus filmes se passarem em hotéis. Hotéis são agradáveis, mas impessoais. Te compelem a uma situação transitória. Você está ali apenas temporariamente. São cenários, mas para situações reais. Aquilo é sua vida, mas ao mesmo tempo não é. E para onde levarão as viagens e as experiências acumuladas? Não importa. Decida você, leitor, o nem se dê ao trabalho. Você carrega suas experiências consigo, como páginas lidas.

Da mesma forma, Tabucchi parece não se importar. Quer apenas que suas páginas sejam lidas, e façam parte de nossa experiência. Não precisam levar a lugar algum:

Só nesse momento percebi que era louco. Percebi (...), e tudo isso não me espantou: provocou-me só uma indiferença cansada, como se tudo fosse necessário e inelutável.

Ah! Em tempo, o Xavier, que o personagem principal procura é nada menos que...bem, não serei spoiler, mas me surpreendeu. Deixei você curioso(a), certo? Inelutável...

Quem pode saber? eu disse - , é difícil, isso nem eu que escrevo o livro sei. Talvez procure um passado, uma resposta para alguma coisa. Talvez queira agarrar algo que tempos atrás deixou escapar. De qualquer modo, está à procura de si mesmo. Quero dizer que é como se procurasse a si mesmo procurando-me: nos livros acontece muitas vezes assim, é literatura.

Empilhei todos os livros que li. Do alto desse modesto montinho, não consegui enxergar a qualidade tão premiada de Antonio Tabucchi. Ao menos não em Noturno Indiano.
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