Medo Líquido

Medo Líquido Zygmunt Bauman




Resenhas - Medo Líquido


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Guilherme 09/02/2023

Muito bom
Quanto mais leio Bauman mais tenho vontade de ler... Acho impressionante a forma simples como ele apresenta a complexidade de suas teorias. Longe de mim dizer que consigo absorver e entender tudo, mas não é preciso ser um expert para compreender suas ideias do mundo líquido. Nesse livro, o autor, passeia pelos muitos medos, mostra sua evolução, apresenta bases em escalas que vão desde o medo íntimo até o que é compartilhado de forma global. Sua análise é precisa e muito bem fundamentada. Muito bom livro, vale muito a sua leitura.
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Elton.Oliveira 27/03/2023

Não me prendeu
Não sei o porquê... Gostei da temática, gostei da arrumação dos tópicos mas infelizmente não me despertou muita empolgação a ponto de me prender a leitura ! Às vezes ele mistura tanto as coisas q vc fica perdido nos pensamentos..... Porém, dá pra aprender bastante sobre os medos !

É um bom livro .
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Paulo.Incott 22/02/2017

Medo Líquido - Bauman
O livro “Medo Líquido” é inquietante. Provavelmente esta seja a melhor palavra para descrevê-lo. Seu conteúdo nos leva a avaliar uma séria de estruturas de nossa sociedade e perceber que se desenvolveram de forma a criar, ampliar, fortalecer e diluir a sensação de insegura e ansiedade em nosso aparelho psíquico.

Bauman trabalha nesta obra cinco grandes abordagens acerca do medo na modernidade líquida. A primeira destas diz respeito ao pavor da morte. O autor constrói, a partir de uma interessante análise dos reality shows, em voga em sua versão “contemporânea” nas duas últimas décadas, uma percepção da fragilidade humana causada pelo “vício em civilização”. Este nos acostuma a um estilo de vida repleto de facilidades e soluções imediatas, não criativas e não dependentes do desenvolvimento de habilidades de resistência, que desembocada numa insegurança generalizada diante do sentimento de incapacidade para lidar com problemas complexos ou incertezas.

Conforme o sociólogo elucida, o medo mais presente no cotidiano das pessoas hoje não é do tipo causado por ameaças diretas, medo este compartilhado por todas as criaturas vivas. O sentimento de insegurança que acompanha o ser humano rotineiramente na modernidade líquida pode ser caracterizado como um “medo de segundo grau”, ou seja, “um rastro de uma experiência passada de enfrentamento de ameaça direta – um resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante da modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais uma ameaça direta à vida ou à integridade”.[1]

O elo criado entre os reality show e este tipo de medo é a constante preocupação com a possibilidade de exclusão. Bauman revela o modo como as relações humanas em nossos dias, marcadas pela fragilidade, deixaram de fornecer um “porto seguro” onde se pode encontrar alívio perene para as ansiedades, convertendo-se em palco para a ampliação da insegurança, pautada pelo receio de ser excluído, num prelúdio da “exclusão final”, ou seja, a morte. Da mesma forma em que os competidores dos reality shows gastam boa parte de seu tempo e suas energias tentando evitar serem excluídos do programa, elucubrando artimanhas e armadilhas aptas a fazerem com que o outro sofra o temido desfecho, as pessoas em geral passam boa parte de sua vida agindo para evitar as muitas formas de exclusão perpetradas pela modernidade líquida: a exclusão social (advinda da condição financeira ou como “herança”); o rompimento de relações de afeto ou profissionais; eliminação nos diversos testes de aptidão (vestibular, entrevista de emprego, concursos e semelhantes); e, por fim, a doença e a morte.

Bauman revela também um aumento vertiginoso no consumo de “advertências globais”. Constantemente são veiculados “os setes sintomas do câncer”, “os cinco sinais da obesidade infantil”, “os dez alimentos que mais elevam o colesterol”, “os carros mais seguros do ano”, “os bairros mais protegidos”, “os dez passos pata evitar o roubo de seus dados na internet” e uma longa lista de alertas divulgados de forma constante e dramática através dos meios de comunicação. Correspondente a isso, surge e se alastra em nossos tempos, um multifacetado mercado do medo. Vendendo desde casas em condomínios com altos muros e cercados com toda uma parafernália digna de campos de concentração; passando por serviços de vigilância 24h; carros blindados; alimentos sem gordura, sem sal, sem glúten, sem açúcar, sem conservantes, sem sabor; aulas de artes marciais (despudoradamente chamadas de técnicas de defesa pessoal); armamento de todas as formas, tamanhos e efeitos; apólices de seguro para quase toda atividade humana e as mais criativas formas de se comercializar o que ficou conhecido como “segurança financeira”, com especialistas prontos a lhe explicar com requintes de detalhes onde, como, quanto e quando investir para obter o paraíso da tranquilidade no futuro.

Voltando para o medo da morte, Bauman traz uma análise interessante sobre as formas como a humanidade procurou, ao longo das eras, minimizar o “medo original”, o medo da morte. O autor define:

Todas as culturas humanas podem ser decodificadas como mecanismos engenhosos calculados para tornar suportável a vida com a consciência da morte.[2]

Dentro desta perspectiva, Bauman reduz os estratagemas perpetrados neste intuito a duas categorias: a primeira se volta para tentativa de negar a finalidade, aparentemente incontestável, da morte. Surge aqui uma subdivisão. Há os que empreendem esta tentativa vislumbrando possibilidades de continuidade da vida, nas mais diversas formas, após o evento da morte. Os exemplos mais comuns se fundam nos ensinos religiosos voltados à reencarnação, aventuras de uma “alma” imortal e semelhantes. De um outro lado há a perspectivas dos que tentam negar a finitude através das contribuições realizadas pela pessoa em prol da humanidade. Neste sentido, pessoas que trabalhem arduamente em vida para o benefício das gerações futuras “nunca morrem”, dado que seus atos, escritos, lições, descobertas, permanecem válidos e/ou benéficos para posteridade. Ambas as soluções enfrentam obstáculos, retratados pelo autor.

Um segundo estratagema para lidar com o medo da morte, que segundo o autor se tornam a regra na modernidade líquida, se volta para a tentativa de afastar a preocupação com a eternidade. Isso é feito com a desconstrução da morte ou com sua banalização. A desconstrução se configura na tentativa, típica da promessa moderna de compreensão pela razão, de elucidar as causas da morte e, assim, preveni-la ou adia-la. Não de pode negar a presença significativa desta forma de pensamento em nossa rotina. Freud já havia demonstrado que “temos o hábito de enfatizar a causalidade fortuita da morte, revelando nosso esforço de reduzir a morte de necessidade à oportunidade”. Com isso, se enfatizam os motivos determinantes que levaram ao evento morte. Significa dizer que quando a morte ocorre, não se pergunta sobre o que aconteceu, mas por quê aconteceu. Atestados de óbito precisam delimitar, categorizar, explicitar a causa que levou à morte. Se afasta a condição de normalidade da morte, substituindo-a pela noção de evitabilidade.

Já a banalização ocorre, em acompanhamento à tendência de desconstrução, através de diversos mecanismos sutis. A uma, a morte possui hoje simulacros. O divórcio pode ser um simulacro da viuvez. A fragilidade dos relacionamentos humanos, suas consequências, como já explicitado, pode ser visualizada como uma experiência de morte ensaiada. A banalização ocorre também no modo como a morte é retratada pela indústria do entretenimento e na forma de divulgação midiática das mortes “rotineiras”.

Um segundo grande tópico abordado por Bauman nesta obra é o “mal”: a iniquidade e perversidade humanas. Segundo o sociólogo “o medo e o mal são irmãos siameses”. Ele demonstra como a noção de existência de um “mal”, desvinculada da noção metafísica e desacoplada de sua relação umbilical com o “crime”, residem no pensamento dos homens como uma fonte fantasmagórica, inexplicável, nebulosa, do medo. Não se consegue definir o que o “mal” é, quando separados das categorias mencionadas, mas se consegue senti-lo, percebê-lo, temê-lo. A imprevisibilidade do momento de manifestação do mal é uma das causas principais de ansiedade na modernidade líquida.

Bauman cita o terremoto de Lisboa de 1755 como o marco temporal em que se deixou de olhar as catástrofes como desastres “naturais” para serem encarados cada vez mais como desastres “morais”, ou seja, de modo a colocarem sempre um ser humano, ou um grupo de seres humanos, como responsáveis pelos ocorridos. Esta mudança de percepção causa um desconforto e insegurança generalizados, já que revela uma capacidade para o “mal” ampla e diversificada. Seja o mal causado pela negligência estatal em prover condições ou ajuda para evitar desastres ou sanar seus resultados (p. ex. furação Katrina, nos EUA), sejam os horrores perpetrados nos campos de concentração, nos Gulag, Guantánamo e semelhantes, o que se observa é uma capacidade de iniquidade que nos coloca em posição ininterrupta de desconfiança. Esta alimenta o medo numa roda viva sem saídas simples ou alívios promissores.

Bauman trabalha ainda o horror do inadministrável. Este se configura nas consequências trazidas pelo pensamento moderno de progresso, pautado no avanço tecnológico sem uma preocupação prática genuína com a questão social. As desigualdades econômicas intrínsecas ao projeto da modernidade nos deixaram órfãos em matéria de habilidades para lidar com questões morais. Citando Alfred Shcultz, Bauman conclui:

... desmascarar a autoilusão manifestada n a fórmula “eu fiz porque”, empregada em demasia, insistindo em que as ações das criaturas humanas, cronicamente buscando objetivos, deveriam ser descritas mais em termos de “eu fiz afim de”.[3]

Os efeitos práticos desta “retirada de véu” são impactantes, uma vez que demonstram o ser humano como movido por interesses que resultam em ações que tendem a ser justificadas, com significados atribuídos a estas ex post facto. O autor cita uma série de exemplos desconcertantes. Para ficarmos com um: a revelação de que um dos bombardeios finais dos EUA sobre a Alemanha, mais especificamente sobre a modesta cidade de Wurzburg (na época com cerca de 107 mil habitantes), não foi ordenado para “terminar a guerra e assim poupar centenas de vidas de soldados que de outro modo seriam ceifadas”, mas simplesmente porque um grande investimento havia sido feito nas pesquisas que tornaram os artefatos enviados (225 Lancasters e 11 Mosquitos – despejando um total de 289 toneladas de poderosos explosivos e 573 toneladas de bombas incendiárias) disponíveis e se desejava desesperadamente conhecer seu potencial definitivo. A Alemanha em si estava prestes a se render de qualquer forma, mas como Hermann Knell, que pesquisou extensamente os arquivos e dados relacionados ao bombardeio (citado por Bauman) revela:

O bombardeio prosseguiu como planejado sem que considerasse a situação militar. A destruição das cidades alemães continuou até o fim de abril. Aparentemente, uma vez em curso a máquina militar não podia ser parada. Tinha vida própria. Havia agora todo equipamento e todos os soldados à disposição. Deve ter sido esse aspecto que fez Harris decidir que Wurzburg fosse atacada...[4]

Fatos como os narrados demonstram o quão “inadministrável” a sociedade se tornou. Como comenta Bauman, “tememos o que não podemos controlar”. A sensação de que a humanidade se encontra num patamar de loucura incontrolável é traduzida no medo generalizado e constante, à espera do próximo ato insano a ser perpetrado (seja um ato terrorista de um grupo de extremistas ou de um jovem armado que desfere disparos numa sala de cinema; seja uma ação militar; seja a explosão de uma fábrica ou o vazamento de um oleoduto). A sensação que temos é a de indefensabilidade diante do que pode, a todo momento, sobrevir.

Esse último aspecto é ainda tratado pelo autor no capítulo sobre o terror global. Afim de não tornar esta resenha demasiadamente extensa não nos debruçaremos sobre este, para poder tecer comentários finais sobre os dois últimos capítulos.

O penúltimo, tratando de trazer os medos à tona, revela o modo como os mecanismos utilizados no combate aos medos acima descritos acabam por asseverar a sensação de insegurança. Podemos resumi-lo na seguinte passagem:

O medo nos estimula a assumir uma ação defensiva, e isso confere proximidade, tangibilidade e credibilidade às ameaças, genuínas ou supostas, de que ele presumivelmente emana. É nossa reação à ansiedade que reclassifica a premonição sombria como realidade cotidiana, dando ao espectro um corpo de carne e osso. O medo se enraíza em nossos motivos e propósitos, se estabelece em nossas ações e satura nossas rotinas diárias.[5]

Em seu último capítulo, o livro se compõe de uma conclusão, ou melhor, uma proposta de saída deste cenário de pânico generalizado e ansiedade constante em que vivemos. Ele é intitulado “O pensamento contra o medo”. Nele pretende o autor revelar de que modo os “intelectuais”, sem uma consideração elitista desta denominação, mas como significante de um corpo que se dedica aos estudos sociais, deve assumir seu papel emancipatório e libertador no enfrentamento do medo. Sua conclusão pode ser considerada uma chamada ao engajamento dos pensadores sociais. Convida a todos a se debruçar sobre as questões que afligem a humanidade a abraçar a advertência de Pierre Bordieu:

Aqueles que têm a chance de dedicar suas vidas ao estudo do mundo social não podem recolher-se, neutros e indiferentes, diante da luta da qual a aposta é o futuro do mundo[6]

Bauman não recolheu-se. Deixou uma brilhante amostra de preocupação sincera, retratada em seus escritos e entrevistas. Sentiremos muita falta de termos entre nós as suas baforadas – interlúdios dos pensamentos de um grande sociólogo, um grande escritor, um grande humanista!
Mobula Birostris 11/04/2017minha estante
ótima resenha!




Litchas 05/09/2020

Muito bem escrito
A análise de Bauman é extensa, porém as conclusões e perpectivas são desanimadoras.
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Cristinacob 05/11/2020

Medo líquido
Em "Medo líquido", Bauman faz uma contraposição entre a Modernidade Tradicional " era do iluminismo " e a Era Líquida " hodierna".

Na obra, Bauman diz que há três formas do medo aflingir as pessoas em nossa sociedade líquida:
Medo de não garantir o futuro.
Medo de não conseguir se fixar na estrutura social e cair para o grupo de vulneráveis.
Medo em torno da integridade física.

Dentro do que o autor chama
" Modernidade Líquida ", ele analisa elementos como: Questões de superficialidade, relações efêmeras, ideias das pessoas perderem a auto crítica, dentre outros.

Mais um livro de Bauman para você consultar por inúmeras vezes para não se deixar levar por tempos líquidos.
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João Victor 23/11/2016

Medo Líquido
O medo líquido, com seus riscos irreais e amplificados a partir de uma necessidade midiática, levando a humanidade a uma ansiedade constante são tratados nessa obra de Bauman com maestria.

A instabilidade da forma líquida exemplifica bem o conceito que Bauman empregou em sua obra. Vivemos uma época onde riscos são incomparavelmente menores, porém mergulhada em medo, derivado de riscos irreais e imaginários.

Vale muito a leitura.
Michael.Jakson 26/12/2018minha estante
Uma das melhores resenhas já lidas por mim.




Vânia Sousa | @vania.clsousa 13/07/2021

Medo líquido
Apesar de trechos mais maçantes esse foi o melhor livro do Bauman que já li até agora, aborda o medo em vários aspectos e traz muita informação interessante no âmbito pessoal, político e social, claro...rs Vale a leitura.
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Leila.Cavalcante 08/04/2020

Parece que a cada livro de Bauman eu me decepciono um pouco. Nesse livro, ele aborda os medos na sociedade liquido-moderna, o que eu acho que ele poderia simplesmente ter incluído no livro Modernidade líquida, mas enfim. Como sempre, e é algo que eu considero até positivo nos livros dele, é que ele traz uma discussão sociológica numa linguagem mais acessível. Ele discute um pouco as origens do medo, por que a temos medo, o que fazemos para nos sentir seguros; medo da morte, do desemprego, das insegurança, medo como justificativa para determinados comportamentos, enfim. É uma boa leitura, pra quem, como eu, ainda está começando a se aventurar na sociologia.
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Afranio.Cunha 09/08/2020

Medo Líquido
Ler Zygmunt Bauman é um privilégio, seu livro #Medo Líquido# explora vários nuances do medo, com leveza, erudição e ancorados em elementos filosóficos e situações do cotidiano que eu particularmente pensava que passaria desapercebido a ele. Não Zygmunt percorre vários autores como Marx, Adorno, Derrida, Gramsci, dentre outros para nos trazer uma mensagem de esperança. É disso que enfim o livro aborda, que devemos abraçar nossa autonomia e tentar viver em busca da nossa afirmação como seres humanos livres. Um livro simplesmente necessário e para reler várias vezes, pois ele é composto de várias camadas que se vai descobrindo aos poucos.
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alana165 03/02/2023

É uma leitura difícil mas me fez pensar MUITO sobre todos os aspectos da minha vida. Amo o Bauman, quero ler mais livros pra entender a cabeça incrível dele.
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Aninha 31/12/2017

"Medo é outro nome que damos à nossa indefesabilidade" (pág. 125)
"O medo é mais assustador quando difuso, disperso, indistinto, desvinculado, desancorado, flutuante, sem endereço nem motivo claros. (...)
'Medo' é o nome que damos a nossa incerteza: nossa ignorância de ameaça e do que deve ser feito - do que pode e do que não pode - para fazê-la parar ou enfrentá-la, se cessá-la estiver além do nosso alcance." (página 8)

Li Bauman há cerca de 8 meses (Amor líquido) e logo de cara vi que aquele não seria o único livro dele que leria pois, de uma forma lúcida, ele consegue fazer um retrato de nossa sociedade pós-moderna, sem rodeios, nem enrolação.

Nessa obra, o tema é o medo que permeia nossa vida diária, apesar de toda suposta segurança que usufruímos nesse século. O livro foi lançado em 2006 e o autor aproveitou para discorrer de temas recentes (o desastre do Katrina em 2005, o ataque das torres gêmeas em 2001 e outros eventos terroristas da época) para mostrar como estamos cercados pelo medo e pela ansiedade.

"As oportunidades de ter medo estão entre as poucas coisas que não se encontram em falta nessa nossa época, altamente carente em matéria de certeza, segurança e proteção." (pág. 31)

A morte, então, apesar de ser uma certeza na vida da humanidade, torna-se algo que nos assombra diariamente pois pode vir de onde menos se espera. E mesmo que se espere, não há muito o que fazer para evitar. Quais foram as maiores vítimas do Katrina: pobres x ricos, brancos x negros?
Além dos eventos "naturais", a morte surge quando se mata em nome de uma ideologia, de uma religião, de um líder. Vimos que na 2a Guerra Mundial muitos mataram porque a ordem veio de um superior/chefe/líder:

"Com a ajuda de seus cultos advogados, Eichmann tentou convencer o tribunal de que, já que seu único motivo era o trabalho bem-feito (ou seja, capaz de satisfazer seus superiores), este não se relacionava com a natureza e o destino dos objetos de suas ações. (...) deixaram implícito que a morte de aproximadamente seis milhões de seres humanos foi apenas um efeito colateral." (pág 81)

Mas como enxergamos a morte, no âmbito pessoal, quando atinge alguém muito próximo?

"Cada morte é a perda de um mundo - uma perda definitiva, irreversível e irreparável. " (pág. 60)

E ele cita Freud: "Colapso total quando a morte atinge alguém a quem amamos (...) Nossas esperanças, desejos e prazeres jazem na tumba com ele, não nos consolaremos, nem preencheremos o lugar daquele que perdemos." (pág. 61)

Então, num mundo assim, seria de se esperar que as pessoa se unissem em compaixão, certo? Mas na prática não é bem isso que acontece...

"Na sociedade líquido-moderna dos consumidores, cada membro individual é instruído, treinado e preparado para buscar a felicidade individual por meios e esforços individuais. O que mais possa significar a felicidade, ela sempre quis dizer ser livre das inconveniências." (pág. 68)

"Exortados, instados e pressionados diariamente a perseguirem seus próprios interesses e satisfações, e a só se preocuparem com os interesses e satisfações dos outros na medida em que afetem os seus, os indivíduos modernos acreditam que os outros à sua volta são guiados por motivos igualmente egoístas - e portanto não podem esperar deles uma compaixão e uma solidariedade mais desinteressadas do que eles próprios são aconselhados, treinados e dispostos a oferecer." (pág. 172)

O autor exagerou? Infelizmente acho que não...
Vivemos num mundo corrompido, doente e decadente e, se não tivermos fé em Deus (mesmo que seja do tamanho de um grão de mostarda), dificilmente teremos serenidade e paz para vivermos os dias que nos restam debaixo do sol.

Boa leitura!

site: http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com.br/2017/12/medo-liquido.html
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lelecanales 27/04/2023

O medo é uma das marcas do nosso tempo. Em Medo líquido, Bauman faz mais um estudo singular sobre a vida contemporânea e revela um inventário dos medos atuais.

O ser humano vive hoje em meio a uma ansiedade constante. Temos medo de perder o emprego, medo da violência urbana, do terrorismo, medo de ficar sem o amor do parceiro, da exclusão. O resultado? Temos que nos atualizar sempre e acumular conhecimentos, circulamos dentro de shopping centers, dirigimos carros blindados, vivemos em condomínios fechados. O medo é uma das marcas do nosso tempo.
Em Medo líquido, Bauman faz mais um estudo singular sobre a vida contemporânea e revela um inventário dos medos atuais. O sociólogo mapeia as origens comuns das ansiedades na modernidade líquida e examina mecanismos que possam deter a influência do medo sobre as nossas vidas. Segundo o autor, as certezas da modernidade sólida se foram, e, com isso, a utopia do controle sobre os mundos social, econômico e natural desmoronou.

Só leiam esse livro. Ele é extremamente valioso.

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Lucas.Gabriel 23/12/2020

O meu favorito de Bauman
Simplesmente genial quanto a nossa questão de liberdade! Fala sobre o medo constante que nossa sociedade vive em um mundo cada vez mais seguro. Além disso, a abordagem quanto ao terrorismo e o aumento da xenofobia é fantástico. O nosso futuro realmente será de pessoas se sentindo seguras ou ficaremos sempre pensando no perigo constante e que deve ser combatido, mesmo não tendo certeza sobre ele?
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Celle 30/09/2021

Livro incrível que fala muito bem sobre o sentimento que muito nos assombra: o medo! Bauman sempre arrasa!
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