Cangaceiros

Cangaceiros José Lins do Rego




Resenhas - Cangaceiros


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Luis Boto 04/02/2013

Cangaceiros - 2012
Como amante da literatura brasileira e nordestino que sou, nunca deixo de ler, de vez em quando, uma obra regionalista de nossos autores clássicos, como José Lins do Rêgo. É dele esse belíssimo romance que enxerga o cangaço pelo lado de fora, ou em volta dele.

Em vez de descrever o dia-a-dia dos cangaceiros, seus combates e suas fugas, o autor prefere contar a vida das pessoas que são parentes ou amigas dos cangaceiros, que pensam neles o tempo todo, que os temem, que os protegem, que torcem por eles ou contra eles. A toda hora chegam-lhes relatos das façanhas e das crueldades praticadas tanto pelos cangaceiros quanto pelas volantes de soldados que os perseguem.

A trama conta a história de Bento, irmão do cangaceiro Aparício. Através dele, na fazenda onde se refugia, ficamos vendo a quantidade enorme de boatos, lendas, informações falsas e histórias mal contadas que cercam a atividade desses indivíduos, num Sertão da década de 20, carente de comunicações e de estradas.

O estilo de José Lins é bem atípico, com extensos parágrafos que se expandem por páginas e mais páginas, por vezes até cansativos, nos quais ele acompanha as idas e vindas do pensamento do personagem, seus avanços e recuos, suas decisões, hesitações, suas intermináveis discussões íntimas nos momentos de ameaça ou de crise. Como o autor usa habilmente um vocabulário claro e direto, o leitor acompanha sem muito esforço essas reviravoltas mentais sem perceber o labirinto de idéias em que está se metendo.

O livro, que aliás é uma continuação direta de “Pedra Bonita”, formando com ele uma unidade sem cesura, mostra um enorme entendimento do autor da mecânica social do ambiente que descreve, e uma grande familiaridade com usos e costumes, resultado de uma memória vívida. Isto lhe permite criar personagens de peso como os três irmãos Vieira: o cangaceiro Aparício, o pacífico Bento, e Domício, o poeta cantador que acaba enveredando pelo cangaço.

No entanto dois personagens do livro merecem grande destaque na obra, chegando por vezes até a ofuscar os irmãos Vieira. O primeiro é o Capitão Custódio, desmoralizado pela vergonha de ter visto seu filho ser morto pelo Coronel Cazuza Leutério e nada ter feito para vingá-lo. O código de honra do Sertão da época não admitia que um pai não vingasse o assassinato do filho, e o Capitão remói sua culpa e sua humilhação em todas as cenas em que aparece. O outro personagem é o Mestre Jerônimo, que foi embora do Brejo por ter cometido um crime de morte, não gosta do Sertão, e vai pouco a pouco entrando num delírio paranóico equivalente ao do Capitão Custódio.

São dois personagens trágicos, que mostram o remoer de angústias e ansiedades que existe às vezes por trás da fisionomia impenetrável do sertanejo. Numa interiorização progressiva de culpas, ressentimentos, humilhações e medos, os dois vão sendo consumidos de dentro para fora diante dos nossos olhos. Quando Bento procura fugir dali, nos últimos capítulos, está fugindo ao terrível futuro que o ameaça, o de se tornar um cangaceiro como os irmãos ou um doido como os seus dois protetores mais velhos.

“Cangaceiros” é sem dúvida uma obra prima de José Lins do Rêgo, a qual recomendo aqueles leitores apaixonados pela literatura regionalista dos grandes autores nacionais do passado.

Obs: esse texto é uma adaptação do original de Braulio Tavares (Blog Lampião Acesso)
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Nilda 24/08/2023

Gostei, mas não amei. Foi muito bom acompanhar um pouco a vida de Bento. Assim com em A pedra bonita, ele continua sem ação. Não é um personagem de atitude. Não foi fácil acompanhar as descrições da violência dos cangaceiros e dos volantes. Há muitas passagens repetitivas, o que deixa a história cansativa, mas compreendo que dá parte do estilo do autor.
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Jeff_Rodrigo 06/11/2023

Continuação do terror de "Pedra Bonita".

Aqui encontramos um personagem totalmente envolto por problemas: uma mãe louca, que afirma ter parido o próprio Satanás; um irmão bandido (Aparício, o cangaceiro), cruel, temido e caçado pelas volantes; uma guerra entre famílias latifundiárias, onde uma das partes usa do terror sanguinário de Aparício para se favorecer. No meio disso tudo, uma pessoa perdida, triste, confusa e sem perspectivas na vida, pois só consegue ver ódio, sofrimento e sangue à sua volta.

Me lembrou muitas situações que já vi aqui pela quebrada.
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Flavio.Vinicius 28/01/2022

A ambiguidade do cangaço
Nesta obra, José Lins do Rego aborda o tema do cangaço e a maior genialidade do autor está em apresentar essa questão não a partir dos cangaceiros, como o título pode enganosamente fazer crer, mas a partir do ponto de vista dos famíiliares dos cangaceiros.

Na primeira parte do livro vemos o ponto de vista da chamada "mãe dos cangaceiros", e, na segunda parte, o ponto de vista do irmão dos cangaceiros. O cangaço é apresentado pela sua essência de ambiguidade: ao mesmo tempo em que representava desgraça, também levava esperança numa época marcada pela miséria, a violência, a arbritariedade, e o poder descomunal dos latifundiários advindo da terrível desigualdade.

O autor resgata termos e frases próprios do sertão nordestino, e busca o modo de falar das pessoas no cotidiano, afastando-se de um linguajar rebuscado e por vezes elitista.

Obra genial do paraibano José Lins do Rego.
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Belmunitor 15/11/2022

Depois de muito abandonar obras nacionais, sem conseguir finalizar por achar entendiante ou qualquer coisa assim, passando por Nelson Rodrigues, Hilda Hist, Lygia Teles e Érico Veríssimo, consegui terminar esse livro de José Lins do Rego. É uma leitura bastante gostosa, apesar de repetitiva. Na verdade, toda a repetição chega a fazer parte mesmo da intenção do autor de imergir o leitor naquele delírio, naquela apreensão, naquela ansiedade. Do início ao fim queremos saber o que vai acontecer com a personagem principal, Bentinho, e entramos mesmo nos delírios de cada personagem a sua volta, na ânsia de ver o rapaz longe daqueles perigos.
Sem contar as reflexões de ordem filosófica que podemos tirar lendo e conhecendo um pouco do que acontecia naquela região do país e naquela época específica, a obra é enriquecedora de cultura, vocabulário e imaginação.
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Carol 06/02/2022

Interferências do cangaço
O cangaço e o sertão nordestino são pano de fundo para esse livro maravilhoso de José Lins. O autor descreve algumas situações penosas pelos quais passavam as famílias quando passavam os cangaceiros e as volantes pelas cidades e estradas.
Além disso, focou na mãe e nos irmãos de Aparício, principalmente em Bento, descrevendo também como eles viviam por serem parentes diretos de um cangaceiro. Bento, Domínio e a mãe deles sofreram de diferentes formas por essa ligação de sangue - apesar de se amarem como família, ter um integrante no cangaço os marcava negativamente, tendo cada um, um final (morte, fuga ou o cangaço). O mesmo aconteceu com a família de Alice, cujo irmão (Bem-te-vi) entrou no grupo de Aparício após uma briga.
José Lins do Rego passou para o papel com mestria o contexto em que cresceu ou o que ouviu.
Marlon 06/02/2022minha estante
Desse grande escritor aqui do meu Nordeste eu já li e mais do que recomendo, BANGUÊ e FOGO MORTO. Esse, CANGACEIROS, já ando com muita vontade de lê-lo faz um tempão, e depois dessa sua resenha essa vontade só aumentou. Um bom dia pra vc, Carol. ~




Deco 29/12/2022

O sertão é assim: quando não vem cangaceiro, vem a volante.
A continuação de Pedra Bonita trata-se de uma história muito bem escrita, e que se adaptada, poderia traduzir o drama de muitas pessoas ainda hoje. Explico: Bento, irmão de cangaceiro, sofre a vida inteira pelos erros da família e, principalmente pelos desvios e crimes do irmão Aparício, temido cangaceiro.

Sua vida é encurtada, o medo de ser descoberto e preso pelo simples parentesco o impedem de seguir seus sonhos mais básicos. Músico e apaixonado, Bento se esconde nas roças do interior da caatinga nordestina, dividio entre ajudar sua família e seguir seu coração.

Quantas pessoas com filhos, irmãos e maridos envolvidos com o crime organizado não passam por isso. Um criminosos, quando entra para essa vida, arrasta também sua família. A vida de violência, que parece encantar a alguns, traz apenas desgraças.

Uma imagem nítida do sertão daquela época, as palavras do autor nos ajudam a viver um pouco daquele mundo. Nem bons, nem puramente ruins, cangaceiros e volantes foram frutos de uma época, uma região e da miséria. Hoje, certos aspectos desse cenário continuam perdurando...
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Marion 05/06/2023

Repetição
Livro muito repetitivo. Como pode o povo romantizar o cangaço? Ainda bem que o autor não o fez e mostrou o cangaço como ele é.
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Maria Isabel Barros 20/05/2020

Desmistificação
Enquanto nordestina e paraibana é um orgulho ler essa obra e saber como ela é reconhecida! Super indico a leitura para todos os públicos, conhecer o talento dos nossos autores nordestinos.
Ao longo da vida lemos tantas histórias que possuem como cenário lugares tão distantes da nossa realidade, ou expressões das quais não temos costume de usar, seja internacional ou fictício, que quando nos deparamos com histórias reais que expressam uma cultura tão próxima a nós, nos envolvemos e nos sentimos representados. Também nas escolas estudamos tantas revoltas, movimentos, guerras de momentos históricos acontecidos tão distantes, e não se é ensinado sobre nossos próprios momentos, o nosso protagonismo na história do Brasil e do mundo.
Ao decorrer da história, o autor desmistifica a imagem imaculada dos cangaceiros que lutam pelo bem dos pobres e que repartem entre eles, trás então a personalidade de crueldade e de interesses próprios, tudo isso dado por meio da violência a quem for detectado como ameaça para o bando.
Algo que vale ressaltar é que essa história é descrita em um determinado tempo histórico, de uma particularidade daquele contexto histórico. Se permita ir além da imagem de pobreza, seca e sofrimento do nordeste, pois possuímos riquezas únicas e incomparáveis..
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Gláucia 07/06/2011

Cangaceiros - José Lins do Rego
Romance regionalista da mais alta qualidade, parece uma espécie de dedobramento de Pedra Bonita, outro romance do autor que traz o cangaço como tema. Último romance de Zélins, mostra a rudeza do homem do sertão que tem a alma lapidada pelo ambiente inóspito onde tem que sobreviver.
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Thiago Barbosa Santos 20/10/2017

Preciosidade de José Lins do Rego
Cangaceiros foi o segundo livro que li no ano de José Lins do Rego. O primeiro foi O Moleque Ricardo, os dois em 2017. Só tenho elogios ao autor paraibano. Cangaceiros é uma preciosidade, principalmente para mim, que aprecio bastante as histórias do sertão, do cangaço.

O livro conta a história da família de Dona Sinhá Josefina, que é destruída pelo cangaço. O filho mais velho dela, Aparício, entra para o cangaço e arrasta o irmão Domício. Ele lidera um bando perigosíssimo.

Sinhá Josefina se revolta com o caminho escolhido pelos filhos até enlouquecer e se enforcar. O filho mais novo dela, Bento, foi educado pelo padrinho e não tinha sangue para o cangaço. Ele esconde a todo custo o segredo de família para não sofrer represálias no sertão. Bento vive uma espécie de amor proibido por Alice. Observamos ao longo da trama a luta dele para não ter a vida afetada pelo cangaço.

A história tem outras personagens interessantes, como o Capitão Custódio, que passa a vida se martirizando por não ter coragem de vingar a morte do filho, assassinado por um coronel que manda nas redondezas. A esposa dele morreu de desgosto por causa do ocorrido e ele não se perdoa por isso.

É um livro narrado de forma simples, direta, mas ao mesmo tempo possui um quê de poesia. As personagens têm uma sonoridade na fala. Altamente recomendada a leitura.
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Paulo Silas 13/07/2011

Impressões sobre o livro ‘Cangaceiros‘, de José Lins do Rêgo

RÊGO, José Lins do. Cangaceiros. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: J. Olimpio, 1973. 280 p.

***



E os cabras se esgueiravam como lagartixas. Cuidadosos, arguciosos, prontos para o bote; atentos a qualquer ruído!

E deixavam entrar, não somente pelas narinas, mas também alma adentro, a quentura daquelas terras combustas do Sertão nordestino. Aquelas terras que, por não ter suficiente água e compaixão para lavar a desgraça da seca, eram lavadas pelo sangue que se derramava tal como o sangue das criações. Terras de almas penadas que andam escanchadas pelas tortuosas cercas das estradas vermelhas. Terras dum profundo atavismo que direcionava os filhos a viverem a mesma desgraça dos pais, dos avós, dos bisavós, dos trisavós e dos mais distantes parentes. Terras controladas, ao mesmo tempo, pelo medo da morte e pela avassaladora loucura de jogar-se perante àquela mesma morte e, com os dentes escangalhados duma ferocidade animalesca, dominá-la com as mãos e mandá-la ir viver para além dos limites do mar. Sim! Aquela terra! Aquele Sertão que, sob as forças de fortes rezas e de miraculosas mãos de padres santos, quase que se erguia como um mundo à parte. Um mundo com suas leis e seus preceitos. O mundo da cruz à beira da estrada. O mundo dos santíssimos palavreados. O mundo das cantorias feitas no copiá, nas varadas das casas. O mundo pintado pelas tintas vermelhas da secura. O mundo onde o domínio do cangaço se estendia e punha constante medo.

E os cangaceiros iam por debaixo dos abusados espinhos ressequidos. Por entre as veredas que conheciam de cor, porque o Sertão era desde sempre o reino no qual moravam e sobre o qual agora mandavam e desmandavam segundo os seus mais irrequietos caprichos. Lá iam eles. Se esgueirando eles iam. Como animais. Como se fossem os próprios animais que povoavam aquelas paragens místicas.

E a boca da noite se abria para comer o mundo.
Cangaceiros, pág. 38

Mas não só o Sol aparecia com suas mãos de unhas crescidas a rasgar a pele dos desafortunados habitantes do Sertão. Também a Noite aparecia.
E, quando isso se dava, ela vinha já com a boca aberta a mostrar os seus milenares dentes famintos. E, de sua boca imundamente obscena, saíam rememorações dos mais horripilantes assassinatos. Ecos de derradeiros brados. Pedidos angustiados por compaixão. Pedidos desesperados de vingança. E gritos de completo desvario: tenho meu filho assassinado e está com a minha mulher lá em cima enterrados. A mãe morreu de desgosto, morreu mesmo.
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Isaqsf 27/09/2023

Como se sabe, é um complemento de " Pedra bonita ". Porém, um complemento onde traz a tona toda a real desgraça do sertanejo, acometidas por Volantes, e cangaceiros, expondo toda a verdade nua e crua, sobre cangaceiros e Volantes.
Uma hora você tem em mente que os cangaceiros são heróis, outras, que são anti-herói s!
Mais uma obra magnífica deste grande escritor, onde se pode mergulhar nesse mundo de serrtão sofrido, porém com uma beleza imaculada diante de tantas desgraças que se acometem nele!
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Júlio 09/08/2018

O Sertão como estrela principal
"Cangaceiros", mais uma bela obra regionalista de José Lins Rego fechando o ciclo do cangaço que começa com "Pedra Bonita", vemos a vida do sertanejo, caracterizada por diversas dramas que o cercam, o Autor mais uma vez nos mostra personagens que são vítimas da situação, oprimidos por todos os lados pelos poderes locais, os cangaceiro, a força policial, e os coronéis, podendo fazer até uma analogia ao filme "Onde os Fracos não tem vez", temos um retrato da vida do Capitão Custódio que após a morte do filho por um Coronel da cidade local, passa a fazer da vingança a obsessão da sua vida, e é dramática a forma como aquilo vai consumindo a vida dele, pois ele não dispõe da força e coragem necessária para levar a cabo tal vingança, notamos que assim como Bento irmão do maior cangaceiro da região, são pessoas que simplesmente não se encaixam, nesta terra em que a única lei que prevalece é a do mais forte.

"Seria terrível naquele instante mostrar ao velho que ele também era assim como o outro, um homem sem calibre para aquele sertão de gente de coração de pedra e de braços e mãos que manejavam armas sem medo da morte. Ele tinha medo como o capitão."
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Edson Camara 18/10/2020

SE ALGUM DIA VOCÊ JÁ TEVE ALGUMA VISÃO ROMÂNTICA SOBRE O CANGAÇO, ESQUEÇA
Quando concluí Pedra Bonita, descobri que José Lins do Rego tinha escrito a continuação da saga de Bentinho e sua família, 15 anos depois do lançamento de Pedra Bonita, neste romance chamado Cangaceiros.
Saí a procura deste livro e não o encontrava em lugar algum, estava esgotado, só encontrei algumas edições antigas a um preço proibitivo. Mas, ontem ganhei de presente de um amigo e comecei a ler a saga de Bentinho. É incrível, mesmo passados 15 anos, o autor continua os fatos como se fosse o mesmo romance. Com uma diferença, agora sua escrita é mais fluida, mais madura e mais cruel. Os personagens sofrem, muito, e um desfile de histórias tristes e violentas, principalmente para as mulheres.
O pano de fundo de Cangaceiros é a vida de sinhá Josefina e seu filho Bentinho vidas sofridas de mãe e irmão de cangaceiro, os dois estão "acoitados" na fazenda do Coroné Custódio a mando de Aparício, o cangaceiro.
As páginas vão sendo preenchidas pelo autor com a história de diversos personagens coadjuvantes, muito sofrimento, muita resignação da condição do sertanejo e muita violência.
Zé Lins introduz uma nova personagem, Alice, a menina bonita vai influenciar a vida de Bentinho.
Ele, morre de medo de causar mal a moça devido a sua condição de irmão de cangaceiro, se alguém descobre, e os soldados chegarem, a desgraça vai estar feita e certamente eles desonrarão sua querida Alice.
Bentinho vive na maior angústia por causa disso, e sofre também porque sua mãe está ficando louca e desconta nele a raiva de ter parido o irmão cangaceiro.
Se algum dia você já teve alguma visão romântica sobre o cangaço, esqueça, este livro mostra sem dó nem piedade o que era o cangaço e seus cangaceiros.
Depois que a mães, sinhá Josefina morre, os cangaceiros seus filhos, Aparício e Domício, viram o diabo em pessoa e aí de quem desse o azar de encontrá-los.
José Lins do Rego desfia um rol de histórias e causos por entre as páginas do livro na voz dos personagens e em diferentes pontos de vista.
Mas, vou te dizer, a vida daquelas pessoas era um inferno, tanto faz se eram os cangaceiros ou a volante, o destino era o mesmo, se fosse homem e não caísse pelas balas, era espancado e degolado, se fosse jovem era capado antes. Se fosse mulher, passaria por toda a tropa até morrer, se fosse donzela então passava a tropa as vezes duas vezes seguidas.
O autor conta sem muitos detalhes, mas desperta a imaginação e as imagens evocadas nós causa um aperto no coração.
Invariavelmente os cangaceiros (e as volantes) matavam o que ainda tivesse vida na propriedade e queimavam tudo. Um inferno.
No meio da trama está também o Coroné Custódio. Que passa o livro inteiro contando como o filho foi morto pelo inimigo e como ele foi covarde e não vingou o menino.
Para quem gosta de aventuras sanguinárias e cruéis este livro é um prato cheio.
Não sei como este livro lançado em 1953 passou pela censura da época.
De qualquer forma é uma boa obra da literatura brasileira de qualidade
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