Resenhas - Hedda Gabler

Alexia 02/08/2023

Hedda Gabler — Henrik Ibsen
Considerada uma obra-prima do teatro moderno, Hedda Gabler é um drama sombrio que retrata uma mulher recém casada que acaba de voltar de uma longa viagem de núpcias. Seu marido Jörgen, um grande estudioso que espera por uma cadeira na universidade, descobre que terá que competir pela vaga com ninguém menos que Eilert Løvborg, um grande rival seu e antiga paixão de Hedda, o que desencadeia acontecimentos conflituosos.
É certo que a grande causadora de conflitos é a própria Hedda, uma mulher de intensa personalidade, que no decorrer de dois dias nos quais ocorrem os acontecimentos da peça, manipula os personagens masculinos a seu bem-querer sem ao menos sair do conforto de sua casa. Ela é sugestiva, catalisa os sentimentos e os direciona a fazer suas vontades mesmo que isso resulte em uma completa desgraça pessoal, detentora de um poder panóptico e silencioso. É visível que tais ações da personagem não surgem de uma pura maldade, mas de um sentimento de frustração e ansiedade, além de tédio, derivados de arrependimentos passados que vem à tona ao voltar para casa. Há um sentimento que exala de como sua vida poderia ter sido diferente mediante uma certa decisão, guiando suas ações ao longo da trama.
O que me levou a procurar a leitura desta obra foi uma menção a ela no livro Filme Noturno (Pessl, 2014), descrevendo sua protagonista como “a protagonista mais neurótica da literatura ocidental”. Cheia de curiosidade, me aventurei nessa leitura já esperando a atmosfera que sempre vi presente em clássicos, com uma escrita que nos transportam para além da história contada, sempre há algo subentendido, entre-linhas. Não me decepcionei nem um pouco, pois Ibsen narra a trama de Hedda de forma a nos fazer visualizar o que está por trás de suas ambições.
Em síntese, Hedda Gabler é uma peça sobre frustração amorosa, dilemas pessoais profundos em um atraente âmbito de fofoca, me lembrando bastante Morro dos Ventos Uivantes da Emily Brontë, sendo uma versão ainda mais caótica e trágica. A escrita de Ibsen é melancólica, mas ainda cativante, levando o leitor a simpatizar com a Hedda e até rir das suas más decisões. Uma peça perfeita para ler em uma noite quente de verão.

Vanessa591 25/06/2020

Excelente, o texto passa tensão o tempo todo e Hedda é uma personagem bastante intrigante.