Medo de Voar

Medo de Voar Erica Jong




Resenhas - Medo de Voar


11 encontrados | exibindo 1 a 11


Ana 27/09/2022

As escolhas e as amarras de ser mulher
O livro é antigo, por isso, a história usa diversos temas e ideais de acordo com sua época, mas Isadora é uma mulher que busca a liberdade de ser quem é mesmo em meio a uma sociedade ainda mais machista.
Para isso, passa por processos cheios de incertezas, auto sabotagem e até mesmo falta de amor próprio, o que a faz buscar a resposta em relacionamento sem sentido depois do outro. É um livro denso, adulto e maduro, mas a leitura vale a pena.
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Eduarda.Rocha 31/12/2021

Apaixonada
Esse livro mostra o quanto uma pessoa pressionada pela família, carente e dependente emocional é.
A protagonista procura tanto um amor que esquece de si mesma e quando ela aprende a se virar é incrível.
Amo amo
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Zeka.Sixx 29/09/2017

A aurora do feminismo
Erica Jong chegou a ganhar o apelido - talvez de forma um pouco pejorativa - de "Henry Miller de saia", e lendo este que é o seu romance de estreia é possível perceber o porquê. Considerando que o livro foi escrito há mais de 40 anos, é de se admirar que os dilemas feministas abordados na obra permaneçam ainda tão atuais, com a diferença, talvez, que na época de Isadora (a personagem principal) havia mais dúvidas do que certezas, e hoje seja exatamente o oposto.
O humor ácido, a linguagem direta e sem enfeites, as críticas ao tradicionalismo da sociedade e à psicanálise (esta última, em especial, me rendeu boas risadas) tornam este livro leitura praticamente obrigatória para quem busca compreender o feminismo.
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Luiza 30/12/2016

Comentário de Lucy Dias, em seu livro "Enquanto corria a barca"
No começo dos anos 1970 [em 1973], a escritora judia americana, Erica Jong, lançou um best seller provocante, erótico e hilário: Medo de Voar.
Jovem e bem dotada intelectualmente, Jong foi comparada a Henry Miller, por sua linguagem crua e uma técnica narrativa empolgante. O livro de Jong batia imediatamente pela fácil identificação com a personagem Isadora Wing que, tal como a maioria de nós, buscava respostas para suas inquietações, dúvidas, fantasias e medos. A linguagem chocava e era cortante como bisturi, expondo os conflitos da mulher liberada dos velhos padrões e costumes, mas ainda enclausurada por uma dura realidade e uma total ausência de referenciais.
Dizia Isadora: “Ser mulher na América. Que responsabilidade! Crescemos com os ouvidos cheios de anúncios de cosméticos, canções de amor, colunas de conselhos, horóscopos, fofocas de Hollywood e dilemas morais ao nível das novelas de tevê. E a propaganda ditando nosso comportamento: ‘Seja amável com seu traseiro,’ ‘Ame seu cabelo’, ‘Quer um corpo melhor? Nós remodelaremos o que você tem’... Todos os anúncios e horóscopos pareciam insinuar que, se você fosse narcisista o suficiente, tomasse cuidado com seus cheiros, cabelos, peitos, cílios, axilas, sexo, etc (...), encontraria um homem belo, poderoso, potente e rico, que satisfaria todos os seus anseios, preencheria cada buraco seu, levaria seu coração a saltar uma batida (ou parar duas), a deixaria nas nuvens e a levaria à lua, onde você viveria totalmente satisfeita para sempre.”
Isadora era uma mulher do seu tempo — seu sutiã também ardeu na fogueira em que centenas deles foram lançados pelas feministas americanas nos anos 60; e agora, nos 70, o movimento abandonava seu radicalismo extremado — a fase da raiva voltada contra o opositor já tinha passado — e a nova proposta era que as mulheres voltassem a atenção para si mesmas. Um jeito de fazer isso era ir ter com doutor Freud ou, se fosse mais afins, terapia de grupo e, mais do que in, psicodrama. Era o que fazia Isadora, deitada no divã de seu analista, tentando livrar-se da culpa por seus desejos inconfessáveis, dos muitos grilos no casamento, das questões edipianamente familiares, do fardo feminino, etc., etc.
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Beta 08/07/2016

Medo de voar
Não é um livro que me prendeu do começo ao fim, alguns capítulos muito maçantes. Alguns capítulos bons e engraçados, como por exemplo a forma com que a autora relata a traição, relacionamentos a três e até mesmo suas próprias decisões em seguir uma vida desmedida ou viver um casamento seguro e decepções, porque ao viver uma de suas escolhas se decepciona. Talvez leia novamente um dia e mude minha opinião, mas a principio foi um livro mediano....Minha opinião.
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Luiza 13/09/2013

Fiquei muitíssimo surpresa com o livro de Erica Jong. Peguei-o na biblioteca achando que era um romancezinho clichê com algo de erótico (por causa da capa), mas não é isto o que o livro realmente é.
Fiquei encantada com as divagações da autora, com as filosofias sobre a vida, a família, o sexo, o casamento, a vida acadêmica, a maternidade, a feminilidade... Suas ideias são muito originais e, não raro, vi em suas palavras a tradução daquilo que eu mesma penso!
Copiei muitos trechos do livro: alguns me emocionaram, outros me levaram às gargalhadas! Ela é profunda, louca, paranoica, escatológica. Mas também é sensível, sensual, ousada. Adorei! Não esperava por uma história tão incomum!
Me vi em Isadora (em algumas situações)! Porque ela fez e faz muita bobagem por causa de relacionamentos afetivos que não valem a pena. Porque ela quebra corajosamente com algumas regras, mas também se sente cobrada por não se "enquadrar" no que a sociedade consideraria ideal. Porque ela se vê em meio a sentimentos contraditórios. Porque ela adora escrever e tem uma cultura muito ampla. Porque ela é muito humana...
E nada na história é um conto de fadas! Não há clichês!
Se me perguntarem se recomendo o livro, com certeza recomendo, mas para um público maduro, que compreende de forma mais clara as idiossincrasias da vida. Indico para quem deseja ler uma história de amor, sexo e questionamentos, totalmente fora dos padrões.
Essa é uma história surpreendente e rica, diferente daqueles romances clichês que são vendidos em banca de jornal. Nada contra ler EVENTUALMENTE um clichezinho... Mas prefiro livros que me surpreendem!
Abaixo, alguns trechos que gostei!

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A mulher (por mais infelizes que saiba serem as amigas casadas) nunca pode deixar-se a si mesma em paz. Ela vive como se estivesse constantemente à beira de alguma grande realização. Como se estivesse agradando o Príncipe Encantado, para levá-la dali, "tirá-la de tudo aquilo". Tudo o quê? A solidão de viver diante de sua própria alma? A certeza de ser ela própria, em vez de metade de outra coisa?

O meio certo de exorcizar uma paixonite consistia em escrever acerca de alguém, observar-lhe os tiques e cacoetes, anatomizar sua personalidade em letras de forma. Depois disso ele passava a ser um inseto espetado num alfinete, um recorte de jornal em plástico laminado. Podia desfrutar sua companhia, até mesmo admirá-lo em certos momentos, mas ele já não tinha o poder de me fazer acordar tremendo no meio da noite. Eu já não sonhava com ele. Ele passara a ter um rosto.

A foda sem zíper é absolutamente pura. Sem zíper, é bom entender, não porque os europeus usam braguilhas de botão, em vez de braguilhas com zíper, e não porque os participantes sejam tão devastadoramente atraentes, mas porque o incidente tem toda compreensão rápida de um sonho e parece livre de qualquer remorso e culpa; porque não existe racionalização; porque não existe conversa nenhuma. A foda sem zíper acha-se livre de motivos posteriores. Não há disputa de forças...
A foda sem zíper é a coisa mais pura que existe. E se mostra mais rara do que o unicórnio. Eu nunca tive uma. Sempre que pareceu que estava perto dela, descobri que se tratava de um cavalo com chifres de papelão, ou dois palhaços enchendo a roupa de unicórnio.

Após ter passado a paixonite a gente racionaliza. Adorei, certa vez, um regente que nunca tomava banho. Tinha o cabelo emaranhado, e era um fracasso completo na hora de limpar a bunda. Sempre deixava manchas de merda em seus lençóis. Eu, normalmente, não sou a favor disso - mas nele estava bem, ainda não sei qual o motivo. Apaixonei-me por meu marido, em parte, porque ele tinha os ovos mais limpos que já provei. Não têm pêlo, e ele praticamente não sua. Dava (pra quem quisesse) para comer no cu dele (como no chão da cozinha da minha avó). Por isso sou versátil com relação a meus fetixes. De certo modo, tornam as minhas paixonites ainda menos explicáveis.

A história do mundo através da foda. A cópula. A dança antiga. Serviria para fazer crônica ainda melhor do que uma história do mundo pelos toaletes. Abrangeria tudo. O que não acaba em foda ao fim?

Quando olho em retrospecto minha vida, vejo todos os meus amantes sentados de modo alternado, de costas um para o outro, como se estivessem na brincadeira das cadeiras. Cada qual um antídoto para o outro que existiu antes. Cada qual uma reação, uma meia-volta, um rebote.

Eu respeito mais a fantasia. Nós somos o que sonhamos. Somos o que sonhamos, mesmo acordados. Os gráficos, números, luzes que acendem e apagam; e perus de plástico da Master e Johnson contam-nos tudo acerca de sexo, e nada ao mesmo tempo. Porque o sexo está todo na cabeça. As pulsações e secreções nada têm a ver com ele. Aí está porque todos os manuais de sexo mais vendidos não passam de tapeação. Ensinam às pessoas como foderem com a pélvis, mas não com a cabeça.

Era claro, a meus olhos, que julgar a si próprio superior constituía sinal certo de inferioridade e que julgar a só próprio extraordinário constituía indicação segura de ser ordinário. Pg. 65

Pequenos raios parecem ligar nossos olhos - como de um modo cômico e cósmico. Pequenas ondas de calor parecem ligar nossas bacias, como numa história em quadrinhos pornográfica. Pg. 82

Eu devo ser o primeiro caso de menopausa aos vinte e nove anos de idade a ser registrado. Estou com um calor doido, o rosto dá a impressão de ter ficado rubro, o coração disparou como o motor de um carro esporte, as faces pareces perfuradas por agulhas minúsculas em operação de acupuntura. Toda metade inferior de meu corpo se liquefez e está escorrendo devagar para o chão. Já não é caso de molhar as calças - estou me desmanchando. Pg. 82

Deu logo para ver a inutilidade de poupar de uma cama para outra e manter casos rasteiros e rasos com muitas criaturas rasas. Pg. 84

Dançar é como foder. Não importa a aparência da coisa... é só concentrar a atenção em como se sente. Na dança social, como na vida social, audácia é tudo. A partir de então tornei-me uma "boa dançarina", ou, pelo menos, gostava daquilo. Era mesmo como foder - tudo questão de ritmo e suor. Pg. 86

Por que tinha de ser isto ou aquilo? Eu simplesmente queria os dois. Era na escolha que ficava a impossibilidade. Pg. 86

Que coisa hipócrita, subir com um homem com quem não se quer foder, ao mesmo tempo em que se finge que é aquele que se deseja. A isso se chama fidelidade. A isso se chama monogamia. A isso se chama "o mal-estar da civilização". Pg. 87

Todas as minhas fantasias incluam o casamento. Assim que me imaginava fugindo de um homem, antevia minha ligação com outro. Era como um barco que sempre tinha um perto onde tocar. Simplesmente não conseguia imaginar-me sem um homem. Sem homem, sentia-me tão perdida quanto um cachorro sem dono; desarraigada, sem rosto, indefinida. Pg. 91

Esperteza miserável, pensava eu, o modo como os homens haviam tornado a vida tão intolerável para as mulheres solteiras que a maioria delas chegava até a aceitar os casamentos ruins. Pg. 91

Eu não confiava no prazer, nem nos meus impulsos. Ficava assustadíssimo quando estava feliz... E quando me assustei... casei-me. Exatamente como você, meu amor. Pg. 98

Pensei em todos aqueles séculos em que nos quais os homens adotaram as mulheres por seis corpos, ao mesmo tempo em que lhes desprezavam a mentes.
...era assim que eu me sentia com relação aos homens, muitas vezes. As mentes deles estavam inapelavelmente embaralhadas, mas seus corpos eram tão bonitos. As ideias que alimentavam eram intoleráveis, mas os pênis muito sedosos. Pg. 102

Com o passar do tempo, mais claro se tornava que os homens, no fundo, tinham pavor às mulheres. Alguns em segredo, outros abertamente. O que podia ser mais lancinante do que uma mulher liberada de olho em um cacete murcho? As maiores questões da história empalidecem em comparação com esses dois objetos quintessenciais: a mulher eterna e o cacete murcho eterno. Pg. 102

Todos os anos eu me apaixonara por alguém. Mas tudo isso deu em nada. Tinha havido até algumas propostas francas e claras (geralmente feitas por homens que não me atraíam em absoluto). Mas tudo isso deu em nada. Eu ia para casa e escrevia poemas dedicados ao homem a quem eu realmente amava (quem quer que ele fosse). Afinal de contas, eu trepara com número suficiente de sujeitos para saber que um cacete não era tão diferente do outro. Assim sendo, o que procurava? E porque me achava tão inquieta? Talvez resistisse à consumação de qualquer desses flertes porque sabia que o homem realmente desejado continuaria a me escapar, e eu acabaria desapontada. Mas quem era o homem que eu queria mesmo? Pg 105

Os homens sempre detestaram os mexericos femininos porque desconfiam da verdade: suas medidas estão sendo tomadas e comparadas por elas. Nas sociedades mais paranoicas, as mulheres são mantidas inteiramente envoltas em panos (ou sob perucas) e separadas do mundo o mais possível. Mesmo assim mexericam: é a forma inicial de criar a consciência. Pois homens podem zombar, mas não impedir. O mexerico é o ópio dos oprimidos

Talvez o homem impossível nada mais fosse do que um espectro saído de nossos próprios anseios. Talvez ele fosse como o próprio intruso intemerato, o estuprador fantasma que as mulheres contam descobrir sob as camas ou nos banheiros. Ou talvez fosse, na verdade, a morte, o último amante. Pg 113

O silêncio é o mais cortante dos instrumentos cortantes. Parece martelar a gente contra o chão. Leva-nos cada vez mais ao fundo de nossa própria culpa. Faz com que as vozes internas, na cabeça, nos acusem com mais perversidade do que qualquer voz externa o conseguiria. Pg. 117

As mulheres são as maiores inimigas delas próprias. E a culpa constitui a arma principal na autoestrutura. Mostre-me uma mulher que não se sinta culpada e estaremos na presença de um homem. Pg. 143

É preciso aturar muita merda das pessoas para poder saborear os bons pedaços também. Pg. 142

Eu gosto de ser chateado por você. É mais divertido do que ser divertido por outra. Pg. 149

Não existe nada mais feroz do que um artista fracassado. A energia permanece nele, mas, sem ter saída, explode em um grande peido negro de raiva que enfumaça todas as janelas internas da alma. Por horrível que sejam os artistas vitoriosos, com frequência, nada existe de mais cruel ou vão do que um artista fracassado. Pg. 161

Não se divisava esperança alguma. Quem fosse mulher e talentosa descobrira que a vida era uma arapuca, qualquer que fosse a direção tomada. Era uma questão de afogar-se na domesticidade (e alimentar fantasias de fuga) ou afastar pela domesticidade em toda a arte que se fizesse. Não se podia escapar do destino da fêmea. O conflito se achava desencadeado até mesmo no sangue. Ser mulher significava ser esbulhada e perseguida, frustrada, contrariada, estar sempre com raiva. Significava dividir-se em duas metades irreconciliáveis. Pg 170

Ser amado pelo mundo não substitui ter sido amado por uma pessoa quando se é pequeno e, ademais, o mundo é uma droga em matéria de amor. Pg. 175

Que voz era essa, que continuava a me chamar de covarde! e me incitava a quebrar o pau, engolir o veneno de um só gole, em vez de fazê-lo gota a gota, mergulhando até o fundo do meu medo e ver se conseguiria subir depois? Era uma voz? Ou uma palpitação? Algo ainda mais primitivo do que a fala. Uma espécie de trepidação em minhas tripas, a que eu dera o apelido de "palpitação de fome". Era como se meu estômago pensasse em si próprio como coração. E por mais que eu o enchesse - com homens, livros, comidas, biscoitos modelados como homens e poemas modelados como homens, e homens modelados como poemas - recusava-se a sossegar. Impreenchível - era assim. Ninfomania do cérebro. Inanição do coração. Pg 176

A cadelice pura e descarada pode ser um estilo, pode ter élan, mas sou um fracasso até como cadela. Fungava, arrastava-me, decidia, analisava. Era uma chata até para mim mesma. Pg 182

Tivemos de armar nossa barraca ao lado da estrada e acocorar-nos para cagar, os matinhos fazendo cócegas na bunda e as mutucas zumbindo próximas de nossos cus, pousando em seguida sobre os cagalhões recém-libertados.
A vida não tem enredo. É muito mais interessante do que qualquer coisa que se possa dizer a respeito dela, porque a língua por sua própria natureza ordena as coisas e a vida, na verdade, não tem ordem alguma. Até os escritores que respeitam a bela anarquia da vida, que procuram colocá-la toda em seus livros, terminam fazendo com que pareça muito mais ordenada do que já foi e, afinal, não dizem a verdade. Porque nenhum autor pode dizer a verdade sobre a vida, qual seja, a de que ela é muito mais interessante do que qualquer livro. E nenhum autor pode dizer a verdade sobre as pessoas - pelo motivo de que essas são muito mais interessantes do que quaisquer personagens. Pg 193

Via o universo como um lugar animado, habitado por espíritos. As frutas lhe falavam. Quando descascava uma maçã, fazia com que ela parecesse gritar por meio de ventriloquismo. Usava a mesma técnica de ventríloquo com as tangerinas, laranjas, até com as bananas - fazendo com que cantassem e falassem, e até declamassem versos. Pg 200

O casamento burguês ideal. Marido e mulher sem tempo para estarem juntos. Havíamos nos casado porque gostávamos muito de estar juntos. O casamento eliminou nosso único motivo para o casamento. Pg 203

Imaginemos o continente perdido da Atlântida e todas as ilhas submersas da infância, bem ali, esperando ser achadas. O espaço interno que nunca exploramos adequadamente. Os mundos dentro de mundos dentro de mundos. E o maravilhoso é que estão à nossa espera. Se deixamos de descobri-los é apenas porque ainda não construímos o veículo certo - espaçonave, submarino ou poema - que nos levará até eles. É por esse motivo em parte que escrevo. Como posso saber o que penso a menos que veja o que escrevo? Minha escrita é o submarino, ou espaçonave, que me leva aos mundos desconhecidos dentro de minha cabeça. E a aventura é infinita, inexaurível. Se eu aprender a construir o veículo certo, poderei descobrir ainda mais territórios. E cada poema novo é um veículo novo, destinado a mergulhar um pouco mais fundo (ou voar um pouco mais alto) do que o anterior. Pg 220

A ambivalência é música maravilhosa para dançarmos. Tem ritmo todo próprio. Pg 225

Todos os problemas de amor são proUiblemas de má distribuição., com seiscentos demônios. Há grande fartura de elementos naturais, mas eles vão sempre para as pessoas erradas, nos momentos errados, nos lugares errados. Os amados recebem mais amor, os desabmados recebem mais desamor. Pg 233

Mas se ao menos eu pudesse tê-los combinado! Por que sempre acabo com dois homens que compõem um grande homem? Pg 234

Sentia-me como uma bola de pingue-pongue humana. Não parava de encontrar homens com os quais escapava de minha família, depois voltava à minha família para escapar dos homens. Sempre que estava em casa, queria sair de lá e sempre que saía queria voltar para casa. Como se chama isso? Um dilema existencial? A opressão das mulheres? A situação humana? Era insuportável naquela ocasião, continua sendo agora: de lá para cá é o que faço sobre a rede de minha própria ambivalência. Assim que encosto no chão, quero voltar a subir e voar outra vez. O que faço então? Rio. Só dói quando rio - embora ninguém saiba disso, apenas eu. Pg 243

Por que, sempre que se recusa um homem, de modo sincero e completo, ele continua acreditando que a gente estava sendo coquete? Pg 282

Insone traquejada, sei que às vezes dá para arredar a insônia mediante esperteza: fingir que não me importa dormir. Com isso, o sono às vezes ficava amuado, como amante rejeitado, e vinha rastejando, tentando seduzir-me. Pg 290

A despeito do que Auden afirma, dizendo que todas as pessoas adoram o cheiro do próprios peidos, meu fedor começava a ofender as narinas. Pg 304

As pessoas não nos completam. Nós nos completamos nós mesmos. Se não tivermos o poder de nos completarmos, a procura pelo amor se torna uma procura de autoaniquilamento; e, nesse caso, buscamos convencer-nos de que o autoaniquilamento é amor. Pg 307

"A vida não tem enredo", eis um dos meus ditos favoritos. Pelo menos, não tem enredo quando se está vivo. E, depois de morrer, o enredo não é de nossa conta. Pg 315

O machucado no coração que, no começo, parece tão sensível ao menor toque, com o tempo se transforma em todas as tonalidades do arco-íris e pára de doer. Esquecemo-nos dele. Chegamos a esquecer que temos coração, até que apareça a vez seguinte. E é quando tudo acontece de novo e nos espantamos em verificar como foi possível esquecer. Pensamos: "Este é mais forte, este é melhor...", porque, na verdade, não conseguimos lembrar bem da vez anterior. Pg 307


O que o amor já fizera por mim, senão despontar-me? Ou talvez eu procurasse as coisas erradas no amor. Queria perder-me em um homem, deixar de ser eu, ser transportada ao céu em asa de empréstimo... E as asas emprestadas nunca permaneciam no lugar quando precisava delas. Talvez eu devesse criar as minhas próprias asas. Pg 308

Conheço alguns casamentos bons. Na maior parte, são segundos casamentos, casamentos nos quais ambos ultrapassaram essa bosta de eu-Tarzan, você-Jane e estão apenas tentando atravessar os dias, ajudando-se mutuamente, sendo bons um com o outro, fazendo o trabalho que apareça e não se preocupando muito por saber quem faz o quê. Alguns homens alcançam esse estado de coisas deliciosamente repousante por volta da idade dos quarenta, ou depois de dois divórcios. Talvez os casamentos sejam melhores quando se está na meia-idade, quando toda besteira desaparece e a gente compreende que é preciso amar um ao outro, porque os dois vão morrer, de qualquer modo.(pg.92)
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May 27/04/2013

Foi bom ler porque todas nós mulheres temos essas porções de inseguranças como a mulher do livro que eu esqueci o nome, bjs. E sempre ressalta aquela de que todos nós queremos sair de uma relação confortável com todos seus defeitos para seguir uma aventura, mas será mesmo que essa aventura vale a pena? Eu gostei, mas não sei se leria de novo.
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Debieco 20/04/2012

Leitura feminina ou feminista
O nome da autora e o título do livro são duros, hein? Parece literatura de mulherzinha ou auto-ajuda... também tá na lista dos melhores que já li e que me pergunto: como passei tanto tempo sem ler? É uma autora da década de 1970 muito questionadora sobre os rumos que as mulheres estão tomando, e o mais louco é que os mesmos questionamentos são atuais. Leio de novo, duas, três quatro vezes e sempre encontro algo a mais pra me acrescentar.
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San... 11/06/2011

Erica Jong decididamente não fez minha cabeça. Neste caso, talvez eu ainda dê uma chance às suas obras, porque posso ter iniciado a leitura num momento onde ainda não estivesse preparada para a maneira como ela escreve... De qualquer forma, tenho dúvidas de que eu venha a gostar de seu estilo um dia, mas não quero ser preconceituosa. Uma horas dessas tento novamente e venho aqui para mudar esta minha opinião ou então para reforçá-la.
sonia 25/04/2013minha estante
detestei este, vulgaridade e falta de bom senso, foi o que pensei quando o li, e eu tinha 17 anos!decididamente, tem coisa melhor para a gente ler.




Claire Scorzi 27/02/2009

Humor Feminino
Erica Jong estreou na ficção com esse romance saudado como feminista e 'chocante' em 1973. Muito divertido, com um tipo de humor até então só associado aos homens (que escritora antes dela fazia humor com suas desventuras sexuais?), é escandalosamente honesto quanto a casamento, sexo, filhos, família... Tanta sinceridade tratada com humor deve ter sido a razão do choque de muitos.
O romance é engraçado e também um pouco triste - se lermos nas entrelinhas. Ele também foi, para mim, 'chocante' porque aos 20 anos era o primeiro que lia desmistificando o amor, estar apaixonada... Erica Jong pareceu-me então desiludida, uma cética. Embora eu tivesse gostado do livro, levei anos para relê-lo.
Agora digo que é um livro meritório em parte pelas razões que me 'chocaram' de início; a mulher de 40 saúda a autora por tê-lo escrito. Erica Jong abriu caminho para dezenas de escritoras (de vários países) que talvez até a desprezem, ingratas que são. Ela é, sem dúvida, uma de minhas heroínas.
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