Jules 24/06/2011
“Sereia” – Tricia Rayburn [http://up-brasil.com/]
Capa diferente, título interessante e um enredo que promete. “Sereia” fisga o leitor pelo seu título e sua abordagem dos seres mitológicos conhecidos como “cantoras do mar”.
Tricia Rayburn nos trás uma temática completamente diferente da febre pop sobrenatural centrada nos vampiros e anjos, ela nos introduz ao universo das sereias. A Disney nos apresentou a Ariel, uma sereia boazinha, mas, os seres da mitologia não são nada parecidos com Ariel. As sereias são criaturas mortais e traiçoeiras, encantadoras e irresistíveis que atraem suas vítimas somente para mata-las depois.
O livro é trabalhado num mix de mistério e suspense. Apesar de se tratar de um Young Adult Book, “Sereia” não é uma trama adolescente maçante e manjada, mas peca quanto ao desenvolvimento, que é contraditório, inicialmente lento e às vezes, um pouco confuso. A obra possui alguns “furos” e situações não explicadas e apesar de se tratar de uma trilogia, não vi ligação das falhas com os próximos volumes. Mas claro, a autora deixou alguns pontos a serem explicados nas continuações de “Sereia”.
Rayburn possui uma escrita constante, o que torna a leitura agradável. Há elementos que atiçam a curiosidade do leitor e o levam a querer desvendar os mistérios da obra, mas não a ponto de “não querer largar o livro”. A estória tem personagens interessantes, mas alguns poderiam ter sido melhor trabalhados. Um em especial é Olivier, um velhinho que sabe muito e que seria uma das chaves para desvendar a série de mortes em Winter Harbor, mas que acabou ficando em quarto plano e tendo uma participação ínfima no enredo.
Vanessa tem 17 anos e acaba de perder a irmã mais velha – Justine, que aparentemente, cometeu suicídio. Aqui, a autora trabalha o sentimento de perda e o luto de Vanessa, que sempre teve a irmã como ícone e objeto de adoração. Justine era a mais corajosa, a mais descolada, a mais bonita e atraente, enquanto Vanessa era a mais tímida e a mais boba, além do fato de possuir uma fobia de absolutamente… Tudo. Esta introdução do livro é um tanto “arrastada”, onde a autora procurou fazer com que o leitor entendesse e sentisse o luto de Vanessa. Não foi uma tentativa muito feliz, uma vez que se tornaram cansativas as primeiras 80 páginas.
Inconformada com a morte – suicídio – da irmã, Vanessa volta à casa de praia no Maine para tentar descobrir o que realmente aconteceu. E para isso, ela vai atrás de Caleb – namorado da irmã – com a esperança dele possuir as respostas para as suas perguntas. Entretanto, Caleb está sumido e agora, Vanessa só pode contar com Simon, irmão mais velho de Caleb e amigo de infância de Vanessa.
Uma sequencia de mortes esquisitas – e sem qualquer relação – aterroriza a população de Winter Harbor, que com mais frequência perde moradores do sexo masculino. Os corpos são encontrados sempre a beira da praia e as vítimas estão com um sorriso no rosto.
A fim de não ficar com a cabeça vazia e com tempo ocioso, a medida que Vanessa tenta descobrir o que houve com sua irmã – e encontrar o desaparecido Caleb – ela trabalha como garçonete em um restaurante famoso da cidade e conhece a jovem Paige, que imediatamente cria um vínculo com Vanessa. Contudo, a irmã mais velha de Paige – Zara – causa uma reação estranha em Vanessa, que sempre sente fortes dores de cabeça quando a moça está próxima.
Além de toda a série de mortes em Winter Harbor, a cidade esta sofrendo constantes mudanças climáticas. Algo que nem os meteorologistas conseguem explicar. Aqui temos um pouco de ciência envolvida na trama.
À medida que sua amizade com Paige aumenta, Vanessa começa a descobrir coisas que jamais considerou serem reais. Além do fato de Justine sempre falar em seus pensamentos. Apesar de morta, a personagem é presente durante toda a estória e essencial para que Vanessa consiga seguir com sua investigação.
Há resenhas bastante positivas com relação a “Sereia”, mas infelizmente, o livro não mereceu uma nota maior em meu conceito porque a medida que a narrativa ia se desenvolvendo, alguns personagens foram perdendo importância e algumas situações foram resolvidas de forma muito “mágica”.
Gostei da forma como Rayburn trabalhou o mito das sereias, mas, achei que ela poderia ter nos dado um pouco mais de material para pensar e esperar para o próximo volume. Uma ressalva foi a cauda das sereias, que não foi citada em nenhum momento. Isso meio que desmistificou o ser que eu tinha em mente. Afinal, todo vampiro tem presa, todo anjo tem asas e toda sereia deveria ter uma cauda, não?
Existe um romance na trama, onde Vanessa passa a ver Simon não só como o amigo de infância e vice-versa. Mas isso não compromete o foco da estória, e devo ressaltar – novamente – que senti falta de um pouco mais de envolvimento do casal. A paixão adolescente é abordada mas penso que a autora poderia ter atribuído mais sentimento ao romance, que ao meu ver, ficou um pouco superficial.
Apesar de todas as críticas e pontos que levantei sobre “Sereia”, estou curiosa para ver a continuação da estória. O livro não é de forma alguma ruim, ele é bom e trás um tema interessante e que tem potencial. Talvez este primeiro volume não tenha sido tão satisfatório, mas, quem sabe o segundo não seja melhor?