O som e a fúria

O som e a fúria William Faulkner




Resenhas - O Som e a Fúria


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Leo 06/04/2015

Um enredo sem linha de rumo preciso navega num tempo sem definição, ondeando entre memórias e prenúncios, desprezando a linearidade, a lógica. Como se ao longo da rota 66, como se caminhando descalço sobre o alcatrão das estradas do Iowa, como se sem destino nem rumo certo...

Respira-se o desprezo pelo concreto, a recusa do próprio tempo. O simbolismo, intenso e sempre presente, enreda-se permanentemente numa linguagem barroca, de formas por vezes sublimes, mas nunca frívolas.

Jogos de palavras, simples prazer da escrita e da leitura. Um grito coletivo de revolta: uma família apodrecida pela América da falsa prosperidade, rodeada de negros acorrentados à humilhação de ter nascido. Personagens enlouquecidas, devassas, horríveis, infelizes, perdidas num vazio de humanidade.

E a Dilsey… a criada negra desgraçada e feliz… normal.

Benjy é louco, Jason alucinado, Quentin lunático, e... um bando de negros.

Faulkner constrói assim um quadro quase sem nexo, quase sem sentido, como a vida. Quando chegamos ao fim as estórias ganham, finalmente, forma e sentido. Mas nessa altura fica na nossa mente a frustração de não haver mais páginas… como se todos os Compsons tivessem morrido de súbito. Apetece então voltar ao início… como na vida: uma circunferência que nunca se fecha e assim se transforma em espiral… perpetuamente… sem tempo…

Sem dúvida (pelo menos na minha opinião), um dos melhores livros de toda a história da literatura mundial.

Para ler e reler...
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Ricardo 20/03/2011

Dá pra tomar uma Kaiser antes?
O autor não facilita a vida do leitor, o livro é narrado por várias vozes e algumas delas não muito faceis.
A parte que é narrada pelo deficiente é interessante, mas um pouco longa.Logo em seguida parece que você está ouvindo os pensamentos de um estranho e fica tentando adivinhar do que se trata.
Do meio para o fim a leitura fica mais fácil.
O livro é uma aula de estilos literários, e o autor brinca com eles a todo momento.
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joaopaulo.gurgeldemedeiros 14/02/2015

E se deu o milagre de Shakespeare na paixão de Cristo!
Livro espetacular! Marcado por uma técnica estonteante de escrita, Faulkner se utiliza da maestria da compreensão profunda da verdade dentro de suas personagens com estórias que se entrelaçam num livro que exige do interlocutor um tom ativo. Obra que deixa em deleite quem aprecia a arte no aspecto da forma, da estética, e compreende que a Literatura é a arte de representar vivências e de se entender os aspectos da verdade de um ponto de vista mais aproximado.
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Eduardo 10/12/2014

Tomorow and tomorow and tomorow...

“O Som e a fúria”, livro tão intenso quanto o título. Marcado pela trágica história de uma família sulista estadunidense; os Compsons. Quase que destinados ao ódio a ganancia e a desesperança, os membros da família colocam em processo de derrocada a sua própria existência.

Resenha completa no blog.

site: http://odemonionasentrelinhas.tumblr.com/post/104808512293/tomorow-and-tomorow-and-tomorow
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Bruna 20/02/2017

O livro conta o drama da família Campson, em quatro capítulos,mais um apêndice, adicionado anos após sua publicação.

Uma leitura que exige atenção, o primeiro capitulo é contado por Benjamin, um doente mental, narrado através de suas memórias, ele vai adicionando história e deixando pistas de difícil compreensão, de forma desconexa as narrativas de Benjamin, viaja em diversos tempos sem sequência cronológica, e isso dificulta muito a compreensão da história.
No segundo capítulo a narrativa fica mais clara e precisa. Quentin o irmão estudioso, vai estudar em Havard , psicologicamente fraco e atormentado por seu amor incestuoso por sua irmã Candence – Caddy, não conseguindo se libertar da culpa.
No terceiro capítulo narrado por Jason filho, temos um humor sádico. Jason, o filho ressentido, por ter a responsabilidade de cuidar de sua família, após a morte de seu pai.Cheio de ódio e preconceito, insatisfeito com sua condição, perseguindo e maltratando a empregada Dilsey, e todos os subalternos da casa, suas alfinetadas com doses de humor cheio de malevolência, esse é o comportamento dele durante todo o livro.
Ele persegue a sobrinha Quentin, filha de Candence, impedindo o contato das duas, e tirando vantagem sobre elas.
No quarto capítulo Quentin se livra de Jason, e Dilsey é retratada, com toda sua força,mostrando uma devoção inquestionável de uma vida de subserviência à família Campson.

Ótimo livro, escrita original, depois de A Cor Púrpura- Alice Walker, esse foi o livro mais fora dos padrões convencionais de uma escritor que já li.
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IngridEulalia 12/06/2017

Recompensador
Certamente esse livro não é indicado para leitores preguiçosos e superficiais. Faulkner nos dá uma narrativa que gera confusão em vários trechos, mas, para aquele que ainda duvida se vale a pena concluir essa leitura, garanto que sim. O padrão estético do autor beira a perfeição, o fluxo de consciência utilizado aqui monta o universo ficcional da família Compson de maneira primorosa. O livro já há muitos anos vem sendo estudado e comentado por pessoas muito mais competentes do que eu, simples leitora curiosa e ainda iniciante, portanto como dica para auxiliar durante o processo de leitura sugiro os vários vídeos disponíveis no YouTube. No mais, fica aqui o registro de alguém que se encantou pela história narrada por um idiota, cheia de som e fúria.
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Solange.Campos 02/04/2018

Um desafio literário
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Niki Pádua 06/05/2024

Um livro recompensador
Antes de começar a leitura de 'O Som e a Fúria', eu ouvi muitas pessoas comentando sobre a dificuldade deste livro. Agora, após a leitura, posso confirmar. Esse livro requer muita atenção e paciência, principalmente durante os primeiros capítulos.
É muito doida a experiência de te entregarem as informações todas embaralhadas, escritas de formas e por personagens diferentes. Tudo o que aconteceu está lá desde o início, mas não é para ser entendido. Assim como um quebra-cabeça, você leitor vai montando as peças e descobrindo o que realmente aconteceu com essa família. E esse é só um dos pontos que faz esse livro ser tão bom.
Tenho certeza de que vou reler essa obra logo, deve ser uma experiência totalmente diferente.
Um clássicão daqueles pra não por defeito, 5 estrelas.
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Viruga 17/11/2017

História inovadora e não-linear
A magnum opus de William Faulkner, ganhador do Nobel em literatura, conta a história da decadência da família Compson. O livro é inovador na forma como narra a mente barulhenta e tempestiva de cada personagem. A história não é linear e não se preocupa em descrever os personagens. Existe apenas a ligação que cada um deles tem com sua irmã Caddy e o que ela desperta neles.

A primeira parte é relatada por Benjamim, devido a sua deficiência mental, transforma o começo do livro em algo infantil e simples. O que me incomodou nessa parte foram as birras, malcriações e choradeiras da casa constantes em todo o tempo.

A segunda parte é a de Quentin, o filho mais velho que foi estudar em Harvard custando todos os bens da família para custear os gastos. Um investimento em vão que causou a decadência financeira da família e iria trazer vários problemas futuros.

O terceiro é a parte de Jason. Odiado, racista, machista e manipulador. Eu vi nesse personagem apenas um jovem caso perdido de amargura e ódio, que se irrita com a mãe fraca e pragueja o pai niilista por arruinar a família junto com o investimento perdido em Quentin. Ele é o único filho de mente sã da família, porem em meio a decadência observa apenas a razão maquiavélica como sobrevivência.

A quarta parte relatada em terceira pessoa fala do domingo de páscoa e conta mais detalhes.

A última parte é a mais importante para entender a história. Conta fatos importantes que não tinham sido revelados antes e que fecham melhor os pontos entre os personagens, a relação entre cada um deles e qual foi o fim ou a origem de tudo. Também descreve bastante cada um dos personagens que em poucos momentos no livro são vistos sob o olhar de alguém de fora.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 19/11/2017

Para Ler E Reler
Em 1929, após ter um livro rejeitado pelas editoras, William Faulkner resolveu dar uma guinada na carreira. Isolou-se e começou a escrever um romance exclusivamente para sua satisfação, sem pretensão de agradar leitores, críticos ou editores. Assim nasceu "O Som e a Fúria", responsável por sua ascensão profissional que culminou vinte anos depois com o Prêmio Nobel de Literatura.

A narrativa tem como palco a fictícia Yoknapatawpha County e aborda a decadência de uma tradicional família do Sul dos Estados Unidos, descendente de um herói da Guerra da Secessão, o General Compson. Aliás, tanto as personagens como seus ascendentes aparecem em outros textos do escritor.

Empregando o fluxo de consciência, ruptura de sintaxe e um enredo não linear, sua leitura requer redobrada atenção. Assemelha-se a um intrincado quebra-cabeças cujas peças vão pacientemente sendo encaixadas até chegar à última. De fato, nem sempre é possível entender o que está acontecendo, mas, pouco a pouco, a história vai tomando forma e o esforço vai sendo recompensado. Uma boa maneira para não desanimar (e que me ajudou) é conhecer de antemão os quatro narradores, cada qual responsável por um capítulo do livro. São eles:

- Benjamin ou Benjy Compson: Mudo e deficiente cognitivo, é o filho caçula e motivo de vergonha da família. Descreve o mundo com baixa compreensão e um raro sexto-sentido. Seu relato soa desarticulado, com pontos obscuros e para não se perder com os frequentes saltos temporais, verifique se é Versh (infância), T.P. (adolescência) ou Luster (vida adulta) quem cuida da personagem.

- Quentin Compson: Trata-se do primogênito, o escolhido pelos pais para estudar em Harvard. Neurótico e instável, defensor da honra e da moralidade, é um suicida cujo desabafo desesperado e fantasioso conforme avança, vai se fragmentando. Essa é a parte mais difícil e estudada do livro.

- Jason Compson: Irmão mais novo de Quentin, é cínico, desprezível e manipulador. Trata-se do vilão da história que, indigno de confiança, tenta passar a imagem de filho injustiçado a quem coube sustentar a família após a morte do pai. Seu relato não oferece maiores dificuldades de entendimento.

- Na quarta parte, Faulkner faz uso de um narrador onisciente, sugerindo pensamentos e ações das personagens, mas quem monopoliza a atenção é Dilsey, uma negra que trabalha para os Compsons há muitos anos e surge como a voz da razão.

No entanto, o papel de protagonista pertence a Caddance ou Caddy, a única filha do casal. Ela jamais adquire uma voz, mas permite que os sentimentos dos irmãos revelem seu caráter, aliás, é o objeto da obsessão dos três e a única que consegue escapar da relação doentia que os une, indo viver a própria vida.

Finalmente, Faulkner se inspirou num trecho de "Macbeth" de Shakespeare para dar titulo e desenvolver a história:

"Apaga-te... apaga-te breve vela!
A vida nada mais é do que uma sombra que anda...
um pobre ator que se pavoneia e se agita durante sua hora no palco e depois não é mais ouvido.
É uma história contada por um idiota
cheia de som e fúria que nada significa!"

Nota: Um apêndice foi inserido pelo autor após dezesseis anos da primeira edição. Não só traça o esboço de algumas personagens, como dá detalhes sobre o futuro.
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Magasoares 05/01/2018

A decadência de uma família.
Já sei porque William Faulkner ganhou o Nobel da Literatura, sim eu sei... E gostei :)
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Ana Saka 27/07/2015

É um desafio, mas compensador
Este livro é um grande quebra-cabeças cujas peças são dadas aos poucos. Ele começa com um doente mental contando a história, e segui um conselho que dizia que devemos lê-lo com atenção, mas fiz um acréscimo por minha conta: no primeiro capítulo, ia anotando os nomes que surgiam e tentava descobrir pelos contexto e diálogos o papel de cada personagem na trama. Ao descobrir, anotava ao lado do nome, isso facilitou bastante. O segundo capítulo também é complexo, pois é narrado por um personagem perturbado. Já os dois últimos capítulos preenchem as lacunas deixadas pelos capítulos anteriores. É um livro que exige dedicação, mas compensa o esforço. Ao terminar 'O som e a fúria', entendi porque algumas obras sobrevivem ao tempo.
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Gabriela Dunham 26/01/2018

Em "O Som e a Fúria" acompanhamos a decadência - em diversos níveis e formas - da família Compson, em quatro capítulos + uma espécie de posfácio. Os três primeiros capítulos são narrados pelos irmãos Benjy, Quentin e Jason e há um ponto de interseção marcante em suas narrativas: a irmã Caddy. É interessante e quase irônico que a personagem que tantas vezes dita o rumo da história seja a única dos irmãos a não ter voz, a não ter qualquer chance de apresentar a sua versão dos fatos e seu ponto de vista. A falta dela, inclusive, faz com alguns pontos levantados sejam apenas isso; não há uma explicação posterior. Acredito que Faulkner optou por suprimir essa narradora para dar ao leitor a chance de construir a personagem em sua mente e de preencher por conta própria as lacunas deixadas pela sua ausência. Porém é possível fazer uma crítica à situação feminina no período em que a história se passa (final do século XIX - início do século XX) e entender a falta de voz à Caddy como um símbolo do silenciamento e da falta de escolha que permeava a vida das mulheres naquele período. Especialmente dentro de uma família tradicional sulista, que ainda parecia perdida dentro de um mundo pós Guerra de Secessão.
A narrativa de Faulkner inicia-se extremamente confusa, mas segue numa crescente; cada capítulo parece mais fácil e entendível que o anterior - e o posfácio no qual o próprio autor assume a narrativa fecha algumas pontas soltas deixadas no decorrer do livro. Porém acho que o capítulo mais importante é mesmo o mais confuso e difícil, ou seja, o primeiro. Ele é narrado por Benjy, o terceiro filho e aquele que possui problemas cognitivos. Sua narração é feita toda em fluxo de consciência, alternando eventos passados e futuros, trechos de conversas atuais, memórias e um pouco da forma como ele percebe o mundo em geral. Nessas idas e vindas ficamos sabendo de eventos que vão desde a infância daqueles irmãos até o dia 07/04/1928, dia em que Benjy faz 33 anos e antecessor a um dia particularmente importante para aquela família. Os demais capítulos - embora o segundo, narrado por Quentin, também contenha muitas lembranças e fluxos de consciência - possuem uma limitação temporal muito maior, por isso considero que o primeiro é o capítulo mais completo; é ele que nos narra toda a história dos Compson e os outros apenas o complementam.
Isso se torna ainda mais claro quando lemos na orelha do livro a citação de Macbeth, na qual a vida é "uma história cheia de som e fúria, contada por um idiota e que não significa nada". Benjy é visto - e chamado, algumas vezes - como o idiota da família, presencia fatos importantes apenas porque as pessoas sabem que ele não terá como conta-los depois, já que se expressa, basicamente, através de gritos (som e fúria, rs). Mas nós leitores podemos entrar na mente dele e - tentar - ver o mundo com seus olhos. Ao chegarmos ao final temos mesmo essa sensação de que foi Benjy - mais do que todos - quem nos contou essa história, a qual, não mostra início-meio-fim de cada personagem como estamos acostumados, não nos dá grandes lições de moral e, talvez, como disse Macbeth, não signifique nada, por ser só "mais uma história" de uma família com problemas, como tantas. Ou talvez signifique muito, mais uma vez Faulkner deixa isso à cargo de quem lê!
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