Itinerário de Parságada

Itinerário de Parságada Manuel Bandeira




Resenhas - Itinerário de Pasárgada


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Breno Vince 25/09/2023

Um livro que requer bastante do leitor
Creio que o título dessa resenha seja, de modo objetivo, um bom resumo da minha impressão sobre a obra. Em "Itinerário de Pasárgada", Manuel Bandeira exige muito do leitor, não por ser uma leitura forçadamente difícil, mas sim pelo fato de que o nível de satisfação do leitor para com a obra depende, também, do nível do leitor, não só do conhecimento da literatura, mas também doutras línguas, que são naturais ao autor. Isso não quer dizer, vale dizer, que se não gostar da obra que o leitor não tem nível, mas sim que certos conhecimentos favorecem uma compreensão mais ampla da obra. Fiquei indeciso entre 3 ou 4 estrelas, pois não é o tipo de obra que fica gravada em seu coração, mas creio que é algo entre isso, contudo, admito que, possivelmente, sob olhar acadêmico de pessoas da área de Letras, essa obra possa ter maior valor.
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jhdep 08/12/2022

O belo-belo de Bandeira
A forma com que Bandeira consegue transformar o simples em sublime contraria a sua opinião de que seria um "poeta menor". Nos sentimos íntimos confidentes do poeta nessas memórias, a partir da qual discorre sobre sua infância, seus primeiros contatos com a poesia, suas influências no processo de se tornar um escritor e sua relação com figuras importantes de sua época e anteriores a ela. Narra acontecimentos como o diagnóstico precoce de turberculose que recebeu, sua morada na Rua do Curvelo e a morte de seu pai, fatos que impactaram diretamente em sua obra. Controverso, como em momentos em que se figura um anticomunista e que trata os conservadores da Academia como meros velhinhos que só desejam sossego, mostra que seu brilhantismo como poeta não apaga sua personalidade conflitante e transitória intrínsecas a todo ser-humano.
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@liv_olivroqueeuvi 24/11/2022

É como ser amiga do poeta...
Itinerário de Pasárgada?, de Manuel Bandeira, foi publicado pela primeira vez em 1954 e consiste em uma autobiografia. Porém muito se engana quem acha que vai encontrar a história de vida do escritor, pois essa autobiografia é bem diferente, é como se a vida ali descrita não fosse do poeta e sim da sua poesia.

Através de um relato cheio de humildade e carisma, somos apresentados às principais inspirações do escritor e às histórias por trás das poesias. No livro, acompanhamos o trajeto lírico de Bandeira desde a infância no Recife, passando pela juventude atormentada pela doença, até a maturidade e o reconhecimento nacional.

O título da obra, escrita quando o recifense tinha 68 anos, remete ao poema ?Vou-me embora pra Pasárgada?, seu texto mais conhecido. Um dos capítulos conta a longa história de sua criação e foi muito interessante ler as palavras do poeta sobre o nascimento e desenvolvimento de versos que conheço desde que tenho memória.

Ler esse livro é como ter um encontro com Manuel Bandeira e, diante de uma personalidade tão importante, é fácil nos intimidarmos. Me senti assim com esse livro na mão, mas foi só ler algumas páginas para uma intimidade começar a nascer e eu ter a sensação de estar conversando com um amigo.

A leitura é divertida, interessante e inspiradora. Muitos podem pensar que é uma obra apenas para admiradores do poeta ou estudantes da área de Letras, mas eu discordo! ?Itinerário de Pasárgada? é para todos que admiram a arte das palavras.

A @globaleditora fez um trabalho muito lindo nessa edição. Com ótimo texto de apoio e ilustrações belíssimas em xilogravura.
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Evelyn.Rosa 01/07/2021

Tive outra visão do poeta depois de fazer essa leitura. Toda poesia que li e toda aula que vi sempre me deram a visão de um Bandeira profundamente deprimido sem vontade de viver. É claro que, muito de sua obra é tocada por momentos difíceis; como a luta contra a doença e a perda de seu pai, mas Itinerário de Pasárgada mostra também como aconteceu a poesia para o poeta e o quanto isso o modificou e o fez crescer em muitos aspectos. Existem passagens meio cansativas em que o autor descreve longamente alguns episódios, em que julgo que poderiam ter sido mais breves, mas isso não estraga em nada a experiência.
O livro é narrado pelo próprio M. Bandeira que demonstra em cada página ser cada vez mais "um poeta forjado pelas circunstâncias" preocupado em fazer coisas que o encham de orgulho antes de ser invadido totalmente pela doença. Apesar de ter lido meio as pressas e forçada para fazer um trabalho, recomendo muito a leitura para quem, assim como eu, tem pouca afinidade com a poesia mas tem vontade de compreende-la de maneira não tão técnica.
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Anna Clara 21/01/2018

Realmente: a simplicidade faz a beleza.
Terminei esse livro aos prantos e acho que é a primeira vez que isso acontece. Manuel Bandeira é simplesmente ~simples~ e genial. Tão humilde e modesto que produz o riso. A cada página lida me sentia uma nova pessoa, tamanha a acumulação de conhecimento do poeta esvaziada gentilmente em cada linha. Muitas referências a escritores, críticos, ao próprio movimento modernista (desmistificando muita coisa ainda hoje propagada pelo senso comum de base romântica, como o vício da universalização de características aplicadas a um número grande demais de artistas, por exemplo: a ideia de que modernistas necessariamente serão piadistas/produzirão o "poema-piada"); muita menção às músicas de seu gosto (belas, lindas demais!); explicações sobre alguns poemas específicos, tudo muito interessante e gostoso de ler.

Algo que me impressionou de uma forma muito positiva foram os modos de que se valeu Manuel Bandeira para falar dos grandes escritores - como Carlos Drummond de Andrade e Machado de Assis - e que são de uma delicadeza e respeito tamanhos que respingam em nós, leitores, e acabam por nos ensinar, pela emoção das palavras, um pouco sobre humildade intelectual.

É preciso reconhecer-se medíocre, quando for o caso; é preciso perceber o nosso lugar.

Enfim... Após a leitura desse livro, cabem perfeitamente os versos de Drummond:

"Ontem, hoje, amanhã: a vida inteira
teu nome é para mim, Manuel, bandeira."

[segundo verso alterado por mim]
Radamés.Benevides 09/02/2018minha estante
Que lindo, Ana. Adorei a reflexão. ;)




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