Aione 14/11/2014A Irmandade das Calças Viajantes é uma das minhas séries favoritas. Isso porque me encanta a maneira introspectiva de como Ann Brashares desenvolve a trama, revelando não apenas os conflitos externos, mas principalmente as emoções e os pensamentos das personagens como forma de resolverem os obstáculos apresentados. Ainda que os quatros primeiros livros da série retratem as vidas de Lena, Tibby, Bridget e Carmen entre seus 15 e 19 anos – uma idade para cada livro, sempre no verão -, achei a história como um todo e as reflexões apresentadas mais profundas do que outros YA que já li. Em Sisterhood Everlasting, a mesma atmosfera dos primeiros livros se faz presente. Contudo, as personagens estão 10 anos mais velhas, quase com 30 anos, e pela primeira vez a trama não se limita ao verão, compreendo um maior intervalo de tempo.
Em terceira pessoa, os capítulos são compostos pelas visões das personagens alternadamente, sem que haja uma métrica: há capítulos em que temos as visões de todas; em outros, de apenas parte delas. Apenas o prólogo e o epílogo são escritos em primeira pessoa, segundo a visão de Carmen.
“Growing up is hard on a friendship. There’s no revelation in that. I remember my mom once told me that a good family is built for leaving, because that is what children must do. And I’ve wondered many times, is that also what a good friendship is supposed to be built for? Because ours isn’t. We have no idea how to cope with the leaving. And I’m probably the worst of all. If you need a picture, picture this: me putting my hands over my eyes, pretending the leaving isn’t happening, waiting for us all to be together again.”
Prologue
Não demorei a me envolver com a história, movida principalmente pela curiosidade de descobrir como estaria a vida das “Setembros”, como se auto-intitulam, dez anos após a conclusão de Para Sempre De Azul – O Último Verão Da Irmandade. Tanto alguns pontos da série ficaram, de certa forma, em aberto e eu esperava encontrá-los aqui, quanto novos conflitos e situações deveriam surgir, e em nada fui desapontada nesse aspecto.
Ao mesmo tempo em que Ann Brashares me deu o que eu esperava para o livro, ela também me surpreendeu por completo, a ponto de me deixar em choque logo nas 100 primeiras páginas, e inserindo novas descobertas no restante do enredo. Meu choque foi tamanho que, por instantes, desejei ter parado a leitura no quarto volume e ignorado a existência desse, mantendo em minha mente as ilusões e as suposições do que poderia ter acontecido, ao invés da certeza sobre o que realmente acontece.
“Maybe you think you’ll be entitled to more happiness later by forgoing all of it now, but it doesn’t work that way. Happiness takes as much practice as unhappiness does. It’s by living that you live more. By waiting you wait more. Every waiting day makes your life a little less. Every lonely day makes you a little smaller. Every day you put off your life makes you less capable of living it.”
páginas 276 e 277
Contudo, ainda que o desenvolvimento do livro como um todo tenha sido em diversos aspectos doloroso, foi também emocionante e recompensador. Ao virar a última página, tive novamente a sensação de ler um livro que mexeu comigo por completo e que não diminuiu em nada meu apreço pela série. Ann Brashares foi totalmente audaciosa em sua história, e muito bem sucedida, não se perdendo em momento algum e construindo um enredo coerente aos primeiros. Suas personagens estão mais velhas, e suas essências, amadurecidas, fazem jus às adolescentes que conhecemos anteriormente.
Uma pena que Sisterhood Everlasting ainda não tenha sido publicado no Brasil; entretanto, espero que a Editora Rocco o traga porque a série merece mais esse capítulo. Ainda assim, quem tiver interesse em fazer a leitura em inglês pode ficar despreocupado porque a leitura é de fácil compreensão – desde que você já tenha certo domínio sobre o idioma. Em uma pequena entrevista ao final do livro, Ann Brashares disse que pode voltar a escrever sobre as Setembros e, caso isso aconteça, não pensarei duas vezes em embarcar em mais quantos livros ela resolver escrever sobre elas. A série A Irmandade Das Calças Viajantes não apenas traz o amadurecimento de quatro jovens amigas e emocionantes histórias, como a força e a beleza da amizade entre elas.
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http://minhavidaliteraria.com.br/2014/11/14/resenha-sisterhood-everlasting-ann-brashares/