Soldados de Salamina

Soldados de Salamina Javier Cercas




Resenhas - Soldados de Salamina


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Geovani.Moreno 11/02/2024

Soldados da Salamina
Soldados de Salamina (2002) é de autoria do espanhol Javier Cercas e busca traçar um panorama dos episódios que envolvem a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
Centrado na busca pelas verdades dos fatos que envolveram a tentativa de fuzilamento de Rafael Sánchez Mazas, escritor e ideólogo da Falange Espanhola e estreito colaborador de José Antonio Primo de Rivera.
A obra tem um tom documental e jornalístico com uma boa construção da narrativa, fazendo um aprofundamento substancial do contexto histórico envolvido. Com uma narrativa bem estruturada e um ritmo que fica mais lento em seu terço médio, recuperando o ritmo até o final. O recurso de acumular os papéis de autor e personagem por Javier, na minha opinião é feito de maneira muito proveitosa.
Um destaque aqui para a participação de Roberto Bolaño (importante autor chileno, sendo considerado um dos mais importantes de sua geração) na história como um personagem, rendendo excelentes diálogos.
Há um filme de 2003 baseado no romance, uma experiência positiva e satisfatória, por isso bem recomendada a leitura.
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Leila 03/02/2024

Soldados de Salamina, obra do autor espanhol Javier Cercas, apresenta uma narrativa que oscila entre a complexidade e a surpresa ao longo de sua trama. Os dois primeiros terços do livro revelam-se um desafio para aqueles menos familiarizados com os intricados eventos da Guerra Civil Espanhola, tornando a leitura um tanto truncada.

No entanto, é no terço final que a obra desabrocha de forma surpreendente, proporcionando reviravoltas que elevam a experiência do leitor. A sensação de fluidez, antes ausente, se estabelece, levando o livro a um patamar mais elevado.

O ponto central da história gira em torno da figura do escritor e jornalista Javier Cercas, que na narrativa assume uma versão fictícia de si mesmo.

O protagonista, também chamado Javier Cercas, embarca em uma jornada de pesquisa para desvendar um episódio específico da Guerra Civil Espanhola, envolvendo um grupo de soldados republicanos que foram poupados da execução por um soldado franquista. A figura-chave nesse episódio é Rafael Sánchez Mazas, um escritor e intelectual franquista.

Ao longo da narrativa, Cercas mergulha na história desses personagens reais, misturando fatos e ficção para explorar questões de heroísmo, traição e as complexidades morais da guerra. A busca por entender os eventos do passado e as motivações por trás das ações dos personagens cria uma narrativa rica em nuances, onde o autor questiona a natureza da verdade histórica e a construção da memória coletiva. A obra também se destaca pela interação do próprio autor com a trama, proporcionando uma camada metalinguística que enriquece a experiência do leitor.

A participação de Roberto Bolaños na terceira parte da obra, mesmo que breve, acrescenta camadas adicionais à história, enriquecendo-a. Outro ponto legal da narrativa são as várias referências literárias.

Enfim, um livro um tanto maçante inicialmente, mas que recompensa o leitor ao final. Nota 3/5!
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Tiago 23/01/2024

O que é um ato heróico? Um livro marcante
Este é um livro que conta a história da escrita do próprio livro. A forma como Javier Cercas conta a história é muito envolvente e flui muito bem. O livro é muito bem escrito.

Na história, Cercas, que é o narrador/protagonista do livro, é um escritor frustrado, que perdeu o pai, se separou da mulher e passou a trabalhar em um jornal. Ele passa a ter interesse por um evento ocorrido no fim da Guerra Civil Espanhola: a tentativa frustrada de fuzilamento do líder falangista (e escritor) Rafael Sánchez Mazas em uma pequena localidade na Catalunha. A primeira parte do livro trata justamente deste desenrolar do novelo. Cercas consegue entrevistar o filho de Sánchez Mazas, o também escritor Rafael Sánchez Ferlosio, que conta a versão da história que lhe foi passada pelo pai. Basicamente Sánchez Mazas escapou do fuzilamento e se escondeu durante dias numa floresta, onde contou com a sorte: um soldado republicano o encontrou, apontou-lhe a arma mas desistiu de atirar, deixando-o fugir. Depois encontrou pessoas que o ajudaram com comida e abrigo. Cercas publica um artigo e isso faz com que outras pessoas o procurem para falar mais sobre o fuzilamento, o que leva ele a encontrar alguns dos companheiros de floresta de Sánchez Mazas.

A segunda parte do livro é um ?livro? chamado Soldados de Salamina, um relato da vida de Sánchez Mazas que conta, em pormenores, o antes, o durante e o depois do fuzilamento. Os depoimentos colhidos por Cercas na primeira parte são fundamentais para este ?livro?.

A terceira parte volta a ser a investigação do jornalista Cercas e é a melhor parte do livro. Cercas é escalado pelo jornal em que trabalha para entrevistar Roberto Bolaño (sim, o escritor chileno é mesmo um personagem da história, e que personagem) e acaba ao longo de várias conversas fascinantes, descobrindo que Bolaño, quando mais jovem, conviveu com Miralles, que foi um soldado republicano na guerra civil e que se refugiou na França após a vitória de Franco. Coincidentemente, no início de 1939, Miralles andou pela mesma região onde estava Sánchez Mazas e isso despertou a curiosidade de Cercas, que ainda tinha desejo em saber mais informações a respeito do soldado que poupou a vida de Sanchez Mazas. Quem sabe ele foi testemunha ocular do fuzilamento. Miralles é, sem dúvida, o personagem mais marcante do livro. Os diálogos dele com Cercas sobre a guerra, sobre heroísmo e sobre a vida em geral são incríveis. Não fica claro se ele é mesmo o soldado que poupou Sanchez Mazas (ou até mesmo se ele é um personagem real ou fictício).

Achei interessante também que o próprio narrador Cercas consegue preencher os seus vazios (divórcio e morte do pai) com a sua nova namorada, Conchi, e com o próprio Miralles, que acaba sendo uma figura paterna para ele.

O livro vai num crescendo. A primeira parte merece 4 estrelas, a segunda 4,5 e a terceira 5. Leitura recomendada e que vai me fazer procurar outras obras do Cercas para conhecer.
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giu 29/04/2023

Nunca conheça seus heróis
Normalmente não indico livros que ?demoraram para ficar bom? mas para toda regra existe uma excessão e esse livro, apesar de só me conquistar perto do final, eu recomendo fortemente!

A escrita é muito boa e o objetivo do livro é maravilhoso mas o início é muito arrastado, por conta da descrição do processo de busca da dados e tals. Enfim, me esforcei para chegar na 3ª parte pq mesmo sendo bem parado foi possível perceber que o desenrolar seria bom.

Eu fique até emocionada ao final da história e achei que a obra me deu uma nova visão sobra a Espanha e seu envolvimento com a guerra, gostei bastante de ler algo afastado da ficção e mais próximo de contextos históricos, irei procurar mais livros assim com certeza.
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Karina Paidosz 28/12/2022

O que é um herói para ti?
Acredito que esse livro não é para todos os leitores, inclusive cheguei a achar que não era pra mim.

Ele não tem muita ação, e isso quase me fez abandonar essa obra tão imersiva.
Cercas nos oportuniza reflexões sobre os valores e as lembranças "Só morremos de fato quando não resta quem se lembre de nós."
Ele têm muitas sacadas bacanas.

Necessita demais da sua atenção. Há um livro dentro do livro. Há um misto de realidade e ficção, em alguns momentos vc não consegue distinguir.

Grandes narrativas nessa história muito envolvente quando ele decide reunir os envolvidos na guerra, trazendo respostas, elucidando memórias dos acontecimentos que refletem sua própria história.

Quando parecia que estava chegando ao fim, que Cercas estava desistindo das suas buscas, ele teve um encontro decisivo com outro escritor. Isso fica bom demais, e a partir daí não conseguia mais parar de ler.
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Ale 23/10/2022

Ser herói.
" E o que é um herói? "
"Não sei - disse. - Alguém que acredita ser um herói e acerta. Ou alguém que tem a coragem e o instinto da virtude e, por essa razão, não erra nunca, ou pelo menos não erra no único momento em que é importante não errar, e portanto não pode não ser um herói. Ou quem entende, como Allende entendeu, que o herói não é o que se mata, mas o que não mata nem se deixa matar. Não sei. O que é um herói para você? "
Pag. 150
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Marília 18/08/2022

Terminei esse livro com um calorzinho no coração. Fiquei pensando que enquanto vivermos as pessoas que conviveram conosco mesmo mortas continuam vivas.
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Camila Borges 04/04/2022

Vestígios da guerra
Bom demais!! Já conhecia "A velocidade da luz" e me lembro de gostar muito da história, dos personagens e da construção da narrativa. Nesse livro em alguns momentos me perdi em descrições de locais da Espanha que não conheço, alguns nomes diferentes. Apesar disso, a leitura é muito interessante na maior parte do tempo. Fala sobre a questão da memória, sobre a relação de um escritor e sua obra, sobre os vestígios da guerra que ainda são tão vivos na mente de algumas pessoas e tão ignorados por outras.
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anna v. 29/05/2021

Não foi para mim
Comprei este livro há muitos anos, ainda na edição de 2004 da editora W11 (de Paulo Francis!), mas só fui ler agora, em 2021. Na época em que comprei, fui motivada por uma curiosidade sobre a Guerra Civil Espanhola, um episódio sobre o qual nada sabia - e, finda a leitura, continuei não sabendo.
(Na verdade, eu estava mal informada. Achei que ler esse livro seria uma forma de conhecer mais sobre esse episódio da história, mas o livro não se presta a isso, eu é que não sabia. Mea culpa.)
Há algum tempo descobri que tenho uma grande implicância com a Espanha e os espanhóis. Concluí que eles legaram ao mundo muito mais coisas ruins do que boas. Obviamente isso é minha leitura completamente pessoal. Mas coloquei na balança. De um lado, aquilo que acho péssimo: o catolicismo mais tacanho de todos; touradas; paella e tapas (detesto); sangria (um horror); franquismo durante décadas; família real até hoje; Catalunha e País Basco, problemas não resolvidos. De outro lado, o que eu acho maneiro: Francisco de Goya; Manuel DeFalla; música flamenca. Ressalvas: Picasso eu considero mais francês do que espanhol (sua obra), Cervantes é capaz de ser realmente bom, mas eu mesma nunca li, e decidi que não me guio mais apenas pelo cânone ocidental. Com isso, fica meio ruim para a Espanha, no meu mundinho. E não foi esse livro que ajudou.
Para começar, tenho horror a essa coisa de autoficção. Acho que beira a desonestidade intelectual ficar escrevendo sobre sua vida como se fosse uma ficção, ou vice-versa, escrever ficção como se fosse sua vida. Se soubesse que era isso, nem teria comprado o livro lá naquela Bienal de 2004.
Soldados de Salamina é dividido em 3 partes, como já foi dito em quase todas as resenhas por aqui. A primeira é tão chata que só não desisti porque o livro é curto. A segunda é mais chata ainda, e foi então que fui procurar resenhas, e o que li me motivou a seguir na leitura, pois todos diziam que a terceira parte era a melhor. E é, realmente. O encontro com Roberto Bolaño (um autor com quem infelizmente não consegui me conectar, vejam em algum lugar minha resenha de 2666) é o que há de mais interessante. Mas honestamente, não foi, para mim, suficiente para salvar esse livro, que achei uma verdadeira chatice.
Não só não fiquei sabendo muita coisa sobre a Guerra Civil Espanhola, como não fiquei sabendo nem mesmo onde fica Salamina!
(Fica na Grécia, e lá houve uma batalha importante entre gregos e persas em 480 a.C.)
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JAS 11/04/2021

Relato espetacular de momentos da vida de dois personagens opostos da guerra civil espanhola e da segunda guerra mundial. Quem são nossos herois?
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Alê | @alexandrejjr 11/01/2021

A arte tornar o passado presente

Um romance político que exige um leitor atento. Assim defino "Soldados de Salamina", livro dotado de uma narrativa eloquente e ágil.

Javier Cercas parte de uma premissa instigante: o que leva alguém numa guerra a deixar de matar o inimigo? É a partir desse ponto que somos convidados a uma busca por respostas através de uma voz narrativa que conduz com competência nossos movimentos, pensamentos e elucubrações.

Cercas está interessado, assim como seu compatriota Javier Marías, em refletir sobre a difícil distinção entre realidade e imaginação. E, assim como nosso João Ubaldo, que dedicou um épico esforço para construir sua obra-prima, "Viva o povo brasileiro", Cercas questiona a importância daquilo que é reportado ou ensinado como história e o que podemos realmente chamar de verdade. E a pergunta do autor é clara nesse sentido: o que faz de alguém um herói, ainda mais numa guerra? Cercas deixa algumas pistas como respostas nas linhas de algumas personagens.

Mas o livro está muito além da política, pois o autor propõe uma meditação sobre a linguagem. Cercas testa estilisticamente o texto com o leitor. Há um livro dentro do livro. Há uma mescla, em determinados momentos, de reportagem e ficção, tornando-se uma espécie de thriller político, uma “narrativa real”. Nosso narrador, em uma das três partes, chama-se Javier Cercas e personagens reais são inseridos a favor da ficção, como o fascista espanhol Rafael Sánchez Mazas e até o escritor chileno Roberto Bolaño. São os jogos que movimentam a trama (e nossos olhos).

O terço final é uma espécie de recompensa aos leitores. Afinal, ao chegarmos na última página da narrativa semi-ficcional de Cercas, concluímos o que minha epígrafe preferida profetizou para a eternidade, que "O segredo da Verdade é o seguinte: não existem fatos, só existem histórias." E Cercas entendeu muito bem isso.
Katia Rodrigues 11/01/2021minha estante
Excelente resenha! Já adicionei o livro na minha pilha de leitura.?


Alê | @alexandrejjr 11/01/2021minha estante
Obrigado pelo elogio, Katia! Espero que goste. ?


Júlia 14/01/2021minha estante
Está na minha lista dos que preciso ler!!!!!


Alê | @alexandrejjr 15/01/2021minha estante
Júlia, vale a pena. Apesar do miolo do livro ser o mais denso por tratar de questões políticas da guerra e tal, o final é bem imersivo e fecha muito bem a história.


Júlia 16/01/2021minha estante
Obrigada vou ler simmmm




Maickw 27/12/2020

Vai marcar pelo resto da vida
?(...) e porque não se escreve sobre o que se quer, mas sobre o que se pode.?

Por vezes um livro te marca não apenas pela história, mas também pelo momento que você está vivendo ao lê-lo.

21º livro do ano. 7/10. Um meta-livro. Um mega livro. Uma gigante história. Foi difícil concluir a leitura desse livro, mas consegui. Javier Cercas, autor e personagem, narra ironicamente a própria epopeia, como escritor, para dar vida a um livro sobre a Guerra Civil espanhola e seus personagens. É uma narrativa real. É uma história que Javier te pega pelo braço para contar a saga da escrita de um livro, desde o nascimento da ideia, à pesquisa de campo, as frustrações, angústias e vitórias. Uma descrição que te faz mergulhar nas cenas e vivê-las instantaneamente. E não é apenas isso! De quebra você é catapultado para os momentos finais da Guerra Civil espanhola, com o nascimento da Falange, que viria a ser o partido ideológico franquista e o seu idealizador, Sánchez Mazas. E tem mais: dentro da história de criar uma história, o autor, que também é personagem, na busca por heróis, nos traz seus próprios amigos, que também são autores (e aqui eu começo a expandir minha fila de leitura), e agora personagens dessa metalinguagem. Eu, que gosto tanto da temática de guerras e suas histórias sobre histórias, gostei dessa busca implacável por uma história e o desvendar de heróis que nunca irão morrer, pois sempre haverá alguém que se lembre deles, eternizados em um livro, tal qual meu herói particular.
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Thiago 23/10/2020

Legal lá
Acho que comecei a leitura com muita expectativa. Acabei não gostando. O tipo de narrativa não me encantou. Mas como sou apaixonado por literatura histórica, não foi um desperdício total. Até gostei um pouco.
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César 20/10/2020

La mala leche para los puretas
O livro vai contar a história real de Sánchez Mazas, um prisioneiro de guerra que consegue escapar de um fuzilamento e posteriormente é poupado da morte por um soldado inimigo que o encontra. O autor Javier Cercas se insere na história através da metalinguagem como personagem principal, um escritor até então sem sucesso que trabalha como jornalista e vê a história de Mazas como um possível retorno à literatura.

O livro é dividido em três partes. Na primeira delas, Javier narra como ficou sabendo da história de Mazas e inicia-se sua busca investigativa para saber mais detalhes do acontecimento através de familiares, outros escritores e materiais bibliográficos que já existiam sobre o assunto. Essa parte achei bem pouco instigante.

A segunda parte do livro é a história de Sánchez Mazas, seu caminho percorrido até chegar naquela situação de vida ou morte, e seus passos posteriores a sobrevivência. No início achei maçante tantos dados soltos sobre a guerra sem contextualizar, mas da metade pro fim me vi mais envolvido e interessado na história de Mazas.

A terceira parte do livro pra mim é a que fez toda a leitura valer a pena. Nela, Javier sente seu livro incompleto sem um esclarecimento de um motivo para que um soldado inimigo poupasse a vida de Mazas, que através de seus escritos e participações políticas teria sido um dos influenciadores da eclosão da guerra. Quem o ajuda na busca por essas respostas é o escritor chileno Roberto Bolaño, que acaba sendo indiretamente uma peça chave para concluir o livro de Javier. As conversas com Bolaño e o desfecho da história foram muito interessantes e repletas de reflexões. O final do livro é bem melancólico e ainda aqui escrevendo um dia depois de terminar, estou com ele na mente.

Soldados de Salamina é um livro que se inicia maçante e aos poucos nos envolve na trama que mistura realidade e ficção. Acho que se tivesse sido escrito de outra forma teria me conquistado bem mais, mas confesso que leria facilmente outra obra de Cercas, especialmente um romance, embora talvez ele discordasse de mim (referências).
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