Aline 24/05/2016
Só uma coisa a dizer desse livro: fuja, crente!
Janela Literária Cristã apresenta a resenha de "Entre a Mente e o Coração", de Lycia Barros:
Só uma palavra pode definir o que eu penso sobre essa obra de Lycia Barros: decepção. E não é ao quadrado, acho até que ao cubo seria pouco. O livro é um romance, que se fosse secular e com personagens seculares, poderia ser uma boa história de amor a lá Nicholas Sparks. O problema é quando a gente tenta contar uma história colocando preceitos e princípios bíblicos nela. E acredite, você precisa tomar MUITO CUIDADO quando você insere a Palavra de Deus em qualquer coisa que seja. Algo que infelizmente, a autora não tomou para si ao descrever a história de Rico e Ana.
Minha decepção se resume principalmente porque o primeiro livro da série chamado "A Bandeja" é o que podemos chamar de completo primor da literatura cristã brasileira (se é que essa categoria existe). Em "A Bandeja", Angelina se encanta por Rico e conseguimos visualizar que ela está caindo completamente nas mãos do inimigo. A cada capítulo sabemos o quanto ela está sendo dominada ao se entregar para aquele homem que não pensa em querer algo sério com ela. O livro traz grandes ensinamentos sobre relacionamentos com Deus no centro de tudo e enfatiza claramente o sexo apenas após o casamento.
"Entre a Mente e o Coração" conta uma história diferente do ponto de vista de Rico, aqui, ele aparentemente "se converte", assim como no final de "A Bandeja" e começa a conversar com a chefe dos missionários, Ana. Os dois se apaixonam perdidamente e começam a viver uma história de amor. Até aqui não temos nenhum problema, certo? Mesmo ele sendo um recém-convertido, nada impeça que ele se apaixone pela missionária. O problema está exatamente na construção desse relacionamento, o que temo ser um tremendo mau exemplo para as moçoilas que deram 5 estrelas para essa história no Skoob (o que foi a maçante maioria e tenho esperanças de que não sejam cristãs), sem ao menos tentar refletir claramente sobre ela.
A questão é que esta resenha não é um apanhado julgador do caráter dos personagens e sim o fato dos mesmos envolverem doutrinas bíblicas para justificar suas atitudes, mesmo não estando corretas assim. Sendo mais clara, que bom exemplo podemos tomar com uma história de uma missionária que aceita a estadia na casa do sujeito pelo qual ela está fortemente atraída? A Bíblia é clara quando enfatiza que devemos fugir das tentações da mocidade e neste caso, morar na casa do homem que gosta antes mesmo do casamento não seria uma boa saída, certo?
Rico, apesar de se dizer convertido, ainda tinha pensamentos completamente mundanos na sua cabeça, afirmava claramente o quanto achava que o corpo de Ana era delicioso e que ela não iria se "entregar" facilmente como as outras (ele falava, sem ao menos mencionar a palavra "casamento"), assim como ele também vivia atiçando a garota que dormia várias noites ao seu lado, deitada em seu peito. O pior é que Ana, ao invés de se ligar e fugir dessa cilada, achava fofo e engraçado quando Rico soltava algumas cantadas sujas sem ao menos ter algum tipo de arrependimento disso. Eu tentei largar esses preceitos de lado porque acreditava que a história iria mostrar que eles estavam errados e que Rico precisava se firmar mais na fé igual aconteceu com Angelina, o que não foi o ocorrido. Seguimos até o final com a ideia de que tudo foi normal e justificável.
Outro detalhe absurdo é que os desejos de Rico eram descritos de forma muito detalhada, me lembrou inclusive alguns livros seculares que já li, livros que podem ser até eróticos. Ao mesmo tempo que tudo isso ocorria, o casalzinho ás vezes se amassava de um jeito que pegava fogo e mesmo assim, Ana continuava com suas missões (ou ela é inocente ou bem hipócrita, por Deus). Entre essas indas e vindas, Ana revela um segredo que não me surpreendeu, mas acho que serviu para as jovens suspirarem pela situação amorosa do casalzinho. Esse segredo aliás, foi um dos grandes motivos que impediram Ana de poder finalizar com seu querido parceiro, acredito que se não fosse isso, teria acontecido.
É preocupante tudo isso no meio cristão. Eu não me incomodaria se esse livro fosse secular, porém, ele tem vários ensinamentos e passagens cristãs sendo que os protagonistas em nenhum momento se comportavam como tal ou se arrependiam do que faziam. Ana se questionava se agia corretamente só no sentido de dizer que estava com Rico e ao mesmo tempo, com um segredo fatal que escondia, ou seja, nem para ser sincera ela servia. É muito perigoso você tentar inserir ensinamentos do Senhor e não dar exemplo do que eles mostram. Se ele protege o sexo apenas depois do casamento, por que diabos uma garota vai morar sozinha na residência do seu interesse amoroso? Onde está o vigiai ali?
A obra tem uma narrativa muito bem desenvolvida e tecnicamente aceitável, porém, é uma tremenda bomba para qualquer jovem cristão. Você não deve se basear na história desse casal para sua vida, em nenhuma hipótese! Rico não é perfeito (como vi muitas resenhas afirmando) por amar a Deus e ser safado e bonitão! Ele apenas não se converteu da forma correta e NÃO AGE DE MANEIRA CERTA como um verdadeiro homem de Deus (igual o Dante). Estou bem triste e chateada, porque esperava MUITO dessa história, que ela fosse tão boa quanto a primeira, mas parece que a intenção da mesma era apenas chamar a atenção da mídia secular. Neste caso, era melhor ter feito uma obra secular do que colocar Deus no meio de tanta coisa errada.
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