Maria - Blog Pétalas de Liberdade 09/02/2017Resenha para o blog Pétalas de Liberdade Em novembro eu resenhei o livro um, “A cidade perdida”, onde conhecemos o espanhol Runy. Em "A Chave do Amanhecer", conheceremos Dámeris, uma jovem arqueóloga de 24 anos. Na casa que seu namorado herdou do avô, ela encontrou muitas antiguidades, uma em especial mudaria toda a sua vida: um livro muito antigo, escondido dentro de uma escultura de barro, escrito em uma língua desconhecida. Para tentar decifrar o que estava naquelas páginas, Dámeris recorreria à equipe do museu onde trabalhava, porém, a descoberta atrairia interessados inesperados e colocaria a vida da protagonista em risco.
"Não suporto violência e o que acabo de vivenciar me altera demais. E não pelo que aconteceu em si, pois já passou, e afinal tive muita sorte. O pior é que suspeito que os personagens não eram simplesmente uns ladrõezinhos de bairro que se dedicam a roubas bolsas de velhinhas. Pareciam quatro matadores profissionais. Em número excessivo para um ataque sem importância, o que me faz suspeitar que não queriam a bolsa, mas o que havia dentro. A coisa se complica. Quantas pessoas sabem da existência do livro? Por que querem roubá-lo? Quem pode ter tanto interesse?" (página 35)
Após descobrir que na Venezuela estaria a resposta para parte dos enigmas do livro, talvez algo relacionado à mítica Atlântida, Dámeris partiu para lá, mas os perigos a perseguiram, fazendo com que ela precisasse ser ajudada por pessoas que até então ela desconhecia: pessoas relacionadas à Kalixti e à criação das sete estrelas mágicas, que acabaram se perdendo pelo mundo, e que Dámeris e seus novos amigos tinham a missão de resgatar.
Se essa parte da história já parece interessante, a outra parte é ainda mais, pois a trama se passa em dois tempos: no presente, e no passado, no século dezoito, quando, em outra vida, Dámeris era Marina, uma jovem filha de um oficial espanhol que foi para a Venezuela, onde seu pai trabalharia. Talvez vocês se lembrem das aulas de História na escola, onde vimos que as riquezas da América eram muito disputadas pelos países europeus, o que colocaria a família de Dámeris em risco no novo continente. Em sua nova residência, Marina (Dámeris) conheceria Anur (Runy, em outra vida), um guardião de um grande tesouro, um guerreiro, que lhe daria a oportunidade de viver uma ventura, e ela, obviamente, aceitaria.
"(...)Os corsários carregarão tudo o que puderem levar, queimarão um punhado de suas casas e irão embora em alguns dias. Quando já estiverem no mar, os espanhóis voltarão do interior e recuperarão a cidade. Desde que uns e outros cravaram suas bandeiras em nossa costa, sempre acontece assim" (página 155)
O livro um não foi como eu esperava, como comentei na resenha dele, mas algo me dizia que eu deveria tentar ler o livro dois, e após finalizar a leitura do segundo volume, vi que agi muito bem ao seguir minha intuição. "A Chave do Amanhecer" já me conquistou logo nas primeiras páginas, na forma poética como é descrita a última viagem de um galeão com pele de carvalho, um grande navio carregado de tesouros.
Talvez pela mudança de tradutor do primeiro para o segundo livro, a leitura tenha ficado ainda mais fluida, mais aportuguesada. E agora até entendo que o primeiro livro tivesse que ter algumas partes mais lentas para que Runy e os leitores entendessem toda a questão das reencarnações e a ideia de que estamos todos, vida após vida, buscando evoluir e ajudando na evolução do planeta. Informações essenciais do livro um são repetidas de forma bem resumida no segundo, o que me agradou, mas que me faz recomendar que os livros sejam lidos em ordem.
A Dámeris é um personagem independente e bem construída, e na pele da Marina, é ainda mais fascinante pela sua sede de aventura, pela sua vontade de viver. O Runy me pareceu bem mais centrado nesse segundo volume. E preciso lhes contar que eles são almas gêmeas, mas como é explicado, isso nem sempre quer dizer que devam viver um romance (como o intenso relacionamento que tiveram na pele de Marina e Anur), mas há essa possibilidade, e foi interessante ver os dois personagens refletindo sobre o assunto, já que ambos tinham outros relacionamentos na vida atual. Preciso mencionar também que achei fantástica toda a questão da chave em si.
A edição da Primavera tem uma capa bem bonita (adaptada da original, se não me engano), páginas amareladas, poucos erros de revisão, diagramação com margens, espaçamento e letras de bom tamanho.
Resumidamente, o segundo volume da trilogia Kalixti coloca os personagens em situações tão extremas quanto o primeiro, mas foca menos na espiritualidade e mais na História. Se o livro um enfoca suas aventuras no continente europeu, "A Chave do Amanhecer" traz as Américas como cenário, misturando realidade e ficção, e me agradou demais voltar no tempo e ver como era a Venezuela na época das grandes navegações. Romance, fantasia, ficção científica, tensão, História, aventura, natureza, mar: se você gosta disso, então certamente vai amar "A Chave do Amanhecer" tanto quanto eu! Se eu quero ler "A bússola do Peregrino", terceiro e último volume dá série? Mas é claro que sim!
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