A contadora de filmes

A contadora de filmes Hernán Rivera Letelier




Resenhas - A Contadora de Filmes


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Clube Tripas 26/03/2020

[Resenha]
Conteúdo: Livre / Literatura chilena
Livro: A contadora de filmes
Autor: Hernán Rivera Letelier @hernanriveraletelier
Editora: Cosac Naify
Páginas: 112
Avaliação: Gostei muito (4/5)
Mês: Março/20
Bibliotecário: Oscar Garcia / Cotia-SP @oscargbr1

História curtinha e comovente.
Uma família desestruturada, o pai paralitico, a mãe fugiu de casa e cinco filhos, os quatro mais velho homens e a caçula a única 'mulher' da casa em um povoado de mineiros no interior do Chile nos anos 1950.

A menina se torna a contadora de filmes do título.
Ela assiste filmes no velho cinema da cidade, uma das únicas diversões do povoado, e conta os filmes em primeiro lugar para a família, depois aos poucos para quase toda a cidade e foi incrementando as contações e ficando cada vez melhor.

Até que uma série de desgraças acontecem com a menina, com a família, com o povoado e com o país.
A história que começa leve e alegre se torna densa e triste.
Uma boa história de um ótimo autor!!

'E então aconteceu o golpe de estado do general Pinochet. Com o golpe desapareceram muitas coisas. Desapareceu gente. Desapareceu o trem. Desapareceu a confiança.' p.97.
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Oscar8 10/03/2020

Livro 025/2020
Lido.
Livro 025/2020.
04/03/2020.
Rivera Letelier, Hernán. A contador a de filmes. Cosac Naify. Literatura Chilena.
História curtinha e comovente. Uma família desestruturada, o pai paralitico, a mãe fugiu de casa e cinco filhos, os quatro mais velho homens e a caçula a única 'mulher' da casa em um povoado de mineiros no interior do Chile nos anos 1950.
A menina se torna a contadora de filmes do título. Ela assiste filmes no velho cinema da cidade, uma das únicas diversões do povoado, e conta os filmes em primeiro lugar para a família, depois aos poucos para quase toda a cidade e foi incrementando as contações e ficando cada vez melhor. Até que uma série de desgraças acontecem com a menina, com a família, com o povoado e com o país. A história que começa leve e alegre se torna densa e triste. Uma boa história de um ótimo autor!!
'A gente mija de pé, a gente urina de cócoras' p.8.
'E então aconteceu o golpe de estado do general Pinochet. Com o golpe desapareceram muitas coisas. Desapareceu gente. Desapareceu o trem. Desapareceu a confiança.' p.97.
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Bruno 19/07/2019

Uma Grande História em Poucas Palavras...
Estava um pouco travado com minhas leituras atuais e então resolvi pegar um outro livro, curto, para ver se conseguia "despertar" novamente e em poucas horas terminei de ler A Contadora de Filmes.

Contado de maneira sutil, com o uso perfeito das palavras que nos dão o necessário para conhecer a personagem, sua família, o local onde vive, as condições de vida de sua época e etc, o livro é objetivo o que o torna leve e rápido de ler.

Impossível não se envolver com as histórias e a satisfação de Fada Docine em contar os filmes. Um prazer a mais é as tantas referências, algumas conhecidas e outras nem tanto, de atores e atrizes que faziam bastante sucesso no cinema daquela época.

Fada Docine conta sua trajetória como contadora de filmes, sempre nos deixando a par de sua história pessoal até sua condição atual. Vamos da alegria da infância às tristezas da vida adulta, de quem precisou crescer em meio a dificuldades e pobreza e tendo que se virar, muitas vezes, sozinha para enfrentar o mundo, mas sempre se agarrando às histórias que sempre serviram de escape.

"Naquele tempo descobri que todo mundo gosta que alguém conte histórias. Todos querem sair da realidade um momento e viver esses mundos de ficção dos filmes, das radionovelas, dos romances. Gostam até que alguém lhes conte mentiras, se essas mentiras forem bem contadas."

Leitura recomendada!
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Jhow 24/05/2019

Quebrando os clichês
Esse livro foi difícil ler. Causa um certo mal estar e decepção, ver os rumos que a história toma. A proposta aqui é acabar com o "felizes para sempre" e nos fazer refletir um pouco sobre a realidade do mundo. A maneira obscura que o autor relata o percurso da história, da um tom de suspense e de drama à história, quando tu pensa que as coisas vão melhorar, bem, elas não melhoram kkkk Porém, é uma ótima leitura pra nos fazer refletir sobre a realidade do mundo em que vivemos, e pensar que em algum lugar, alguém pode estar passando pela mesma coisa que a personagem principal.
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@dropsdeleitura 02/02/2019

Curto e cruel
Primeiro livro finalizado em fevereiro. Livrinho desses, bem sorrateiro, com a maior cara de fofinho... mas que se revela uma boa rasteira. Cansada de sofrer com essas histórias, viu?

No Atacama, região desértica do Chile, uma família muito pobre encontra uma maneira de aproveitar a única diversão que a cidade oferece: o cinema. A filha mais nova é encarregada da missão de ver o filme e, depois, contar a história para a família, com o máximo de detalhes e muita dedicação. .

Maria Margarita, a menininha talentosa que se descobre uma grande contadora de histórias, é quem vai narrando, para o leitor desavisado, as tramas que entrelaçam a sua trajetória de vida com a da sua família e a do seu país.

Uma história triste, simples.. mas que fica muito longe de ser simplória. Um livro curto e interessante, que dá a sensação curiosa de estar, de fato, vendo um filme.
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e os Livros 30/07/2018

Uma obra-prima moderna
Obra em pequeno formato que pode ser lida em pouco tempo, “A Contadora de Filmes” se tornou um de meus livros preferidos. É uma obra-prima singela e triste, capaz de levar qualquer leitor às lágrimas.
No árido e seco deserto chileno do Atacama, em um povoado distante, a menina Maria Margarita, caçula entre os irmãos e filha de um velho mineiro deficiente, tem uma tarefa um pouco incomum: ir ao cinema, assistir aos filmes e narrá-los para sua família. Isso acontece por um simples motivo: a família não tem dinheiro para ir todos ao cinema. A pequena Maria aos poucos vai tornando-se uma narradora tão eficaz, que ganha também a presença de um grupo de vizinhos, que lhe pagam para ouvir suas narrações sobre os clássicos da Sétima Arte. Assim, acompanhamos essa divertida função pouco incomum de Maria. Mas a diversão fica por aí, porque o que a narradora nos relata depois é de como sua vida se transformou em um imenso mar de sofrimentos.
O escritor chileno Hernán Rivera Letelier com o seu “A Contadora de Filmes”, primeiramente nos convida a conhecer as situações por vezes cômicas de pessoas amantes do cinema, para, em seguida, denunciar a triste situação de Maria (representando mulheres de pequenos povoados) nos anos 50 no Chile, sob a ditadura de Augusto Pinochet. Ao ser vítima de algo terrível, e ir perdendo um a um as pessoas que ama, Maria vai crescendo em um lugar que aos poucos vai sendo abandonado até se tornar um povoado fantasma.
É muito cruel a gente estar se deliciando com todas as peripécias da pequena Maria e suas talentosas narrações fílmicas (cinéfilos ficarão admirados e encantados com citações de grandes filmes, astros e estrelas do cinema), e aos poucos sermos conduzidos ao seu intenso sofrimento (a mãe que a abandonou e que reaparece, pode no fundo ser apenas a materialização de um desejo seu em revê-la, mas que pode não ocorrer na realidade). A voz de Maria torna-se a voz de milhões de mulheres do mundo inteiro, que sofrem caladas, sufocadas pelo medo, vítimas do poder de outrem. Seus sonhos de infância são interrompidos, dando lugar à descoberta do mundo real, cheio de arbitrariedades e ganâncias por parte de pessoas que detêm o poder.
O modo como a personagem nos conta seus estilos de narrações dos filmes, as situações causadas pelo irresistível método que ela utiliza, por vezes acaba ficando em segundo plano, devido à tragédia pessoal que a acomete depois. No final, vemos uma Maria muito diferente de como começou. De feliz e desengonçada, só resta agora uma mulher sofredora e desesperançosa, uma sombra do que ela foi durante a infância. Sua vida infelizmente ficou longe do glamour dos grandes clássicos do cinema de seu tempo de menina.

Trecho do livro que também está na contracapa:

“Certa vez li por aí, ou vi num filme, que quando os judeus eram levados pelos alemães naqueles vagões fechados, de transportar gado – com apenas uma ranhura na parte alta para que entrasse um pouco de ar -, enquanto iam atravessando campos com cheiro de capim úmido, escolhiam o melhor narrador entre eles e, subindo-o em seus ombros, o elevavam até a ranhura para que fosse descrevendo a paisagem e contando o que via conforme o trem avançava.
Eu agora estou convencida de que entre eles deve ter havido muitos que preferiam imaginar as maravilhas contadas pelo companheiro a ter o privilégio de olhar pela ranhura.”.
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Toni 24/04/2018

A história de Maria Margarida – contadora de filmes num povoado de mineiros do salitre no deserto do Atacama –, se lê numa sentada só, quase como se fosse uma sessão de cinema. É um livro que comove pela simplicidade do relato, um relato sobre as inúmeras formas que a imaginação tem de transcender a aridez e o desamparo de uma região muito pobre e desolada. Filha menor de cinco, Margarida ganha um concurso entre seus irmãos e se torna a contadora de filmes oficial da família, que só tinha dinheiro para mandar ao cinema um membro da casa por vez. Em pouco tempo sua fama cresce e alcança todo o povoado até que traumas nacionais e pessoais se metem no caminho. À medida que a arte de narrar entra em decadência (com a chegada da violência e da televisão, tão simbolicamente juntas), a memória de Margarida, advinda das histórias que viu e reinventou, se transforma na voz de resistência que se recusa a permitir que as luzes se acendam e ponham um FIM à história de seu povo.
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GRIFO: "Sem nem ter pensado nisso, para eles eu tinha me transformado numa fazedora de ilusões. Numa espécie de fada, como dizia a vizinha. Minhas narrações de filmes os tiravam daquele amargo nada que era o deserto, e mesmo que fosse por um instante os transportava a mundos maravilhosos, cheios de amores, sonhos e aventuras. Em vez de vê-los projetados numa tela, em minhas narrações cada um podia imaginar esses mundos a seu bel prazer " (p. 75)
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Gladston Mamede 12/11/2017

Que livro gostoso. Se deixar, a gente senta, começa e acaba, o que seria um crime: melhor é ir lendo aos poucos, surpreendendo-se, encantando-se, sorvendo, suspirando. É uma poesia triste e bonita, gostosa, cínica (no sentido filosófico, aviso: a vida como ela é, sendo tosco na tradução). Leia.
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João Paulo 27/07/2017

#ExperiênciasLiterárias: a contadora de filmes
O livro do escritor chileno Hernán Rivera Letelier é uma daquelas narrativas que vão fundo nos dilemas da condição humana. Não há como passar por ele sem ser afetado por um turbilhão de sentimentos, angústias, medos e emoções. Acompanhando a história da pequena contadora de filmes, a Fada Docine, somos interpretados a uma vivência maior, de um relato amplo e fecundo que, na medida em que se desenrola, nos coloca friamente diante daquilo que somos, das memórias que nos habitam, das ausências que nos formam. Recomendo a leitura para quem ousa trilhar o caminho de ir fundo em si mesmo.
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Cláudia 09/02/2017

O Inusitado e Suas Peculiaridades!
Preciso confessar: comprei esse livro imaginando uma coisa e foi outra BEM diferente!
"A Contadora de Filmes", de Hernán Rivera Letelier, Editora Cosac Naify, digamos que foi uma agradável surpresa.
Quando comprei o livro - eu, cinéfila de carteirinha! Graduada e apaixonada! - achei que ia encontrar na história, sugestões, histórias, curiosidades e afins, mas não! Encontrei muito mais que isso, encontrei uma linda história de uma "verdadeira" contadora de filmes, mas o "filme" foi o menos importante aí.
Não comece a leitura achando que você, como eu, encontrará sugestões de grandes filmes, roteiros da sétima arte, história de grandes diretores e suas peculiaridades, não. Se for por esse caminho será sua maior decepção. O caminho é outro, mas vale tão a pena quanto!
Pensei numa coisa, comprei, e acabei encontrando outra. Talvez, melhor. Pelo inusitado.
Gosto muito de ser surpreendida. O tempo todo! Para tudo! Confesso que fui...
Para Borges, a missão de um escritor era dar nome ao que ainda não havia sido nomeado. Muitos escritores cumpriram essa tarefa, em diferentes latitudes. Guimarães Rosa, incorporando o não dito do sertão mineiro. Machado de Assis, revelando o Rio antigo. Kafka, uma Praga fantástica. Joyce, os meandros de Dublin e o além-mar. Faulkner, a cidade que ele inventou no Mississipi. Cormac McCarthy, a fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Outros mesclaram esse desejo de desvendamento com a atração que o cinema lhes suscitava. É o caso de escritores cinéfilos como Raymond Chandler, Manuel Puig, Rubem Fonseca ou Paul Auster. Para esses, capturar as sombras e o pulsar de Los Angeles, Buenos Aires, Rio de Janeiro ou Nova York passa a ser tão premente quanto identificar os reflexos - o negativo - dessas mesmas cidades. É no chiaroscuros dos labirintos de becos e ruas, mas também das narrativas cinematográficas, que seus personagens evoluem e se perdem.
Hernán Rivera Letelier é, como esses autores, um escritor que construiu uma obra única e singular. O escritor dá nome aos povoados que se desenvolveram no deserto chileno do Atacama, ao lado das indústrias de salitre. Povoados de mineiros, de quem ele fala com raro conhecimento de causa. Filho de mineiros, viveu dessa profissão antes de virar escritor.
O cinema também está no centro de suas histórias. Em muitas dessas comunidades do Atacama, conhecido como "o deserto mais solitário do mundo", os filmes que passavam nas salas da cidade eram a única maneira de mergulhar em outras realidades, distantes da aridez asfixiante do deserto.
"A Contadora de Filmes" é um relato comovente, que fala dessa convivência entre uma realidade áspera e a possibilidade de transcendê-la. Final dos anos 50: Maria Margarita é a filha menor de uma família de mineiros, para quem a sessão de cinema aos domingos é a ocasião para descobrir a última obra-prima de Chaplin, as tramas lacrimejantes dos filmes mexicanos, a saia esvoaçante de Marilyn Monroe ou as novas aventuras de John Wayne. É, também, o lugar onde as pessoas se encontram para namorar, mostrar a camisa recém comprada, trocar informações sobre a vida que corre. É a conversa do jantar, o contato com o mundo.
O acidente de trabalho sofrido pelo pai corta a renda familiar pela metade, e um só filho será escolhido para ir ao cinema aos domingos. A missão: contar a história do filme para o resto da família. É nesse momento de ruptura que Maria Margarita descobre o talento que tem para narrar. Ela se torna, pouco a pouco, a memória cinematográfica de sua região.
Além desse embate fascinante entre a realidade e imaginação, "A Contadora de Filmes" é um relato delicado sobre a descoberta da puberdade e as agruras da adolescência. É, também, uma narrativa reveladora sobre a tensão entre classes sociais, sobre o abuso do poder e a violência que resulta da convivência de contrários no mesmo espaço geográfico.
Quando a narrativa avança no tempo, passando a incorporar as mudanças resultantes da televisão e introduzindo o trauma político causado pelo golpe militar de Pinochet, a crise dos personagens e a do país se fundem. O relato se universaliza. Compreende-se que, mesmo num canto remoto do mundo, nada mais será como antes. O tempo passa a ser personagem da trama. Advém daí a sensação de que, ao ler o livro, compartilhamos uma vivência maior, de um relato amplo e fecundo, que transcende a aparente simplicidade do texto e da sua arquitetura. Porque dar nome ao que ainda não foi nomeado é também tentar descobrir o que somos, que memórias nos habitam, que ausências nos formam.
A obra de Letelier propicia também uma forma de resistência. Com a mecanização, as cidades surgidas no Atacama se transformaram pouco a pouco em cidades fantasmas. As histórias do autor repovoam essas cidades, dão-lhes uma possibilidade de permanência, estabelecem uma memória coletiva que resiste ao tempo.
Não se trata propriamente de um livro sobre filmes, mas de histórias que poderiam ser sim, uma sétima arte!...
É isso, então!
Fica a dica.

site: http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com.br/2016/09/o-inusitado-e-suas-peculiaridades_14.html
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Talita. 02/12/2016

Pensei que seria, mas não era:
o livro começou instigante, prendendo a gente com uma escrita fluida e mágica. Pensei que pra variar, seria um livro feliz e se não feliz, um tanto mais leve do que foi. Ledo engano. Ele terminou tão triste que senti e necessidade de escrever antes mesmo de pregar o olho e dormir.
Real? Sim! Trata sobre abandono, diferenças sociais, pobreza, a transição do cinema para a televisão e o surgimento das novas tecnologias (ponto interessantíssimo tratado no livro e acredito eu o mais importante) e seu impacto num povoado de pessoas extremamente pobres nos anos 50 no deserto do Atacama, sem divertimento algum. Fala-se também sobre abuso, esquecimento, infância perdida e laços rompidos pelo tempo e pelas más escolhas.
Adoro cinema, então me encantou a maneira como a protagonista narrava como se sentia enquanto via algum filme. Como se sentia vendo a luz da projeção, se sentando na primeira fileira, ficando alheia a conversas e barulhos para prestar atenção apenas ao filme. Me peguei fascinada por ela, por seu jeito simples e simpatia, mas o autor decidiu dilacerar nosso coração pondo Maria Margarita ou Fada Docine (seu nome artístico) num destino tão impiedoso, sendo moldado por mãos de pessoas que não mereciam sua doçura, tão pouco sua criatividade e principalmente vontade de ver a vida de uma maneira mais bonita.
Por isso as 4 estrelas.
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N.Barbosa 23/11/2016

Apaixonados e traumatizados por histórias!
E se subitamente fossemos impedidos de contar histórias e sonhar? Séculos atrás, Shakespeare afirmava que “somos feitos da mesma matéria dos sonhos”. A capacidade de fugir da realidade e de nos envolvermos em um universo paralelo deixa a existência mais interessante. Daí, o homem cria a arte, pois, “a existência não nos basta”, diria Ferreira Gullar. E é num deserto, privada da convivência da mãe e criada com costumes masculinos que Maria Margarita se encantaria com o cinema e toda a realidade cinematográfica. Eram estrelas a brilhar, histórias que ela mesma trazia para seu próprio mundo e viagens inimagináveis para lugares onde sonhava estar. Em uma mina de salitre, no deserto do Chile, uma pequena vila descobre o talento de uma menina de onze anos de dar um significado colorido para um vida carregada de tons escuros.
De família pobre, o pai faz com que a família vá ao cinema e em seguida volte a casa para contar aos irmãos e ao próprio pai tudo aquilo que havia acompanhado. Com o tempo, vizinhos e amigos passam não somente a acompanhar as histórias contadas por Maria como também fazem doações.
A menina se reinventa enquanto conta sobre os filmes. No pequeno espaço destinado à função na humilde casa onde moram, Maria de fato vive cada sensação experimentada pelos atores ao interpretarem determinado personagem. No entanto, a aridez do destino faria com que aquele romance encantado fosse substituído por enredo de uma tragédia grega moderna.

Os contornos de Hernán Rivera Letelier na narrativa conduzem o leitor a um mundo de memórias fabuloso. Uma linguagem simples, porém rica em detalhes e na combinação entre a realidade nua e o reino fértil dos sonhos. O equilíbrio entre os mundos e por fim o desfecho arrasador. Achei a obra incrível. Leitura altamente recomendada.
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Kimberly F. 30/08/2016

Leitura diferente
O que me chamou a atenção logo de cara foi, com certeza, o título. Imaginei algo como "A menina que roubava livros", e a doçura da escrita é até um pouco parecida mesmo. É uma narrativa agradável e bem curta, li em um dia. O cenário é bastante marcante, e esse livro te faz realmente construir todo o ambiente na cabeça.
Achei a sequência de fatos meio atropelada, mas nada que dificulte a compreensão. A estória é bonita, mas o final é um pouco triste. Me deu a sensação de que não acabou no fim. Recomendo para quem gosta de uma escrita bem ambientada, simples, de fácil compreensão e com um toque de melancolia e poesia.
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Dani.Peghim 14/08/2016

Livro curtinho, mas que passa muito rápido de uma fantasia ilustrando os sonhos de uma criança a uma história densa e dramática. Livrinho triste, mas que gostei. A narrativa é bem fluída e você se pega na última página com um gostinho de que poderia ter sido uma história maior, pois, afinal, se a contadora de filmes é a própria narradora e ela é famosa por contar seus filmes com detalhes e de forma avassaladora, ela conta a própria história dela de forma muito rápida e sem esse apego de detalhes. Podia ter sido mais trabalhado, achei.
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Renata CCS 26/07/2016

Narradora de sonhos
.
“No fundo, o mundo é feito para acabar num belo livro.” (Mallarmé)

Maria Margarita é Fada Docine, uma menina dotada de uma teatralidade encantadora, que vem de uma família pobre de um povoado no deserto do Atacama, protagonista e narradora de A CONTADORA DE FILMES, do escritor chileno Hernán Rivera Letelier.

Caçula de cinco irmãos, Maria Margarida vivia na companhia do pai, inválido devido a um acidente nas minas de salitre onde trabalhou muitos anos, e dos quatro irmãos mais velhos, todos dividindo um barraco de zinco carcomido. Eram os anos 50 e, diante da falta de dinheiro, de sua dificuldade de locomoção e da solidão de um lugar sem grandes possibilidades de diversão, o pai de Maria Margarida a seleciona, a partir de uma competição entre os filhos, como a contadora de filmes da família. Com uma memória invejável e um imenso talento para imitar trejeitos, elaborar cenários e inventar histórias, sua fama ultrapassa e fronteira da casa e torna-se conhecida pelos moradores do vilarejo, que também passaram a assistir as suas interpretações.

Mais do que uma simples narradora, Fada Docine (seu nome artístico) apropriava-se dos filmes: interpretava, cantava e inventava seus próprios desfechos, com uma impiedosa honestidade. E quanto mais pessoas apareciam, mais a despachada garota sentia-se à vontade e caprichava em suas narrativas. Mais do que uma forma de fazer dinheiro extra, para Maria Margarida o cinema era a oportunidade de fugir de sua realidade, ir além da vida áspera à sua volta, de sair do seu povoado e recorrer aos sonhos. Sua maior felicidade acontecia nesses pequenos momentos.

"Naquele tempo descobri que todo mundo gosta que alguém conte histórias. Todos querem sair da realidade um momento e viver esses mundos de ficção dos filmes, das radionovelas, dos romances. Gostam até que alguém lhes conte mentiras, se essas mentiras forem bem contadas".

A CONTADORA DE FILMES é um livro especial, encantador, expressivo e original. Partindo de algo tão singelo, Letelier conseguiu desenvolver a história com graça e simpatia. Sua breve narrativa de pouco mais de 100 páginas não o impediram de alcançar um olhar amplo sobre a realidade de seus personagens. O autor nos presenteia com uma narrativa exata, sem sobras; ágil, mas sem jamais se atropelar; tocante, sem jamais ser apelativa.

"Acho que no fundo eu tinha alma de fuxiqueira, pois além de tudo me bastava bater os olhos nas duas ou três fotos pregadas no cartaz – pelo olhar lascivo do padre, o sorrisinho inocente da menina ou o gesto cúmplice da beata – para poder inventar uma trama, imaginar uma história inteira e passar o meu próprio filme."

Letelier nos entrega um livro visceral quando toca na necessidade básica mais humana de fugir das dificuldades por meio da fantasia, da imaginação. Ele constrói sonhos para, logo em seguida, destruí-los diante de nossos olhos. É tão arrebatador que nos faz sentir como se estivéssemos sentados bem próximos, enquanto a protagonista reproduz as cenas, e fica ecoando muito tempo depois de terminá-lo.

Isso sem falar na disposição do texto, que é um atrativo à parte: ele é impresso em retângulos de fundo branco, em contraste com o negro do restante da página, lembrando frames de filmes ou até mesmo uma tela de cinema.

"Uma vez li uma frase - com certeza de algum autor famoso - que dizia algo assim como a vida está feita da mesma matéria dos sonhos. Eu digo que a vida pode perfeitamente estar feita da mesma matéria dos filmes. Contar um filme é como contar um sonho. Contar a vida é como contar um sonho ou como contar um filme."

O livro é de uma delicadeza e profundidade indescritíveis. Pelas poucas páginas dele temos contato com a triste realidade de Maria Margarida e a sua proeza em levar encantamento e diversão através de suas narrativas.

É uma obra sobre a alegria nas pequenas coisas, sobre a infância perdida, sobre o abandono, sobre as falhas que cometemos e sobre as dificuldades de regiões pequenas ignoradas pelo homem.

Um livro tão pequeno, mas com muito a dizer para aqueles que buscarem sua leitura.
Ladyce 26/07/2016minha estante
Taí, você, Dirce e Paula... não posso ficar sem ler... rs...


Alice 27/07/2016minha estante
Adorei os trechos destacados. Vou ler, com certeza.


Renata CCS 27/07/2016minha estante
Leiam! É profundo, poético e encantadoramente triste.




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