Wellington Ferreira 05/11/2012
Cativante, emocionante e dramático
A arte de contar histórias, talvez seja um dos ofícios mais antigos do mundo, não há registro oficial de quando e onde ela apareceu, o que se sabe apenas é que antecede a linguagem escrita. Acredito que ela surgiu da necessidade que o homem tinha de perpetuar para as próximas gerações o seu cotidiano e fatos importantes da sua vida e história, e isso, na época, não era feito apenas com as palavras, mas também com desenhos e gestos. Creio que pensando nisso o escritor chileno Hernán Rivera Letelier, nos brinda com uma obra única, singular e comovente: "A Contadora de Filmes".
Toda a trama se desenvolve no deserto do Atacama, Chile, e conta a história de Maria Margarida, a caçula de cinco irmãos, que além de protagonista, é também a narradora dos fatos.
A saga de Maria Margarida, como contadora de filmes, tem início quando o pai, já não tendo mais condições de mandar todos os filhos ao cinema de uma vez, resolve fazer um concurso entre eles. Manda um por vez assistir a um determinado filme, e ao voltar, contá-lo para toda a família, aquele que contasse melhor, se tornaria o contador oficial da casa. Maria Margarida ganha a competição. A sua forma de contar os filmes é tão envolvente, emocionante e dramática, que em pouco tempo torna-se a melhor contadora do seu povoado. Sua fama corre junto com o vento, pessoas de outros lugares começam a vir até sua casa para vê-la contar os filmes. Aproveitando-se desta oportunidade, ela começa a cobrar pelas sessões, e investe parte deste dinheiro no "negócio", caracterizando o ambiente e a si mesma de acordo com o filme a ser narrado. O empreendimento ia tão bem que a nossa Contadora, começa a atender em domicílio, geralmente seus contratantes eram pessoas velhas e doentes que tinham dificuldade de ir ao cinema.
As coisas estavam indo bem para Maria Margarida, no entanto, uma série de acontecimentos (que eu não vou contar, senão tira a graça) fez com que sua vida virasse de pernas para o ar. A partir desta combinação de fatos sua família se desintegra, cada um vai para o seu lado e Maria Margarida se vê sozinha no mundo, tornando-se presa fácil de galanteadores inescrupulosos. Neste ponto, a narrativa ganha um ar extremamente emocional e dramático, leitores mais sensíveis, talvez até derramem algumas lágrimas.
Apesar de todo sofrimento, nossa Contadora mostra uma maturidade incomum para meninas da sua idade, enfrenta todos os problemas e obstáculos da sua vida com muita coragem e até uma certa altivez. No final vocês vão entender o porquê desta altivez.
"A Contadora de Filmes", é, além de tudo, um livro revelador, pois nos mostra os conflitos entre realidade e imaginação; adolescência e vida adulta; simplicidade e tecnologia; passado e futuro. O livro é fácil de ler, tem apenas 106 páginas, divididas em pequenos capítulos, que podem ser devoradas em apenas 1h de leitura ininterrupta. A diagramação do livro é um charme a parte, lembra uma película de cinema, parabéns para quem teve a ideia.
Independente de você ter lido o livro ou não, deixe um comentário compartilhando suas impressões e opinião conosco.
Um abraço e boas leituras!!!
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