A contadora de filmes

A contadora de filmes Hernán Rivera Letelier




Resenhas - A Contadora de Filmes


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Kimberly F. 30/08/2016

Leitura diferente
O que me chamou a atenção logo de cara foi, com certeza, o título. Imaginei algo como "A menina que roubava livros", e a doçura da escrita é até um pouco parecida mesmo. É uma narrativa agradável e bem curta, li em um dia. O cenário é bastante marcante, e esse livro te faz realmente construir todo o ambiente na cabeça.
Achei a sequência de fatos meio atropelada, mas nada que dificulte a compreensão. A estória é bonita, mas o final é um pouco triste. Me deu a sensação de que não acabou no fim. Recomendo para quem gosta de uma escrita bem ambientada, simples, de fácil compreensão e com um toque de melancolia e poesia.
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Jacqueline 26/08/2014

Definitivamente, mais do que a história mais vale a forma de contá-la
Sensível, inteligente e bonito.
O mote do livro não é original e já foi explorado em filmes como Cinema Paradiso e Cinemas, aspirinas e urubus - o cinema como escape, como lugar de sonho, de outras possibilidades, contrastando com a vida árida e entediante de um lugarejo distante de tudo -, mas é inesgotável e merece ser sempre visitado. E a forma como o faz Letelier é sensível e genial: mistura literatura, cinema e contação de histórias. Os dois últimos estão presentes na mistura temática que constitui a própria trama e a primeira concretiza-se na amarração dos fatos no acontecimento livro. Acrescente-se a isso um tanto de teatro presente na dramaticidade conferida às cenas de contação de história e nos adereços que acompanham a interpretação. A brincadeira com as linguagens é multidirecional e algumas passagens do livro parecem mais cenas de um filme.
Caçula de uma família de 5 filhos (quatro homens e uma mulher), Maria Margarita vence a disputa que lhe confere o direito de ir ao cinema (embora não se aplique à história do livro, até porque a TV chegaria só em seu final, meu olhar pequeno burguês pôde, enfim, perceber a função econômica de um vídeo cassete – para uma ou duas pessoas, dá quase na mesma ir ao cinema ou assistir a um vídeo, mas para uma família de 6 pessoas que vive com o dinheiro contado, decididamente não). Já que só um iria ao cinema e aos demais caberia apenas o direito de assistir à contação da história mais tarde, nada melhor do que o escolhido ser quem conte melhor a história. Maria Margaria vence a disputa, um tanto em função de méritos seus e muito em função dos deméritos dos outros – um irmão era gago, outro, embora tenha colocado todos diante das cenas narradas, excedia-se em terminologias estranhas a história e introduziu muitas “babaquices” e “cagadas” em seu relato e um outro deu o azar de ter assistido o Velho e o Mar, um filme quase mudo. A disputa propriamente dita se deu então entre dois.
A partir do lugar conquistado, acompanhamos o crescimento de uma criança em paralelo com o desenvolver de uma contadora de filmes, que tem como cenário uma cidade no deserto do Atacama no Chile que sobrevive em torno das minas, ofício que condenou o pai da protagonista a uma cadeira de rodas.
Não deixa também de ser um livro sobre a condição da mulher em cenários tão longínquos e desfavoráveis como esse.
A chegada da TV e o golpe de estado de Pinochet interferem sobremaneira no curso dos acontecimentos, levando a um final, sem dúvida nenhuma, cinematográfico.
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N.Barbosa 23/11/2016

Apaixonados e traumatizados por histórias!
E se subitamente fossemos impedidos de contar histórias e sonhar? Séculos atrás, Shakespeare afirmava que “somos feitos da mesma matéria dos sonhos”. A capacidade de fugir da realidade e de nos envolvermos em um universo paralelo deixa a existência mais interessante. Daí, o homem cria a arte, pois, “a existência não nos basta”, diria Ferreira Gullar. E é num deserto, privada da convivência da mãe e criada com costumes masculinos que Maria Margarita se encantaria com o cinema e toda a realidade cinematográfica. Eram estrelas a brilhar, histórias que ela mesma trazia para seu próprio mundo e viagens inimagináveis para lugares onde sonhava estar. Em uma mina de salitre, no deserto do Chile, uma pequena vila descobre o talento de uma menina de onze anos de dar um significado colorido para um vida carregada de tons escuros.
De família pobre, o pai faz com que a família vá ao cinema e em seguida volte a casa para contar aos irmãos e ao próprio pai tudo aquilo que havia acompanhado. Com o tempo, vizinhos e amigos passam não somente a acompanhar as histórias contadas por Maria como também fazem doações.
A menina se reinventa enquanto conta sobre os filmes. No pequeno espaço destinado à função na humilde casa onde moram, Maria de fato vive cada sensação experimentada pelos atores ao interpretarem determinado personagem. No entanto, a aridez do destino faria com que aquele romance encantado fosse substituído por enredo de uma tragédia grega moderna.

Os contornos de Hernán Rivera Letelier na narrativa conduzem o leitor a um mundo de memórias fabuloso. Uma linguagem simples, porém rica em detalhes e na combinação entre a realidade nua e o reino fértil dos sonhos. O equilíbrio entre os mundos e por fim o desfecho arrasador. Achei a obra incrível. Leitura altamente recomendada.
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Talita. 02/12/2016

Pensei que seria, mas não era:
o livro começou instigante, prendendo a gente com uma escrita fluida e mágica. Pensei que pra variar, seria um livro feliz e se não feliz, um tanto mais leve do que foi. Ledo engano. Ele terminou tão triste que senti e necessidade de escrever antes mesmo de pregar o olho e dormir.
Real? Sim! Trata sobre abandono, diferenças sociais, pobreza, a transição do cinema para a televisão e o surgimento das novas tecnologias (ponto interessantíssimo tratado no livro e acredito eu o mais importante) e seu impacto num povoado de pessoas extremamente pobres nos anos 50 no deserto do Atacama, sem divertimento algum. Fala-se também sobre abuso, esquecimento, infância perdida e laços rompidos pelo tempo e pelas más escolhas.
Adoro cinema, então me encantou a maneira como a protagonista narrava como se sentia enquanto via algum filme. Como se sentia vendo a luz da projeção, se sentando na primeira fileira, ficando alheia a conversas e barulhos para prestar atenção apenas ao filme. Me peguei fascinada por ela, por seu jeito simples e simpatia, mas o autor decidiu dilacerar nosso coração pondo Maria Margarita ou Fada Docine (seu nome artístico) num destino tão impiedoso, sendo moldado por mãos de pessoas que não mereciam sua doçura, tão pouco sua criatividade e principalmente vontade de ver a vida de uma maneira mais bonita.
Por isso as 4 estrelas.
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Jansen 05/05/2015

Muito bom. Uma história singela que mostra o nível de pobreza que pode existir num país. No caso o Chile, antes de Pinochet. O título já conta parte do filme. O interessante é que não há nenhum artifício para tornar o enredo emocionante e dinâmico. É uma história crua, como é comum acontecer e raramente vira livro.
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Jhow 24/05/2019

Quebrando os clichês
Esse livro foi difícil ler. Causa um certo mal estar e decepção, ver os rumos que a história toma. A proposta aqui é acabar com o "felizes para sempre" e nos fazer refletir um pouco sobre a realidade do mundo. A maneira obscura que o autor relata o percurso da história, da um tom de suspense e de drama à história, quando tu pensa que as coisas vão melhorar, bem, elas não melhoram kkkk Porém, é uma ótima leitura pra nos fazer refletir sobre a realidade do mundo em que vivemos, e pensar que em algum lugar, alguém pode estar passando pela mesma coisa que a personagem principal.
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@dropsdeleitura 02/02/2019

Curto e cruel
Primeiro livro finalizado em fevereiro. Livrinho desses, bem sorrateiro, com a maior cara de fofinho... mas que se revela uma boa rasteira. Cansada de sofrer com essas histórias, viu?

No Atacama, região desértica do Chile, uma família muito pobre encontra uma maneira de aproveitar a única diversão que a cidade oferece: o cinema. A filha mais nova é encarregada da missão de ver o filme e, depois, contar a história para a família, com o máximo de detalhes e muita dedicação. .

Maria Margarita, a menininha talentosa que se descobre uma grande contadora de histórias, é quem vai narrando, para o leitor desavisado, as tramas que entrelaçam a sua trajetória de vida com a da sua família e a do seu país.

Uma história triste, simples.. mas que fica muito longe de ser simplória. Um livro curto e interessante, que dá a sensação curiosa de estar, de fato, vendo um filme.
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Cláudia 09/02/2017

O Inusitado e Suas Peculiaridades!
Preciso confessar: comprei esse livro imaginando uma coisa e foi outra BEM diferente!
"A Contadora de Filmes", de Hernán Rivera Letelier, Editora Cosac Naify, digamos que foi uma agradável surpresa.
Quando comprei o livro - eu, cinéfila de carteirinha! Graduada e apaixonada! - achei que ia encontrar na história, sugestões, histórias, curiosidades e afins, mas não! Encontrei muito mais que isso, encontrei uma linda história de uma "verdadeira" contadora de filmes, mas o "filme" foi o menos importante aí.
Não comece a leitura achando que você, como eu, encontrará sugestões de grandes filmes, roteiros da sétima arte, história de grandes diretores e suas peculiaridades, não. Se for por esse caminho será sua maior decepção. O caminho é outro, mas vale tão a pena quanto!
Pensei numa coisa, comprei, e acabei encontrando outra. Talvez, melhor. Pelo inusitado.
Gosto muito de ser surpreendida. O tempo todo! Para tudo! Confesso que fui...
Para Borges, a missão de um escritor era dar nome ao que ainda não havia sido nomeado. Muitos escritores cumpriram essa tarefa, em diferentes latitudes. Guimarães Rosa, incorporando o não dito do sertão mineiro. Machado de Assis, revelando o Rio antigo. Kafka, uma Praga fantástica. Joyce, os meandros de Dublin e o além-mar. Faulkner, a cidade que ele inventou no Mississipi. Cormac McCarthy, a fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Outros mesclaram esse desejo de desvendamento com a atração que o cinema lhes suscitava. É o caso de escritores cinéfilos como Raymond Chandler, Manuel Puig, Rubem Fonseca ou Paul Auster. Para esses, capturar as sombras e o pulsar de Los Angeles, Buenos Aires, Rio de Janeiro ou Nova York passa a ser tão premente quanto identificar os reflexos - o negativo - dessas mesmas cidades. É no chiaroscuros dos labirintos de becos e ruas, mas também das narrativas cinematográficas, que seus personagens evoluem e se perdem.
Hernán Rivera Letelier é, como esses autores, um escritor que construiu uma obra única e singular. O escritor dá nome aos povoados que se desenvolveram no deserto chileno do Atacama, ao lado das indústrias de salitre. Povoados de mineiros, de quem ele fala com raro conhecimento de causa. Filho de mineiros, viveu dessa profissão antes de virar escritor.
O cinema também está no centro de suas histórias. Em muitas dessas comunidades do Atacama, conhecido como "o deserto mais solitário do mundo", os filmes que passavam nas salas da cidade eram a única maneira de mergulhar em outras realidades, distantes da aridez asfixiante do deserto.
"A Contadora de Filmes" é um relato comovente, que fala dessa convivência entre uma realidade áspera e a possibilidade de transcendê-la. Final dos anos 50: Maria Margarita é a filha menor de uma família de mineiros, para quem a sessão de cinema aos domingos é a ocasião para descobrir a última obra-prima de Chaplin, as tramas lacrimejantes dos filmes mexicanos, a saia esvoaçante de Marilyn Monroe ou as novas aventuras de John Wayne. É, também, o lugar onde as pessoas se encontram para namorar, mostrar a camisa recém comprada, trocar informações sobre a vida que corre. É a conversa do jantar, o contato com o mundo.
O acidente de trabalho sofrido pelo pai corta a renda familiar pela metade, e um só filho será escolhido para ir ao cinema aos domingos. A missão: contar a história do filme para o resto da família. É nesse momento de ruptura que Maria Margarita descobre o talento que tem para narrar. Ela se torna, pouco a pouco, a memória cinematográfica de sua região.
Além desse embate fascinante entre a realidade e imaginação, "A Contadora de Filmes" é um relato delicado sobre a descoberta da puberdade e as agruras da adolescência. É, também, uma narrativa reveladora sobre a tensão entre classes sociais, sobre o abuso do poder e a violência que resulta da convivência de contrários no mesmo espaço geográfico.
Quando a narrativa avança no tempo, passando a incorporar as mudanças resultantes da televisão e introduzindo o trauma político causado pelo golpe militar de Pinochet, a crise dos personagens e a do país se fundem. O relato se universaliza. Compreende-se que, mesmo num canto remoto do mundo, nada mais será como antes. O tempo passa a ser personagem da trama. Advém daí a sensação de que, ao ler o livro, compartilhamos uma vivência maior, de um relato amplo e fecundo, que transcende a aparente simplicidade do texto e da sua arquitetura. Porque dar nome ao que ainda não foi nomeado é também tentar descobrir o que somos, que memórias nos habitam, que ausências nos formam.
A obra de Letelier propicia também uma forma de resistência. Com a mecanização, as cidades surgidas no Atacama se transformaram pouco a pouco em cidades fantasmas. As histórias do autor repovoam essas cidades, dão-lhes uma possibilidade de permanência, estabelecem uma memória coletiva que resiste ao tempo.
Não se trata propriamente de um livro sobre filmes, mas de histórias que poderiam ser sim, uma sétima arte!...
É isso, então!
Fica a dica.

site: http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com.br/2016/09/o-inusitado-e-suas-peculiaridades_14.html
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