Comunidade

Comunidade Zygmunt Bauman




Resenhas - Comunidade


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Tenebra 05/02/2024

O prazer de ler Bauman
Ainda bem que fui obrigada a ler esse livro para realizar um seminário. Meu tema (escolhido por mim) foi um capítulo sobre a guetificação (cap 8), mas não resisti e comecei a ler o livro por inteiro, e ainda bem que fiz essa escolha.
Algumas vezes certas coisas aparecem na nossa vida e então refletimos; "imagine se eu não tivesse sido exposta a isso, que desperdício não teria sido?" Ou até mesmo o contrário, ou seja, que tenha sido algo ruim; "e se eu não tivesse feito ou falado, ido.... enfim minha vida estaria melhor de alguma forma". Mas neste caso foi a primeira indagação que me fiz ao terminar de ler. De qualquer forma só tenho a agradecer por ter tido o privilégio de me deparar na matéria de Fundamentos Sociais e Filosóficos com a grandessíssima Prof.ª Dr.ª Denise Andrade de Freitas Martins, uma das minhas inspirações que por sorte (já que eu não acredito em destino nem em milagres) apareceu na minha vida e me "obrigou" a ler o livro.
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Sergio 16/02/2015

Segurança vs. Liberdade
Bauman é um marxista, e como todo marxista, parte de algumas premissas bastante questionáveis aos olhos dos que não são adeptos do posicionamento ideológico em questão. Porém, mesmo aos que eventualmente tenham problemas com essa linha argumentativa, de maneira geral eu acredito que Bauman é um autor que vale muito a pena ler por ser um teórico bastante honesto em suas colocações, nas quais mesmo eventualmente discordando da abordagem, sempre podemos tirar alguma coisa interessante.

O livro faz várias análises sobre a sociedade contemporânea que remetem ao que eu acredito ser a principal tese das obras do autor, a "modernidade líquida", passando por análises de alinhamento ideológico bastante à esquerda do espectro político sobre o desenvolvimento da sociedade burguesa desde a revolução industrial até aqui, para embasar a tese central do livro de "comunidade" como local de segurança, de pertencimento e acolhimento, em contraponto obrigatório ao conceito de individualidade (o que pode ser entendido tanto como "liberdade individual" como quanto "individualismo").

Esse é o principal ponto do livro: existe uma impossibilidade conceitual de convergência entre segurança (enquanto sociedade 'comunitária') e liberdade (enquanto 'liberdades individuais de escolha'), uma vez que o próprio conceito de comunidade requer um comportamento coletivista que não é condizente com a liberdade individual, ou ainda: a comunidade tem o comportamento coletivo como ponto de partida, não de chegada, e a partir do momento que os indivíduos têm autonomia, eles já não fazem mais parte de uma comunidade, porque a partir do momento que eles podem fazer escolhas, eles não têm mais um comportamento coletivo.

A tese é interessante mesmo aos não-marxistas (que, óbvio, têm que ter em mente que estão lendo um autor à esquerda) justamente porque coloca na pauta da discussão da estruturação da sociedade esse contraponto. A "volatilidade" do que o autor chama de "modernidade líquida" está justamente nesse caráter de incerteza, fruto do desenvolvimento do ideário capitalista. Não existe (ou, não deveria existir) mais um projeto de sociedade final, apenas existe o processo de formação constante da sociedade.

O livro ainda faz uma pequena crítica - quase um comentário com ressalvas - ao pensamento multiculturalista, apontando outro conflito conceitual presente em discussões com divergências bastante significativas inclusive em meios dominados por adeptos do mesmo posicionamento ideológico: se de um lado o multiculturalismo visa respeitar as diferenças culturais, de outro, ele é conivente com injustiças. Entretanto, se de um lado alguém se coloca como bem intencionado no combate às injustiças, de outro, essa pessoa passa a afirmar sua cultura (e, no limite, sua visão de mundo) de maneira autoritária sobre as demais.

Em suma, o livro tem o papel de apresentar enroscos conceituais e contrapontos de projetos - em aberto - de sociedade. Se os argumentos explorados pelo autor com certeza não vão agradar os menos adeptos do pensamento de esquerda pela crítica ao comportamento herdado do projeto "burguês" de sociedade individualista, não deixa de ser relevante pelos contrapontos apresentados. Em contrapartida, se os argumentos vão certamente agradar os adeptos do pensamento de esquerda mais incautos, aos mais atentos também será uma forte fonte de crítica ao caráter autoritário da visão de mundo de projetos de sociedade coletivista.
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F. 21/04/2013

Ler Zygmunt Bauman para mim é uma verdadeira biblioterapia ;-) .
Zygmunt Bauman fala que a sociedade atual sempre busca na comunidade abrigo, compreensão e principalmente segurança que o sistema político atual não proporciona propositalmente pelo fato de ter receio que a comunidade de trabalhadores e cidadãos de uma forma geral reivindiquem a ordem das coisas.

Segundo o autor, não podemos ter liberdade e segurança ao mesmo tempo na comunidade, nem ao menos um pouco dos dois, portanto, ou temos segurança, ou temos liberdade na comunidade.

Mesmo os indivíduos não tendo segurança e liberdade na comunidade a vida é ruim por isso.

O motivo de diversas pessoas buscarem segurança e liberdade na comunidade é que o sistema político que estamos vivendo proporciona instabilidade em toda a nossa vida e nós queremos na comunidade abrigo, compreensão aos nossos erros, liberdade e segurança.

Alimentamos a esperança de que na comunidade resolveremos problemas de cunho individual e por causa disso nos equivocamos que conseguiremos resolvê-los lá.

Zygmunt Bauman deixa claro que a comunidade está longe ser um lugar calmo como nós pensamos, sendo a comunidade um lugar de constante tensão.

Por mais que as pessoas saibam que nunca vão ter liberdade e segurança ao mesmo tempo na comunidade nesse sistema político atual, mesmo assim elas ainda mantém a esperança que um dia vão encontrar a comunidade dos sonhos com segurança juntamente com liberdade.

No final do livro Zygmunt Bauman fala sobre os guetos dos EUA, os moradores dos guetos lá sofrem exclusão social devido a dois motivos, a saber, por serem afro-descendentes e pobres economicamente.

Os moradores dos guetos são pessoas que o mercado de trabalho não quer nem ao menos como reserva, pois para o sistema político e financeiro, os guetos são como depósitos de indivíduos.

Quando uma parcela dos moradores saem dos guetos vão para a prisão e vive-versa, o gueto é como se fosse uma verdadeira prisão em que pessoa alguma pode sair daquele lugar, aliás a prisão e o gueto se assemelham por causa dessa característica.

Nos próprios guetos existem tensões entre os moradores e é proposital do sistema político e financeiro para que enquanto aqueles moradores brigam entre si, não brigam com a causa das vidas deles serem daquela forma, por isso, o gueto definitivamente não é uma comunidade de respeito mútuo.

Espero ter feito um belo convite para vocês lerem esse livro do Zygmunt Bauman ;-) .

Obs.: Se tiver algum erro na minha resenha de cunho gramatical ou de compreensão textual, por favor, me avisem, pois vai ser um prazer corrigir a minha resenha para vocês ;-) .

Rodrigues 14/03/2022minha estante
Adorei a sua resenha sobre comunidade de Bauman.


Rodrigues 14/03/2022minha estante
Uma rica e ampliada colocação sobre este obra maravilha, porém bem complexa e reflexiva. Que nos remete a compreensão do que seja comunidade na perspectiva do autor e de como deveríamos ter.




Pseudokane3 09/11/2010

Obviedade? Pode até ser, porém mui válido enquanto compilação sociológica!
Até então, nunca tinha conseguido ler um livro do teórico polonês Zygmunt Bauman na íntegra. Por mais que eu ache seus pareceres sobre capitalismo e pós-modernismo muito divertidos e coerentes, tem algo em seu estilo que eu não gosto. Acho-o oportunista, direcionado para um caminho temático do qual eu discordo, não sei explicar... Questão de interação entre autor e receptor, talvez, visto que, não por coincidência, um eventual detrator utilizou um texto dele para me atacar como “estrela” num polêmico debate de idéias sobre a incompreensão do pensamento crítico pasoliniano nas posturas imediatistas da esquerda universitária hodierna. Talvez seja por isso que eu me dê muito melhor com a acidez mais firme o britânico Fredric Jameson...

Divergências teóricas à parte, servi-me de dois livros curtos do Zygmunt Bauman para esboçar um trabalho acadêmico sobre “tribos urbanas” para uma disciplina prática de Jornalismo. E este livro me foi deveras útil nesta empreitada. Óbvio, precipitado, nem sempre funcional em sua tentativa de manter o interesse ativo do leitor "iniciado" em matéria de pós-modernismo, mas ÚTIL mesmo assim!

Ouso recomendar timidamente, portanto!

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